Filosofia Analítica

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Filosofia Analítica

A Filosofia Analítica é um movimento filosófico, originado no século XX, que se baseia no conceito de que a Filosofia deve utilizar técnicas lógicas para obter clareza conceitual e que deve ser consistente com o sucesso da Ciência Moderna. Para muitos filósofos analíticos, a linguagem é a ferramenta principal e a Filosofia consiste no esclarecimento de como se deve utilizá-la.

Durante os anos 1910-1930, filósofos analíticos, como Russell e Wittgenstein, se empenharam em criar uma linguagem ideal para a análise filosófica, que seria destituída das ambiguidades da linguagem comum. Os filósofos analíticos acreditavam que tais ambiguidades frequentemente prejudicavam a Filosofia.

Bertrand Russell


Bertrand Russell

Bertrand Russell (1872-1970) foi um filósofo, matemático e historiador britânico. Ele foi um dos principais filósofos do século XX.  Foi um escritor famoso que incentivava a paz e que escreveu sobre assuntos sociais, políticos e morais. Ele recebeu o Prêmio Nobel de Literatura em 1950.

Russell não concordava com o Idealismo de Hegel. Ele e outros filósofos analíticos buscaram eliminar as afirmações filosóficos que julgavam ser insensatas ou incoerentes. Eles buscavam clareza e precisão em seus argumentos ao utilizar linguagem precisa e ao quebrar proposições filosóficas em seus componentes gramaticais mais simples. Russell, em particular, considerava que a Lógica Formal e as Ciências eram as principais ferramentas do filósofo. Ele desejava pôr fim aos excessos da Metafísica.

Principia Matematica é um dos trabalhos fundamentais da Lógica Matemática. Russell escreveu a obra, ao longo de 10 anos, em colaboração com o matemático Alfred North Whitehead.

O objetivo de Principia Matematicaera defender a tese de que a Matemática pode ser reduzida à Lógica. Russell acreditava que o conhecimento lógico era superior aos outros tipos de conhecimentos. Ele argumentava que se soubéssemos que a Matemática é derivada puramente da Lógica, poderíamos ter mais certeza de que esse campo de conhecimento é verdadeiro. 

Atomismo lógico

A teoria de Atomismo lógico é uma ferramenta fundamental do método filosófico de Russell. O Atomismo lógico afirma que, por meio de análise rigorosa e precisa, a linguagem, assim como a matéria física, pode ser quebrada em partes menores. Quando uma frase não pode mais ser quebrada, restam seus “átomos lógicos”. Ao analisar os átomos de uma afirmação, expomos suas assunções e podemos julgar melhor sua verdade ou validade.

A Teoria das Descrições

A Teoria de Descrições foi a contribuição mais significativa de Russell à Teoria Linguística. Russell acreditava que a linguagem do dia a dia é imprecisa e ambígua demais para representar a verdade: era necessária uma linguagem mais pura e rigorosa para livrar a Filosofia de seus erros e assunções. Tal linguagem formal e idealizada seria baseada na Matemática Lógica e se assemelharia a uma série de equações matemáticas.

Russell também dividiu o conhecimento humano em conhecimento por familiaridade e conhecimento por descrição. O filósofo argumentava que conhecer algo significa ter conhecimento direto e imediato, sem que haja interferência de um intermediário. Conhecimento por descrição requer que façamos inferências, baseadas em conhecimentos gerais sobre fatos e em nosso conhecimento sobre objetos similares. Por exemplo, a maioria de nós sabe apenas por meio de descrição que o Everest é a montanha mais alta do mundo. Poucas pessoas já visitaram o Everest. Portanto, dependem do relato de outros para “saber” tal fato. Para ter conhecimento por familiaridade da altura do Everest, seria necessário visitar e medir a montanha. Para ter conhecimento por familiaridade que o Everest é a montanha mais alta do mundo, seria necessário visitar e medir todas as montanhas do mundo.  Pode-se afirmar, portanto, que ninguém tem conhecimento por familiaridade de tal fato. Se não houvesse conhecimento por descrição, nosso conhecimento a respeito de tudo estaria limitado às nossas experiências pessoais.

Russell ensinava que conhecimento por familiaridade e por descrição operam juntos para criar a totalidade do conhecimento humano.

Ludwig Wittgenstein


Ludwig Josef Johann Wittgenstein

O austríaco Ludwig Josef Johann Wittgenstein (1889-1951) é considerado um dos maiores, se não o maior, filósofo do século XX.

As maiores contribuições de Wittgenstein foram nos campos da Lógica, Epistemologia, Filosofia da Mente, Filosofia da Linguagem e Filosofia da Matemática. Sua influência não se limitou à Filosofia: impactou a Terapia Social, a Psicologia, a Psicoterapia, a Antropologia e as Artes.

Wittgentein insistia que não há nada de errado com a linguagem do dia a dia, mas ele também identificou o mau uso da linguagem como fonte de muita confusão filosófica. Segundo esse filósofo, a linguagem serve para facilitar a comunicação entre as pessoas. Os filósofos cometem o erro de abstrair a linguagem de seus contextos mundanos para compreender a essência das coisas.

Wittgenstein busca clareza na Filosofia, evitando-se temas metafísicos. Wittgenstein afirmava que "tudo que pode ser pensado pode ser enunciado".  Para ele, “tudo o que pode em geral ser pensado, pode ser pensado claramente” e "nada pode ser dito sobre algo, como Deus, que não podia ser pensado direito". Wittgenstein afirmava também que “tudo que se pode enunciar, deve-se enunciar claramente ou não enunciar”.

Segundo Wittgenstein, o mundo consiste inteiramente de fatos. Os seres humanos apreendem os fatos por meio de representações mentais ou pensamentos. Tais pensamentos são expressados em proposições ou condições-verdades. Tudo que é verdadeiro – isto é, todos os fatos que constituem o mundo – podem ser expressados por meio de sentenças atômicas. Imaginemos uma lista que compreenda todas as sentenças verdadeiras. Estas representariam todos os fatos – e isso seria uma representação adequada do mundo como um todo.  

De acordo com Wittgenstein, uma linguagem propriamente lógica lida apenas com o que é verdadeiro. Julgamentos estéticos sobre o que é belo e julgamentos éticos sobre o que é bom não podem ser expressados por meio de linguagem lógica, pois transcendem o que a menta é capaz de visualizar. Não são fatos. O filósofo queria demonstrar o que pode e o que não pode ser expressado por meio da linguagem. Wittgenstein estabeleceu os limites da linguagem ao afirmar, “sobre o que não se pode falar, deve-se ficar calado”.

Ao final de sua vida, Wittgenstein passou a demonstrar insatisfação com algumas de suas teorias. Ele concluiu que exigiam precisão demais e que, portanto, eram muito restritas.

Sumário

- Bertrand Russell
i. Atomismo lógico
ii. A Teoria das Descrições
- Ludwig Wittgenstein

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