Modernismo no Brasil

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Modernismo no Brasil

O Modernismo no Brasil se iniciou na primeira metade do século XX. O marco oficial do Modernismo no Brasil foi a Semana de Arte Moderna de 1922.

1. Contexto histórico

O contexto histórico do Primeiro Tempo Modernista no Brasil é marcado por importantes fatores, entre os quais:

  • industrialização - consequências - sociedade mais complexa:
    • marginalização dos antigos escravos;
    • formação de uma pequena classe média;
    • surgimento do proletariado e do subproletariado, constituídos, principalmente, de mão de obra estrangeira;
    • 1917 - aumento da agitação política entre o operariado - greve geral em São Paulo;
  • década de 20 - abalos na organização social e política da República Velha:
    • declínio das oligarquias rurais;
  • tenentismo - desdobramentos políticos durante toda a década de 20:
    • 1922 - Revolta Tenentista do Forte de Copacabana;
    • 1924 - revolução na cidade de São Paulo;
    • 1925-1927 - Coluna Prestes - Luís Carlos Prestes;
    • 1929 - "crack" da bolsa de Nova Iorque - diminuição das importações americanas do café brasileiro - queda de mais de 30% no preço - "crise do café" - abalos na cafeicultura e nas indústrias afins;
    • 1930 - queda de Washington Luís e ascensão de Getúlio Vargas ao poder.

 

2. Antecedentes da Semana de Arte Moderna de 1922

  • 1912 - volta de Oswald de Andrade da Europa, trazendo a novidade do verso livre;
  • 1914 - exposição expressionista de Anita Malfatti, de volta da Europa;
  • 1917 - publicação de obras de estreia de alguns dos futuros participantes da Semana de Arte Moderna:
    • Há uma gota de sangue em cada poema, de Mário de Andrade, sob o pseudônimo de Mário Sobral;
    • A cinza das horas, de Manuel Bandeira;
    • Juca Mulato, de Menotti Del Picchia;
    • Nós, de Guilherme de Almeida.
  • 1917 - segunda exposição de Anita Malfatti - violenta reação de Monteiro Lobato: "Paranoia ou Mistificação?" - estopim para a Semana de Arte Moderna.

A Semana de Arte Moderna

A Semana de 22

A Semana de Arte Moderna aconteceu em São Paulo, nas noites de 13,15 e 17 de fevereiro de 1922, no Teatro Municipal. O teatro teve seu saguão aberto durante toda a semana, com exposição de artes plástica de obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret e outros. Na literatura, destacaram-se as participações de Mário de Andrade, Oswald de Andrade, Ronald de Carvalho, Graça Aranha, Guilherme de Almeida, Menotti Del Picchia, Paulo Prado; na música, Heitor Villa lobos, Guiomar Novaes. Foi uma verdadeira revolução artística que apresentou, entre outras, as seguintes propostas:

  • antiacademicismo, antitradicionalismo, antipassadismo;
  • dessacralização da obra de arte;
  • presença do humor; iconoclastia, irreverência;
  • liberdade de criação e expressão;
  • experimentalismo formal;
  • aproximação entre a língua escrita e a falada - incorporação do coloquialismo;
  • predomínio absoluto do verso livre;
  • absorção das vanguardas europeias, dos ISMOS.

Desdobramentos da Semana de Arte Moderna

  • 1922 - São Paulo - Klaxon, mensário de arte moderna - primeira revista - nove números;
  • 1924 - Verde-Amarelismo - Menotti Del Picchia, Plínio salgado, Guilherme de Almeida e Cassiano Ricardo:
    • visão conservadora e xenófoba;
    • defesa de um nacionalismo ufanista;
    • inspiração direitista.
  • 1924 - Manifesto Pau-Brasil - Oswald de Andrade:
    • revolta e irreverência contra a cultura acadêmica;
    • primeira poesia de exportação brasileira - poesia pau-brasil;
    • poesia primitivista, baseada em uma revisão crítica de nosso passado histórico e cultural;
    • aceitação e valorização das riquezas e contrastes da realidade e da cultura brasileira.
  • 1926 - Escola da Anta - desdobramento do Verde-Amarelismo - tupi e anta como símbolos da nacionalidade primitiva;
  • 1928 - Antropofagia - desdobramento do Pau-Brasil - Oswald de Andrade, Tarsila do Amaral e Raul Bopp - reação ao primitivismo xenófobo da Anta:
    • primitivismo crítico - devoração da cultura estrangeira, com aproveitamento de suas inovações artísticas, mas sem perda de nossa identidade cultural;
    • humor, alegria, paródias.

