Dissertação - a estrutura dos parágrafos

Impressionar é o papel fundamental do parágrafo introdutório da dissertação. Dependendo dessa capacidade do redator, há grande possibilidade de que o leitor se interesse pela continuação da leitura. Porém, não basta impressionar; há a obrigação de apresentar bom conteúdo. Esse bom conteúdo depende da quantidade e qualidade de informação que detém o redator.

Muitas vezes o redator fica pensativo, sem saber como iniciar seu texto. Já ouvi muitos alunos:  - Não sei como começar! Ou então:  - Não estou inspirado! E outras evasivas mais.

Onde está a dificuldade? Por que não saber começar? Será necessidade de inspiração? Ou de dom para escrever? Nada disto! O que falta, geralmente são:

a) Falta de informação sobre o assunto solicitado. Ninguém dissertará, se desconhecer o assunto.

b) Falta de delimitação do tema. O redator tem mil ideias; porém, tudo de maneira caótica, desarranjada, desconexa e vária, por não estabelecer um tópico frasal.

c) Falta de técnicas que ajudam a preparar a introdução do texto.

Bem informado sobre a matéria de que tratará, o redator fará a escolha do tema: a delimitação do assunto e por esse processo, abandonará, das mil ideias, novecentos e noventa e nove! Haverá uma ideia pronta para ser trabalhada, decomposta em partes, organizada hierarquicamente, desenvolvida. Chama-se tópico frasal. Há tópico frasal explícito e implícito e a introdução pode trazer mais de um tópico frasal, desde que sejam eles desenvolvidos adiante.

É o trabalho com essa ideia selecionada e hierarquizada que produzirá outras ideias secundárias a ela vinculadas por processos sintáticos (coesão), formando o parágrafo.

A estrutura do parágrafo de introdução

O parágrafo de introdução é a porta de entrada do texto.

A finalidade do parágrafo introdutório é trazer ao leitor a informação daquilo que se pretende discutir, expor, comentar etc. Rigorosamente, não há regras para fazê-lo, há sugestões que, seguidas, nunca decepcionaram aos que se veem na contingência de redigir. Aproveitamos as sugestões trazidas pelo Professor Othon M. Garcia, em seu apreciado livro Comunicação em Prosa Moderna.

a) Alusão histórica: É a técnica de o redator valer-se de um fato histórico que servirá de caminho para o desenvolvimento de seu assunto. Excelente exemplo encontramos na obra  acima referida, o qual aqui transcrevemos:

"- Orando uma vez Demóstenes em Atenas sobre matérias de importância, e advertido de que o auditório estava pouco atento, introduziu com destreza o conto ou fábula de um caminhante que alquilara [alugara] um jumento e, para se defender no descampado da força da calma [calor], se assentara à sombra dele, e o almocreve (condutor ou proprietário de bestas de carga para aluguel) o demandara maior paga, alegando que lhe alugara a besta mas não a sombra dela."

Com base no fato histórico, o autor de Nova Floresta, Bernardes, passa a desenvolver o raciocínio que pretende desenvolver em seu texto.

b)  Omissão de dados identificadores: É possível abordar o assunto, deixando certo suspense no leitor por meio da omissão de dados esclarecedores. Mantém-se uma penumbra, um véu que só aos poucos se descortina.

"Momentos de tensão, correria e pânico. Na verdade, situação rotineira. O homem conhece coisas que ele mesmo não sabe, em dado momento, identificar. É próprio de sua natureza frágil, de sua constituição terrena. (...)"

c)   Interrogação: quando se usa esse expediente inicial, é impossível deixar que o texto omita a resposta ou o esclarecimento.

Vive em paz uma criança criada na cidade mais violenta do mundo? ... Leiamos o que ensina Othon Garcia sobre a introdução interrogativa:

"Como artifício de estilo, a interrogação inicial frequentemente camufla um tópico frasal por declaração ou por definição [...] Seu principal propósito é despertar a atenção e a curiosidade do leitor. (...)"

Há outras maneiras de se proceder ao parágrafo introdutório e não faltam livros didáticos que as apresentem mais (ou menos) detalhadas. Entretanto, já dissemos que não há uma regra específica e o estilo do redator determina a estrutura do parágrafo introdutório. Só uma coisa deve ser observada: o parágrafo de introdução dissertativa não discute o tema, não argumenta, não faz exposição teórica. Ele é a porta de entrada; não é o meio da casa nem os fundos do quintal!

A estrutura do parágrafo de desenvolvimento 

A dissertação escolar - pedida em provas, vestibulares e mesmo em concursos públicos - geralmente, é argumentativa. A dissertação expositiva é mais usada nos trabalhos universitários, nas defesas de tese de mestrado ou doutorado; bem como nas monografias solicitadas em conclusão de cursos de graduação. Trataremos agora do parágrafo argumentativo. Como elaborá-lo?

