Classicismo

Classicismo

O Classicismo foi o estilo literário que vigorou no século XVI, durante o período do Renascimento. A principal característica do Classicismo – movimento que marcou o fim da Idade Média e o início da Idade Moderna – foi a imitação dos modelos clássicos greco-romanos.

1. Datas

  • 1527: volta do poeta Sá de Miranda da Itália, onde estivera por seis anos, trazendo as novidades do Renascimento, a "Medida Nova" renascentista - início do Renascimento em Portugal.
  • 1580: anexação de Portugal à Espanha; morte de Luís Vaz de Camões; início do Barroco em Portugal

2. Contexto histórico

O panorama socioeconômico da Europa encontrava-se, no início do século XVI, marcado pelas novas exigências impostas pelas transformações econômicas do final da Idade Média. Entre elas, destacam-se o desenvolvimento comercial e a presença de uma nova sociedade urbana. Florença, Milão, Roma e Veneza tornam-se grandes centros de desenvolvimento capitalista com a reabertura do mar Mediterrâneo, e o mecenatismo cultural transforma-se em prática habitual na Itália, enquanto a Alemanha, a Suíça e a Inglaterra vivem a Reforma Protestante.

Sob a Dinastia de Avis, Portugal vive o seu apogeu político-econômico, com uma posição geográfica propícia para as grandes navegações. Durante os reinados de D. Manuel, o Venturoso e de seu filho D. João III, a nação conheceu intenso luxo e euforia. Vários acontecimentos históricos contribuíram para isso, entre os quais:

  • a descoberta do caminho marítimo para as Índias por Vasco da Gama, em 1498;
  • o achamento do Brasil, em 1500;
  • a conquista de várias regiões na África entre 1507 e 1513;
  • a viagem de circunavegação realizada por Fernão de Magalhães, em 1519-1520.

3. Características gerais do Classicismo Renascentista

O Renascimento foi antecedido e preparado pelo Humanismo - movimento cultural do fim da Idade Média, que já se caracterizava pela volta dos interesses para o Homem, e não mais para Deus. Assim, redescobrem-se os valores culturais da Antiguidade Clássica (o mundo greco-latino), que serão estudados, decifrados e compreendidos, para serem depois ressuscitados e adotados como modelos de perfeição estética na arte renascentista. Esse interesse pelo Homem e pelas realizações humanas conduz ao conceito de Homem integral, ao antropocentrismo pleno: altera-se a concepção de vida, centrada agora no Homem e não mais em Deus: ao teocentrismo medieval, opõe-se uma visão de mundo antropocêntrica - o Homem passa (volta) a ser a "medida de todas as coisas", como afirmara o filósofo grego Protágoras.

A nova confiança na capacidade humana expressa-se numa arte que procura e reflete o equilíbrio, a harmonia, a equidistância e o uso da inteligência na compreensão do Cosmos. Dessa forma, com uma concepção de arte baseada na identificação com os ideais clássicos gregos e latinos e na sua imitação, o Renascimento apresenta ainda as seguintes características:

  • o racionalismo, no controle da razão sobre a emoção, a fim de evitar seu transbordamento;
  • a busca do saber concreto, científico, apoiado no uso da inteligência e da razão;
  • o universalismo e o impessoalismo, numa concepção absolutista de arte, que deveria expressar os valores e verdades eternas e superiores, buscando o Bem, a Beleza, a Verdade, a Perfeição;
  • o culto da forma, na aceitação dos modelos preestabelecidos e na valorização da perfeição formal e da pureza da Língua em prosa e em poesia;
  • o neoplatonismo amoroso, na visão sublimada do ser amado;
  • a mimese aristotélica, na identificação da arte com a natureza;
  • o hedonismo, no apego aos valores terrenos, na fruição dos prazeres carnais, no pleno gozo da existência, associado ao politeísmo clássico;
  • clareza, simplicidade, vernaculismo, pureza da linguagem.