Mário de Andrade

Mário de Andrade

Mário de Andrade nasceu em São Paulo (1893) e aqui morreu em 1945. Estudou Música no Conservatório Musical de São Paulo, ao mesmo tempo em que cultivava imenso prazer pela leitura.

Em 1917, passa a sobreviver ministrando aulas particulares de piano e torna-se assíduo frequentador das rodas literárias; conhece Oswald de Andrade. É também o ano em que publica seu primeiro livro, Há uma gota de sangue em cada poema, sob o pseudônimo de Mário Sobral, com críticas à carnificina provocada pela Primeira Guerra Mundial e defesa da paz.

De cultura vasta, pesquisador criterioso, foi chamado de o "Papa do Modernismo", o mentor racional da Semana de Arte Moderna e é autor de importantíssimos ensaios de crítica literária, tanto sobre autores do passado como a respeito de seus contemporâneos.

Deu à sua obra o caráter de missão: colocou-a a serviço da construção da identidade nacional, da criação de uma língua e uma cultura brasileiras, mostrando compromisso com seu tempo e com o seu país. Apaixonado por São Paulo, sua cidade - "comoção de minha vida" -, empreendeu várias viagens pelo Brasil e chegou mesmo a mudar-se para o Rio de Janeiro, mas não pôde permanecer longe das "neblinas frias": em São Paulo morreu, aos cinquenta e um anos de idade.

  • Principais obras:
    • poesia:
      Pauliceia Desvairada;
      Losango Cáqui;
      Clã do Jabuti;
      Remate de Males;
      Lira paulistana.
    • contos:
      Primeiro Andar;
      Belazarte;
      Contos Novos.
    • romance:
      Amar, verbo intransitivo
    • rapsódia:
      Macunaíma, o herói sem nenhum caráter

Características de sua poesia

1a Fase:

  • espírito de demolição;
  • subversão dos temas tradicionais;
  • absorção dos "ISMOS";
  • o coloquial, o irônico, o piadístico;
  • inovações: elipses, simultaneísmos, , poesia-telegrama; o verso harmônico;
  • valorização do cotidiano;
  • o "Desvairismo";
  • obras: Pauliceia Desvairada e Losango Cáqui (este, já com a preocupação de "abrasileirar" as tendências vanguardistas);
  • destaque para o "Prefácio Interessantíssimo" de Pauliceia Desvairada e para os poemas "Ode ao Burguês" e "Inspiração".

2a Fase:

  • nacionalismo estético e pitoresco - busca da identidade nacional;
  • incorporação de ritmos de extração popular;
  • pesquisa do folclore e da paisagem brasileira; revivescência dos mitos indígenas, africanos e sertanejos;
  • obra: Clã do Jabuti.

3a fase:

  • maturidade poética - distanciamento do desvairismo inicial; poesia - dois caminhos:
  • poesia participante - reflexão, análise e denúncia dos problemas nacionais
  • poesia intimista, introspectiva - biografia emocional e poética;
  • obras: Remate de Males e Lira Paulistana;
  • destaque para "Meditação sobre o Tietê", "Poemas da Negra" e "Poemas da Amiga".

Características de sua prosa

 a) contos:

  • captação da vida urbana em São Paulo;
  • sondagem do universo social e psicológico do ser humano na cidade grande;
  • desmistificação das instituições e análise das relações humanas e familiares, fundada nas teorias de Freud;
  • tom direto, coloquial - clima de intimidade com o leitor;
  • alguns contos - projeções autobiográficas;
  • obras:
    • Primeiro Andar;
    • Belazarte;
    • Contos Novos.

