Fases do Capitalismo

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História do Capitalismo

Foram três as fases do capitalismo: capitalismo comercial ou mercantil (pré-capitalismo), capitalismo industrial ou industrialismo e capitalismo financeiro ou monopolista. As diferentes fases do capitalismo provocaram grandes transformações no espaço geográfico das sociedades. Todos os aspectos da sociedade – política, educação, cultura e, acima de tudo, economia – sofreram alterações em cada uma das fases do capitalismo.

O início do capitalismo é causa e decorrência da desintegração do feudalismo. Este último, marcado pelo particularismo político e por uma produção voltada, basicamente, à subsistência dos moradores do feudo, foi vitimado, a partir do século XII e XIII, pelo crescimento demográfico gerador de escassez de gêneros, pelo êxodo rural, pelo crescimento demográfico urbano, pelo incremento da economia monetária e pela aceleração das trocas comerciais inter-regionais. Quanto à produção de bens, o mercado, que passou a conhecer um extraordinário aumento da demanda, foi progressivamente destruindo os regimes arcaicos de trabalho. O artesanato, sistema caracterizado pela inexistência de uma cisão entre o produtor e os meios de produção, já que o artesão é dono da matéria prima, da oficina, das ferramentas e do produto, não mais atendia à crescente sede de consumo do homem europeu ocidental. Numa fase posterior, surgiria o regime doméstico de produção, no qual o trabalho era dividido entre os membros da família. Progressivamente, nasceria o sistema manufatureiro, já caracterizado pelo assalariamento e pela divisão social do trabalho. Para o capitalista, o regime manufatureiro tinha o defeito de valorizar a habilidade manual, o que proporcionava um amplo poder de barganha salarial por parte do produtor. Assim, os trabalhadores altamente qualificados tinham condições de exigir uma alta remuneração. No século XVIII, com a Revolução Industrial marcada pela produção por meio de máquinas, cuja operação era tecnicamente simples, ocorreu, não só o aumento da produção como também a desvalorização dos salários, ampliando os lucros dos capitalistas. Consolidava-se, dessa maneira, o modo de produção capitalista.

Do séculos XII e XIII ao XVIII, o capitalismo conheceu a fase comercial ou mercantil, ao longo da qual o polo principal de acumulação de capital não foi o produtivo, mas o circulador de mercadorias. Neste período, ocorre a acumulação primitiva de capital que, calcada em formas de produção ainda pré-capitalistas, antecedeu e propiciou a plena implantação do capitalismo como modo de produção. Nesta etapa, a burguesia, além de destruir e criar sucessivos regimes de produção, também navegou pelos oceanos em busca de metais preciosos e de gêneros comercializáveis na Europa.

Um dos mais importantes fatores da acumulação primitiva de capitais foi a expansão ultramarina dos tempos modernos, iniciadas no século XV, quando Portugal e Espanha, pioneiramente, partiram para os oceanos e criaram entrepostos (pontos de compra e venda de gêneros) nos litorais da África e da Ásia, além de fundarem colônias na América. O objetivo dessas viagens eram comprar produtos primários (principalmente especiarias) africanas e orientais e também montar zonas de produção agrícola e extrair metais preciosos no continente americano. Essas operações comerciais aceleravam a acumulação de capitais das nações europeias.

A colonização europeia

Para apoiar os esforços dos comerciantes, os estados absolutistas europeus adotaram uma política econômica mercantilista, cujos elementos definidores são:

  • PROTECIONISMO - os governos barravam a entrada de gêneros estrangeiros, por meio de alta tributação ou proibição explicita, isentando, simultaneamente, de impostos os produtos nacionais enviados aos mercados externos, que assim passavam a ter preços competitivos. O slogan do mercantilismo era "vender sempre, comprar nunca ou quase nunca";
  • BALANÇA DE COMÉRCIO FAVORÁVEL - o interesse dos estados nacionais e de suas burguesias era obter um superávit financeiro nas suas trocas com os demais países, o que implicava a aceleração da acumulação de capital. Dessa maneira, as burguesias ficavam mais ricas e os governos mais poderosos;
  • METALISMO - os metais preciosos tornaram-se padrões de medida da acumulação de capital e a quantidade de metais amoedáveis tornou-se o símbolo da riqueza nacional.
  • Segunda Revolução Industrial

Primeira Revolução Industrial

No século XVIII, fruto das transformações econômicas e sociais ocasionadas pelo capital mercantil, o capitalismo, particularmente o britânico, entrou na fase industrial, marcada pela produção levada a efeito por máquinas. O extraordinário crescimento econômico do período, calcado no sacrifício da classe operária, obrigada a longas horas de trabalho e a verter o sangue e o suor de suas mulheres e crianças, alterou o mundo. Os mercados, agora, são globais e isto leva à independência política dos países americanos. A economia, as ideias liberais e as instituições políticas europeias começavam a se mundializar.