Embora marcado por essas caraterísticas, o Renascimento em Portugal não abandonou o espírito medieval; ao contrário, as duas formas de cultura convivem lado a lado e se influenciam mutuamente ao longo do século XVI, conferindo ao período um caráter bifronte. Explica-se, desse modo, a presença da chamada "medida velha" (medieval) ao lado da "medida nova" (clássica) trazida por Sá de Miranda da Itália e rapidamente absorvida e cultivada em Portugal.

Luís Vaz de Camões

Luís Vaz de Camões

1. Dados biográficos

Não há um registro certo sobre a vida de Camões. Os dados que existem permitem algumas conclusões, como a de que teria nascido por volta de 1524-1525, em Santarém, Lisboa, Coimbra ou Alenquer. De família pobre, porém fidalga, prestadora de serviços ao rei, deve ter recebido uma sólida formação cultural, como se nota em sua obra. Passou, provavelmente, a juventude em Coimbra, na companhia de um tio prior do mosteiro de Santa Cruz e chanceler da Universidade. Em 1543 já está na Corte, em Lisboa, onde começa a parte tumultuada de sua vida. Exímio espadachim, talentoso, boêmio, envolve-se com as damas da Corte e escandaliza o ambiente com suas atitudes temperamentais e seus casos rumorosos.

Cumprindo o serviço militar em Ceuta, perde o olho direito e tem parte do rosto destruída. Volta para Lisboa e, numa procissão de Corpus Christi, fere em briga um funcionário do paço, sendo posto em ferros. Recebe o perdão da vítima e do rei, e também a liberdade, com a condição de incorporar-se às tropas que partiriam para as Índias. Parte em 1553, como soldado raso, só retornando a Lisboa em 1569.

A aventura da viagem lhe serviria como base para a ação central do poema Os lusíadas, pois lhe permite refazer o itinerário de Vasco da Gama em busca do caminho marítimo para as Índias, aonde o poeta chega em fins de 1553.Três anos depois, está na China, em Macau, nomeado "provedor-mor dos defuntos e ausentes". Lá teria escrito a primeira parte desse poema. Envolvido em novas irregularidades, vai a Goa para defender-se das acusações, mas naufraga na foz do rio Mecon. Salva-se a nado, levando o manuscrito do poema e, como quer a lenda, perdendo sua amada Dinameme, a quem dedicou o soneto "Alma minha gentil que te partiste...". Preso em Goa, é solto graças à ajuda de amigos. Em 1567 está em Moçambique, iniciando o retorno à pátria. Chega a Cascais em 1568.

Em 1571 obtém do rei D. Sebastião o privilégio para a impressão de Os lusíadas, publicado em 1572. Oito anos depois, morre na mais profunda miséria e abandono, em uma epidemia de peste que novamente assolava Lisboa. Foi enterrado em vala comum, provavelmente em 10 de junho de 1580. Seus restos mortais se encontram hoje no Mosteiro dos Jerônimos, juntamente com as cinzas de Vasco da Gama, ao lado do sarcófago de D. Sebastião.

Logo após a morte do poeta, no mesmo ano, Portugal perderia sua autonomia política, anexado à Espanha pelo rei D. Filipe II, e permanecendo cativo por sessenta anos, até a "Restauração" em 1640, quando o Duque de Bragança é coroado D. João IV.

Camões escreveu poesia lírica e épica, e também três peças de teatro: El-Rei Seleuco e Auto de Filodemo e Anfitriões. Na lírica, cultivou a "medida velha" medieval (lírica popular, tradicional, expressa em redondilhas) e também a "medida nova" (lírica clássica, renascentista, expressa nos sonetos, odes, canções, éclogas etc.). Sua poesia épica é representada por Os lusíadas.