Texto escolhido:

O peru de Natal (fragmento).
O nosso primeiro Natal de família, depois da morte de meu pai acontecida cinco meses antes, foi de consequências decisivas para a felicidade familiar. Nós sempre fôramos familiarmente felizes, nesse sentido muito abstrato da felicidade: gente honesta, sem crimes, lar sem brigas internas nem dificuldades econômicas. Mas, devido principalmente à natureza cinzenta de meu pai, ser desprovido de qualquer lirismo, duma exemplaridade incapaz, acolchoado no medíocre, sempre nos faltara aquele aproveitamento da vida, aquele gosto pelas felicidades materiais, um vinho bom, uma estação de água, aquisição de geladeira, coisas assim. Meu pai fora de um bom errado, quase dramático, o puro sangue dos desmancha-prazeres.
Morreu meu pai, sentimos muito, etc. Quando chegamos nas proximidades do Natal, eu já estava que não podia mais pra afastar aquela memória obstruente do morto, que parecia ter sistematizado pra sempre a obrigação de uma lembrança dolorosa em cada almoço, em cada gesto mínimo da família. Uma vez que eu sugerira a mamãe a ideia dela ir ver uma fita no cinema, o que resultou foram lágrimas. Onde se viu ir ao cinema, de luto pesado! A dor já estava sendo cultivada pelas aparências, e eu, que sempre gostara apenas regularmente de meu pai, mais por instinto de filho que por espontaneidade de amor, me via a ponto de aborrecer o bom do morto.”
In Contos novos

b) romance:

  • deixou apenas um único romance - Amar, verbo intransitivo;
  • desafio de preconceitos - temática da descoberta do amor entre o adolescente Carlos e sua governanta Fräulein;
  • desmascaramento das relações familiares;
  • crítica à hipocrisia burguesa;
  • aplicação de processos psicanalíticos;
  • personagens principais:
    • Fräulein;
    • Carlos;
    • Sr. Felisberto Souza Costa.

c) Macunaíma, rapsódia:

  • subtítulo - “O Herói sem Nenhum Caráter” - síntese das várias facetas do modo de ser do homem brasileiro - perfil do anti-herói;
  • rapsódia - variedade de motivos populares;
  • técnica da colagem , simultaneísmos;
  • realização do projeto nacionalista - “antologia do folclore nacional” - lendas, mitos, tradições populares;
  • combinação de frases feitas, modismos de linguagem, provérbios populares, expressões indígenas e africanas - estilo narrativo dinâmico, variado;
  • personagens principais:
    • Macunaíma, Jiguê, Maanape, Ci-Mãe do Mato, Venceslau Pietro Pietra (o Gigante Piaimã). 

Texto escolhido:

 “Então Piaimã contou pra francesa que ele era um colecionador célebre, colecionava pedras. E a francesa era Macunaíma, o herói. Piaimã confessou que a joia da coleção era mesmo a muiraquitã com forma de jacaré comprada por mil contos da imperatriz das icamiabas lá nas praias da lagoa Jaciuruá. E tudo era mentira do gigante. Vai, ele sentou na rede mui rente da francesa,m muito! e falou murmuriando que com ele era oito ou oitenta, não vendia não emprestava a pedra mas porém era capaz de dar... ‘Conforme...’ O gigante estava mas era querendo brincar com a francesa. Quando por causa do jeito de Piaimã o herói entendeu o que significava o tal de ‘conforme’, ficou muito inquieto. Matutou: ‘Será que o gigante imagina que sou francesa mesmo... Vai fora, peruano senvergonha!’ E saiu correndo pelo jardim. O gigante correu atrás. A francesa pulou numa moita pra se esconder porém estava uma pretinha lá. Macunaíma cochichou pra ela:
— Caterina, sai daí sim?
Caterina nem gesto. Macunaíma já meio impinimado com ela, cochichou:
— Caterina, sai daí que sinão te bato!
A mulatinha ali. Então Macunaíma deu um bruto dum tapa na peste e ficou com a mão grudada nela. — Caterina, me larga minha mão e vai-te embora que te dou mais tapa, Caterina!Caterina era mas uma boneca de cera de carnaúba posta ali pelo gigante. Ficou bem quieta. Macunaíma deu outro tapa com a mão livre e ficou mais preso.Caterina, Caterina! me larga minhas mãos e vai-te embora pixaim! sinão te dou um pontapé!Deu o pontapé e ficou mais preso ainda. Afinal o herói ficou inteirinho grudado na Catita. Então chegou Piaimã com um cesto. Tirou a francesa da armadilha e berrou pro cesto:— Abra a boca, cesto, abra a vossa grande boca!O cesto abriu a boca e o gigante despejou o herói nele. O cesto fechou a boca outra vez. Piaimã carregou-o e voltou. A francesa em vez de bolsa estava armada com o mênie que serve pra guardar as flechinhas da sarabatana. O gigante deixou o cesto encostado na porta de entrada e afundou casa a dentro pra guardar o mênie entre as pedras da coleção. Porém o mênie era de pano cheirando piché de caça. O gigante desconfiou daquilo e perguntou:— Vossa mãe é tão cheirosa e gordinha que nem você, criatura?”