A rigor, cada parágrafo, como unidade da prosa dissertativa, é um minitexto, pois encerra um processo introdutório e, no mínimo, um desenvolvimento. Pode até apresentar uma conclusão do próprio parágrafo.

As ideias expostas ou discutidas no parágrafo de desenvolvimento encadeiam-se por meio de processos sintáticos: coordenação e/ou subordinação de orações. O desenvolvimento deve manter íntima relação com a proposta da introdução. Assim, se a introdução interrogar, o desenvolvimento proporá uma resposta. Veja-se o exemplo seguinte:

Parágrafo de introdução interrogativa:

"Tais são as agruras da vida moderna, tantas são as desilusões e apreensões que o homem chega a perguntar se vale a pena viver."

Parágrafo de desenvolvimento:

"Evidentemente vale a pena viver, uma vez que nem só de desconforto é feita a vida..."

Há outras possibilidades de desenvolvimento. Vejam-se estes:

a) Por refutação ou oposição: Ocorre quando são discutidos valores preestabelecidos, tidos como tabu, aceitos por boa parcela da sociedade, como, por exemplo, a questão da indissolubilidade do casamento. Trata-se de assunto questionável, passível de refutação. Neste caso, há necessidade de argumentos sérios, seguros e persuasivos. Haverá predominância das estruturas adversativas e das concessivas.

b) Por relação de causa e consequência: Neste caso, o redator deve estabelecer processos que expressem resultados de decisões, de atitudes. Predomina o processo de subordinação, com uso de conjunções subordinativas causais, consecutivas ou de orações adverbiais reduzidas.

c) Por relação comparativa: Trata de explorar relação de semelhança ou de analogia entre processos distintos, a fim de consagrar o ponto de vista do redator.

A seguir, trouxemos-lhe um texto, pois consideramos que a observação é a melhor forma de aprender. Observe-o, para distinguir os processos utilizados no desenvolvimento.

É PROIBIDO CRESCER

   A primeira decisão prática do governo para enfrentar a crise energética significa, pura e simplesmente, que parte substancial do Brasil está proibida de crescer. Isso porque está proibido investir em qualquer empreendimento que demande energia elétrica. Tudo indica que se trata do primeiro ato de uma tragédia econômica (e, por extensão, social) de dimensões ainda desconhecidas.
   Investimentos suspensos fazem cessar a criação de novos postos de trabalho. Como a População Economicamente Ativa está em expansão - ou seja, a cada mês entra no mercado de trabalho um contingente maior do que sai -, é inevitável o aumento do desemprego. Sem mencionar que o fato de que a desaceleração econômica é, ela própria, um elemento inibidor do emprego ou, pior, gerador de desemprego.
   Parece também inevitável uma segunda consequência direta da proibição de investir: a deterioração das contas externas, que era a maior vulnerabilidade da economia brasileira antes de instalada a crise energética. Desde o início de 1999, o déficit nas transações comerciais e de serviços vem sendo coberto majoritariamente pela entrada de capitais estrangeiros aplicados no setor produtivo. Por que continuariam a vir capitais para um país que está proibido, pelo menos momentaneamente, de utilizá-los para fins produtivos?
   É inescapável atribuir a culpa pela crise, em grande medida, ao governo, por falta de coordenação, por imprevidência, por desídia ou pelo que seja. É importante que as culpas sejam discutidas não porque isso traga a luz que faltará em ruas, casos e fábricas, mas porque sem ela o país se arrisca a repetir os erros cometidos.
   É preciso reexaminar a visão estreita de ajuste fiscal que desembocou na crise, é preciso alterar pontos do acordo com o Fundo Monetário Internacional que consideram investimentos de estatais como despesa corrente, é preciso rediscutir as metas de inflação para um ano atípico, é preciso rediscutir igualmente as privatizações no setor energético. É hora de superar o modo trevoso como vem sendo tratado o planejamento estratégico no governo federal.

(Folha de S. Paulo, 18.05.2001)

No texto lido, o segundo, terceiro e quarto parágrafos estruturam-se através das relações causa consequência, o que conduz ao parágrafo conclusivo, apontando para possíveis soluções para a questão levantada na introdução.

A estrutura do parágrafo de conclusão

A conclusão, no texto dissertativo, mostra a qualidade do raciocínio do redator, pois reflete o resultado de uma linha de pensamento baseado na lógica. É o ponto de chegada já previsto por quem elaborou o texto. Quais as formas possíveis de conclusão? Vejamos duas:

a) Síntese: Ocorre quando o redator retoma os dados que desenvolveu no corpo do texto, como que a relembrar o leitor da importância dos pontos discutidos ou apresentados a fim de chegar a um resultado final.

b) Retomada da tese: Não se confunde com a síntese: esta reúne os dados fundamentais do desenvolvimento; esta, a proposta constante no tópico frasal introdutivo. Serve para ratificar a ideia central. Deve, neste caso, ser observada a pertinência entre a introdução e a conclusão.

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