2. A lírica popular ou tradicional

Ligada às raízes de Portugal, esta lírica apresenta temáticas tradicionais portuguesas e descrições de cenas do cotidiano das aldeias. A simplicidade na linguagem é combinada a traços do conceptualismo clássico, sendo expressa em redondilhas, a chamada "Medida Velha". Merecem destaque os vilancetes e o ciclo do "Descalça vai pera a fonte...".

3. A lírica clássica ou erudita

Neste tipo de poesia, Camões recebeu forte influência do poeta italiano Petrarca e do neoplatonismo: aqui, o amor é um ideal inatingível, espiritualizado; a beleza da mulher é casta e sua visão, sublimada.

O poeta mostra uma aguda percepção das dores da alma e das contradições do coração, dos contrastes entre a perenidade da alma e as mudanças impostas pela transitoriedade da vida, dos conflitos entre os desejos pessoais e as imposições sociais e entre o ideal e o real.

Expressa na "Medida Nova", como versos decassílabos, sonetos, odes, canções, epístolas etc., esta lírica marca-se, também, por antecipações barrocas.

A seguir, dois dos mais famosos sonetos camonianos:

Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo, desta vida descontente,
Repousa lá no céu eternamente
E viva eu cá na terra sempre triste.

Se lá, no assento etéreo, onde subiste,
Memórias desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.

E se vires que pode merecer-te
Alguma cousa, a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo dos meus olhos te levou.

*****

Busque Amor novas artes, novo engenho.
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.

Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo nem contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.

Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê;

Que dias há que na alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei por quê.

*****

Os Lusíadas

Considerado o "Poema da Raça", a "Bíblia da nacionalidade" portuguesa, Os lusíadas têm como eixo central da narrativa a viagem de Vasco da Gama às Índias, que partiu de Portugal em 08 de julho de 1497 e chegou a Calicut a 24 de maio de 1498.

A viagem não é contada em ordem linear, cronológica: o poema segue o modelo clássico da epopeia, inspirado, principalmente, na Eneida, de Virgílio, e nas epopeias de Homero, a Ilíada e a Odisseia. Tem, portanto, estrutura clássica: contém dez cantos, 1102 estrofes ou estâncias, num total de 8816 versos. As estâncias são organizadas em oitava-rima ou oitava-real (oito versos com esquema rímico ABABABCC); os versos são decassílabos, em sua grande maioria, heroicos (com cesura na 2a., 3a. ou 4a. sílaba, na 6a. e na 10a.).

Divide-se em três partes principais:

Introdução: abrange as 18 primeiras estâncias (estrofes) do Canto I e é subdividida, por sua vez, em três partes:

Proposição: estâncias 1 a 3 - o poeta se propõe a cantar as glórias portuguesas, que ele considera superiores a quaisquer outras, destacando os navegantes, o exército, os reis e os heróis da pátria:

As armas e os Barões assinalados,
Que, da Ocidental praia Lusitana,
Por mares nunca dantes navegados,
Passaram inda além da Taprobana,
Em perigos e guerras esforçados
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo Reino, que tanto sublimaram.
E também as memórias gloriosas
Daqueles Reis que foram dilatando
A Fé, o Império, e as terras viciosas
De África e de Ásia andaram devastando,
E aqueles que por obras valerosas
Se vão da lei da Morte libertando:
Cantando espalharei por toda parte,
Se a tanto me ajudar o engenho e arte.
Cessem do sábio Grego e do Troiano
As navegações grandes que fizeram;
Cale-se de Alexandre e de Trajano
A fama das vitórias que tiveram;
Que eu canto o peito ilustre Lusitano,
A quem Netuno e Marte obedeceram.
Cesse tudo o que a Musa antiga canta,
Que outro valor mais alto se alevanta.