Oswald de Andrade

Oswald de Andrade

Oswald de Andrade nasceu em São Paulo (1890) e aqui morreu em 1954. De família rica, cursou a Faculdade de Direito do Largo São Francisco, formando-se em 1919. Casou-se várias vezes, uma delas com Tarsila do Amaral e outra com Patrícia Galvão, a Pagu, com quem intensificou suas atividades no Partido Comunista, ao qual se filiou em 1931.

Em 1912, viajou para a Europa pela primeira vez e teve contato com o Futurismo de Marinetti. Sua personalidade forte, ardente e polêmica era marcada pela irreverência, iconoclastia , pelo espírito revolucionário e crítico , marcas de sua obra.

É considerado o mais radical dos modernistas , inflamado e violento em suas afirmações. Faleceu em São Paulo, aos sessenta e quatro anos, após longa enfermidade;

  • principais obras:
    • poesia:
      Primeiro Caderno do Aluno de Poesia Oswald de Andrade;
      Cântico dos Cânticos para Flauta e Violão;
      O Escaravelho de Ouro;
      Poesias Reunidas.
    • romance:
      Os Condenados: Alma, A Estrela do Absinto, A Escada;

      Memórias Sentimentais de João Miramar;
      Serafim Ponte Grande;
      Marco Zero: A Revolução Melancólica, Chão.
    • teatro:
      O Homem e o Cavalo;
      A Morta;
      O Rei da Vela.
  • manifestos, teses e ensaios:
    • Manifesto da Poesia Pau-Brasil
    • Manifesto Antropófago
    • Ponta de Lança

Características de sua poesia:

  • visão renovadora do passado nacional - recuperação de textos através da paródia e da crítica;
  • linguagem sintética, irônica e coloquial;
  • influências cubistas e surrealistas;
  • imagens surpreendentes, associações inesperadas;
  • telegrafismos, poemas-relâmpagos, poemas-piadas;
  • incorporação da civilização industrial - dinamismo;
  • humor, sarcasmo.

Texto escolhido:

3 de Maio

Aprendi com meu filho de dez anos
Que a poesia é a descoberta
Das coisas que eu nunca vi.
Fim e Começo
A noite caiu sem licença da Câmara
Se a noite não caísse
Que seriam dos lampiões?
Música de Manivela
Sente-se diante da vitrola
E esqueça-se das viscissitudes da vida
Na dura labuta de todos os dias
Não deve ninguém que se preze
Descuidar dos prazeres da alma.
Discos a todos os preços.
Aperitivo
A felicidade anda a pé,
Na Praça Antônio Prado
São 10 horas azuis
O café vai alto como a manhã de arranha-céus
Cigarros Tietê
Automóveis
A cidade sem mitos

Características de sua prosa:

  • Estilo fragmentário - capítulos-instantes, capítulos-relâmpagos;
  • Desarticulação total da frase - sintaxe descarnada;
  • Quebra das barreiras entre poesia/prosa;
  • Composição revolucionária do romance - nova espacialização, paródias - mistura entre passado e presente, entre personagens históricas e literárias;
  • Conteúdo questionador e irreverente
  • Memórias sentimentais de João Miramar:
    • 1° grande romance modernista;
    • montagem fragmentária;
    • 163 episódios numerados;
    • ênfase no elemento visual;
    • princípios cubistas, fragmentos justapostos;
    • influência do cinema;
    • personagens principais: João, Célia (prima e esposa), Rocambola (amante e atriz).
  • Serafim Ponte Grande:
    • 203 fragmentos organizados de diferentes modos;
    • leitura - desafio para o leitor - confusão de personagens e de narradores; mistura de gêneros - cartas, diário de viagem, cartilha escolar, dicionário, poesia etc;
    • críticas à hipocrisia burguesa;
    • sarcasmo, ironia;
    • ruptura com o conformismo;
    • Serafim - mito do herói latino-americano individual;
    • personagens principais: Serafim, Dona Lalá (esposa), Pinto Calçudo (secretário).
  • Rei da Vela - teatro:
    • texto teatral mais importante de Oswald;
    • enfoque da exploração da pobreza e das superstições populares;
    • crítica à burguesia e à aristocracia rural;
    • denúncia da corrupção do sistema capitalista;
    • ironia, sarcasmo;
    • principais personagens: Abelardo I, Heloísa, Mr. Jones (capital americano).

Manuel Bandeira

Manuel Bandeira

Manuel Bandeira nasceu em Recife (1886) e morreu no Rio de Janeiro em 1968. Desde cedo, interessou-se pela leitura, emocionando-se com histórias tristes e interessando-se por narrativas de aventura.

Mudou-se para o Rio de Janeiro aos dezesseis anos e estudou no Colégio Pedro II, onde desenvolveu ainda mais seu gosto pela leitura. Em 1903, matricula-se na escola Politécnica de São Paulo, mas surpreendido pela tuberculose, abandona os estudos para buscar a cura da doença e inicia uma série de estadas em casas de saúde no Brasil e na Europa; dez anos depois, ainda doente, permanece um ano na Suíça, no sanatório de Clavadel. Volta para o Rio em 1914, por causa da Primeira Guerra Mundial. Com a morte da família — a mãe em 1916, depois a irmã e enfermeira, por fim o pai, em — muda-se para o Morro do Curvelo e frequenta poucos amigos.

Não participou da Semana de Arte Moderna diretamente, mas seu poema “Os Sapos” foi lido por Ronald de Carvalho. Foi eleito, em 1940, para a Academia Brasileira de Letras. Morreu aos oitenta e dois anos, vítima de hemorragia gástrica.

  • Principais obras:
    • poesia:
      A Cinza das Horas;
      Carnaval;
      Libertinagem;
      O Ritmo Dissoluto;
      Estrela da Manhã;
      Lira dos Cinquent’Anos;
      Estrela da Tarde;
      Estrela da Vida Inteira.
    • prosa:
      Itinerário de Pasárgada;
      Andorinha, Andorinha.

Características de sua obra:

  • poesia personalista - obra - espécie de diário íntimo - fruto da experiência pessoal;
  • acontecimentos do mundo, imagens da vida íntima e pessoal - capacidade de extrair poesia de fatos banais do cotidiano;
  • expressão poética = confidência + notação exterior - estranheza em relação ao mundo;
  • força humanizadora da poesia = paixão pela vida + ternura ardente;
  • simplicidade, reflexão - horror à vulgaridade e ao sentimentalismo fácil;
  • humor amargo, ironia, despojamento.
  • obra - criação variada e abrangente - do Parnasianismo crepuscular ao Concretismo;
  • reconstituição de composições líricas tradicionais;
  • tendências neorromânticas; ressonâncias parnasianas e simbolistas;
  • referências a Portugal, influências de Antônio Nobre (“sosismo”);
  • temas mais comuns:
    • a paixão pela vida e a morte, o tédio, a melancolia;
    • o amor, o erotismo;
    • a solidão, a angústia existencial;
    • o cotidiano, a vida corriqueira;
    • o popular e o folclórico;
    • a fuga do espaço, o escapismo;
    • a infância.
  • destaque para os poemas:
    “Pneumotorax”;
    “Consoada”;
    “Evocação do Recife”;
    “Autorretrato”;
    “Vou-me Embora pra Pasárgada”;
    “Estrela da Manhã”;
    “Os Sinos”;
    “Trem de Ferro”;
    “Poética”, “Irene”;
    “Última Canção do Beco”;
    “Balada das Três Mulheres do Sabonet de Araxá”;
    “Madrigal Melancólico” etc.