Invocação às Tágides: estâncias 4 e 5 - o poeta cria ninfas portuguesas - ninfas do rio Tejo, as Tágides - e pede a elas inspiração para o seu canto, para fazer a poesia épica, que nunca fizera antes:

E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Se sempre em verso humilde, celebrado
Foi de mim vosso rio alegremente,
Dai-me agora um som alto, e sublimado,
Um estilo grandíloco e corrente,
Porque de vossas águas Febo ordene,
Que não tenham enveja às de Hipocrene.
Dai-me uma fúria grande e sonorosa,
E não de agreste avena ou frauta ruda,
Mas de tuba canora e belicosa,
Que o peito acende e a cor ao gesto muda.
Dai-me igual canto aos feitos da famosa
Gente vossa, que a Marte tanto ajuda.
Que se espalhe e se cante no Universo,
Se tão sublime preço cabe em verso.

Dedicatória a D. Sebastião: estâncias 6 a 18 - é feita ao jovem D. Sebastião. O poeta refere-se ao monarca como "poderoso rei", "segurança da antiga lusitana liberdade", e mostra a extensão do Império português, "alto Império", que "o Sol, logo em nascendo, vê primeiro" e "quando desce o deixa derradeiro", exaltando a grandeza do reino e de seu soberano:

E vós, ó bem nascida segurança
Da Lusitana antiga liberdade.
E não menos certíssima esperança
De aumento da pequena Cristandade,
Vós, ó novo temor da Maura lança,
Maravilha fatal da nossa idade,
Dada ao mundo por Deus, que todo o mande,
Pera do mundo a Deus dar parte grande;

(...)

Vós, poderoso Rei, cujo alto Império,
O Sol, logo em nascendo, vê primeiro,
Vê-o também no meio do Hemisfério,
E quando desce o deixa derradeiro;
Vós, que esperamos jugo e vitupério
Do torpe Ismaelita cavaleiro,
Do Turco Oriental e do Gentio
Que inda bebe o licor do santo Rio,
Inclinai por um pouco a majestade
Que nesse tenro gesto vos contemplo,
Que já se mostra qual na inteira idade,
Quando subindo ireis ao Eterno Templo;
Os olhos da real benignidade
Ponde no chão: vereis um novo exemplo
De amor dos pátrios feitos valerosos,
Em versos divulgados numerosos.
Vereis amor da pátria, não movido
De prêmio vil, mas alto e quase eterno,
Que não é prêmio vil ser conhecido
Por um pregão do ninho meu paterno.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno,
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo Rei, se de tal gente.

(...)

Narração: é a parte mais longa do poema, o seu "corpo". Estende-se da estância 19 do Canto I à estância 144 do Canto X. Quando a ação começa, as naus estão navegando em pleno Oceano Índico, no meio da viagem; o início da viagem e seus preparativos só serão relatados mais tarde, em flashback, após a chegada a Melinde.

Já no largo Oceano navegavam,
As inquietas ondas apartando;
Os ventos brandamente respiravam,
Das naus as velas côncavas inchando;
Da branca escuma os mares se mostravam
Cobertos, onde as proas vão cortando
As marítimas águas consagradas,
Que do gado de Próteu (*) são cortadas.

* Próteu: Proteu, pastor de Netuno, que mudava de aspecto toda vez que precisava desse disfarce para fugir. O gado de Proteu são todos os animais marinhos que vivem em bando ou em cardume.