Textos escolhidos:

Madrigal tão engraçadinho

Teresa, você é a coisa mais bonita que eu vi até hoje na
minha vida, inclusive o porquinho-da-índia que me deram quando eu tinha seis anos.

Irene no céu

Irene preta
Irene boa
Irene sempre de bom humor.
Imagino Irene entrando no céu:
— Licença, meu branco!
E São Pedro, bonachão:
— Entra, Irene, você não precisa pedir licença.

Pneumotórax

Febre, hemoptise, dispneia e suores noturnos.
A vida inteira que podia ter sido que não foi.
Tosse, tosse, tosse.
Mandou chamar o médico:
— Diga trinta e três.
— Trinta e três... trinta e três... trinta e três...
— Respire.
.............................................................................................

— O senhor tem uma escavação no pulmão esquerdo e o
[pulmão direito infiltrado.
— Então, doutor, não é possível tentar o pneumotórax?
— Não. A única coisa a fazer é tocar um tango argentino.

Outros autores do Primeiro Tempo Modernista

a) Cassiano Ricardo:

  • Verde-Amarelismo;
  • "todas as modas" - do Parnasianismo / Simbolismo ao radicalismo experimentalista da poesia-práxis;
  • limitação temática;
  • perplexidade diante da vida;
  • melancolia, desejo de autodefinição;
  • principal obra:
    • Martim Cererê.

b) Guilherme de Almeida:

  • 1° modernista ao entrar para a Academia Brasileira de Letras;
  • 4° "Príncipe dos Poetas Brasileiros";
  • popularidade - poesia - gosto do leitor médio;
  • técnica parnasiana; - temática crepuscular;
  • esteticismo, virtuosismo, formação clássica;
  • transposição do HAI-KAI japonês (23V e 17 sílabas) para a nossa literatura;
  • principais obras:
    • A Dança das Horas
    • Camoniana
    • Pequeno Cancioneiro

c) Menotti Del Picchia:

  • Verde-Amarelismo;
  • influências futuristas na iniciação literária;
  • gosto pelo pitoresco, o discursivo, o ornamental.
  • principal obra:
    • Juca Mulato.

d) Raul Bopp:

  • adesão às propostas antropofágicas;
  • primitivismo;
  • linguagem indígena e negra;
  • principal obra:
    • Cobra Norato.

e) Antônio de Alcântara Machado:

  • prosa leve e bem-humorada;
  • incorporação do coloquialismo;
  • influências de Oswald de Andrade;
  • linguagem elíptica + vocabulário ítalo-paulistano;
  • quadros sobre o cotidiano dos bairros italianos pobres de São Paulo;
  • atitude jornalística e preferência pelo proletariado - aproximações com Lima Barreto;
  • principal obra:
    • Brás, Bexiga e Barra Funda
    • Novelas Paulistanas.

f) Ronald de Carvalho:

  • ritmos amplos, metáforas ricas, tom declamatório;
  • Futurismo X disciplina formal;
  • cunho clássico;
  • principal obra:
    • Toda a América.

Sumário

- Modernismo no Brasil
i. Contexto histórico
ii. Antecedentes da Semana de Arte Moderna de 1922
- A Semana de Arte Moderna
i. A Semana de 22
ii. Desdobramentos da Semana de Arte Moderna
- Mário de Andrade
i. Características de sua poesia
ii. Características de sua prosa
- Oswald de Andrade
i. Características de sua poesia
ii. Características de sua prosa
- Manuel Bandeira
i. Características de sua obra
- Outros autores do Primeiro Tempo Modernista
i. Cassiano Ricardo
ii. Guilherme de Almeida
iii. Menotti Del Picchia
iv. Raul Bopp
v. Antônio de Alcântara Machado
vi. Ronald de Carvalho