  • Canto I: Com os navegantes em alto mar (Oceano Índico), realiza-se o Concílio dos deuses no Olimpo, para decidirem sobre a sorte dos portugueses; Vênus, a deusa da beleza e do amor, defende-os contra Baco (deus do vinho e protetor do oriente) e consegue vencer, graças ao apoio de Júpiter e Marte. Cumpre-se o Fado, que determina as descobertas ultramarítimas.
  • As naus chegam a Moçambique e Vasco da gama desce a terra; graças à ajuda de Vênus, consegue livrar-se de uma armadilha de Baco e segue viagem. Chegam a Mombaça e não atracam, avisados novamente por Vênus, que percebera nova cilada de Baco.
  • Canto II: A viagem de Mombaça a Melinde é marcada por tentativas traiçoeiras de Baco. Vênus pede a Júpiter mais proteção para os navegantes e ele envia Mercúrio para direcionar o caminho dos portugueses. Chegam a Melinde e são magnificamente recebidos: o rei de Melinde vem a bordo e pede ao Gama que lhe conte a história de Portugal.
  • Canto III: O poeta interrompe a narrativa para invocar Calíope, a musa protetora da poesia épica e da eloquência. Vasco da Gama descreve a Europa, localiza geograficamente Portugal e inicia o relato desde a fundação da Lusitânia por Luso (figura mitológica, filho de Baco, que teria fundado a Lusitânia e dado origem aos lusitanos ou lusos, os portugueses). Passa por D. Henrique de Borgonha e continua através de uma série de episódios históricos.
  • Canto IV: O Gama continua seu relato histórico, abordando desde o reinado de D. Fernando de Borgonha até o de D. Manuel, o Venturoso, que mandou pôr as caravelas no mar para a viagem.
  • Canto V: O Gama conta a primeira parte da viagem e, finalmente, a chegada a Melinde.
  • Canto VI: O Gama despede-se do rei de Melinde e as naus partem para a Índia. No intuito de vingar-se da ousadia dos portugueses, Baco desce ao fundo do mar para incitar os deuses marinhos contra a armada. Éolo, o deus dos ventos, decide soltá-los para destruir a frota. Cessada a tormenta, chegam a Calicut, termo da viagem. O poeta faz considerações sobre a verdadeira honra e a fama.
  • Canto VII: O poeta continua suas considerações, refletindo sobre a política europeia à época da viagem; descreve a Índia e retoma a narração. O Gama desembarca e é recebido pelo Samorim, enquanto Paulo da Gama, irmão de Vasco da Gama, recebe a bordo o Catual.
  • Canto VIII: Paulo da Gama explica ao Catual o significado das figuras estampadas nas bandeiras. Nova investida de Baco é desfeita; o Samorim pede que o Gama aproxime suas naus, para fazerem trocas de mercadorias, mas Vasco da Gama desconfia de uma armadilha e deixa-se aprisionar, sendo resgatado depois.
  • Canto IX: Alcançado o objetivo, os navegantes preparam-se para retornar à pátria. Vênus resolve recompensá-los por sua bravura e pede ajuda ao filho Cupido. Os portugueses veem uma ilha maravilhosa e param nela, onde são recebidos por ninfas e recebem delas seus favores.
  • Depois do banquete, Tétis conduz Vasco da Gama ao topo da ilha e desvenda-lhe a "máquina do mundo" e o destino glorioso dos portugueses. A frota deixa a ilha e parte para Portugal.
  • Epílogo: da estância 145 à estância 156 do Canto X. Triste e pessimista, melancólico, o poeta censura a embriaguez dos portugueses com as glórias conquistadas no além-mar. A exaltação patriótica do começo cede lugar a uma desiludida confissão de visionário, como se Camões, descontente, previsse o desfecho de uma decadência já observável: a tragédia histórica que se abateria sobre Portugal, ao perder sua autonomia para a Espanha em 1580, apenas oito anos depois da publicação do poema. A primeira estância do Epílogo já deixa transparecer essa desilusão do poeta:

Não mais, Musa, não mais, que a Lira tenho
Destemperada e a voz enrouquecida,
E não do canto, mas de ver que venho
Cantar a gente surda e endurecida.
O favor com que mais se acende o engenho
Não no dá a pátria, não, que está metida
No gosto da cobiça e da rudeza
Duma austera, apagada e vil tristeza.

Sumário

- Classicismo
i. Datas
ii. Contexto histórico
iii. Características gerais do Classicismo Renascentista
- Luís Vaz de Camões
i. Dados biográficos
ii. A lírica popular ou tradicional
iii. A lírica clássica ou erudita
- Os Lusíadas