Segunda Revolução Industrial

A partir de meados do século XIX, a Europa, os Estados Unidos da América e o Japão experimentavam a Segunda Revolução Industrial, marcada:

    • PELA DIFUSÃO DA INDÚSTRIA - de fato, se a Primeira Revolução Industrial foi um fenômeno inglês, agora o uso de máquinas se alastrava pela França, Bélgica, norte da Itália, Estados Unidos, Rússia e também ocorrendo no Japão;
    • POR NOVAS FONTES ENERGÉTICAS - a Primeira Revolução Industrial fora movida pelo carvão e pelas máquinas a vapor. A Segunda se basearia no petróleo e no aproveitamento da eletricidade;
    • PELA INTEGRAÇÃO ENTRE AS INDÚSTRIAS E OS BANCOS - os capitalistas passaram a captar no sistema financeiro recursos para o incremento da produção e, ao mesmo tempo, investiam seus lucros nos mercados financeiros buscando a aceleração da acumulação de capital. Esta, agora, amplamente aumentada, possibilitaria o aparecimento de grandes fortunas, tais como os Morgan, Rockefeller, e os Rothschild, dentre outros;
    • PELO SURGIMENTO E A CONSOLIDAÇÃO DO CAPITALISMO OLIGOPOLISTA - nasciam, no período, os oligopólios, ou seja, enormes conglomerados empresariais que dominam os diversos ramos da produção econômica e da oferta de serviços. Estes oligopólios se apresentam em três formas. A primeira são os "trustes", isto é, grupos capitalistas que formam uma única organização, cujo controle administrativo e financeiro está nas mãos de seus proprietários -se a firma for patrimonial - ou dos acionistas, se ela é anônima, visando monopolizar a produção de um determinado produto ou a oferta de um tipo de serviço em plano nacional ou mundial. As "holdings", empresas cuja única finalidade é administrar todas as demais de um mesmo grupo empresarial. E, por fim, os "cartéis" que consistem em várias empresas que, atuando num mesmo ramo de produção ou de oferta de serviços, estabelecem acordos para definir áreas geográficas de atuação, uma política comum de preços, regras de concorrência e publicidade e impedir a entrada de concorrentes nos mercados;
    • PELA CISÃO ENTRE PROPRIEDADE E ADMINISTRAÇÃO - nas antigas empresas patrimoniais, o dono ou os donos controlavam a administração da produção e gerenciamento de suas firmas. A crescente complexidade do capitalismo, com a implantação de enormes conglomerados, tornou necessária a criação das sociedades anônimas, apropriadas pelos detentores de ações. Nelas, os donos (acionistas) não mais administram e os quadros burocráticos administrativos não são proprietários, tendo com o capital da empresa um vínculo empregatício e salarial. O presidente e os diretores de empresas como a General Motors, a Volkswagen e a Mitsubishi, por exemplo, são, embora recebendo bons salários, meros empregados.
    • Dentre os motivos da formação das sociedades anônimas está o fato de que, nelas, os acionistas não respondem com seu patrimônio, o que permite voos empresarias de alto risco. Um bom exemplo disto foi a criação da empresa construtora do canal de Suez, que exigia enormes investimentos e oferecia graves riscos. Nenhum capitalista, por mais próspero que fosse, estava disposto a arriscar seus bens em caso da falência da empreiteira que assumisse a edificação do canal. Vendidas ações no mercado financeiro, milhares e milhares de ingleses e franceses raciocinaram, que se o projeto tivesse êxito, ficariam ricos. Se ocorresse o contrário, perderiam somente os poucos francos e libras investidos nas ações.
    • Uma consequência dessa separação entre a propriedade e a administração das empresas foi a emergência de uma "nova classe média", não mais o pequeno proprietário, o profissional liberal e o funcionário público, mas um segmento social que possuía "saber especializado" para vender ao capital (engenheiros, técnicos, executivos, etc. ). O surgimento desse novo setor social, contrariando a profecia de Karl Marx de que ocorreria o desaparecimento das classes médias pela concentração de capital nas mãos de alguns e pela proletarização crescente da maioria da sociedade, foi um fator que impediu a revolução socialista na Europa Ocidental e nos Estados Unidos da América;
    • Acionistas - Burocracia - Empresa
    • PELA CORRIDA NEOCOLONIALISTA E O IMPERIALISMO - o extraordinário aumento da produção, em razão de uma tecnologia crescentemente sofisticada, gerou excedentes que superavam a demanda dos mercados dos países ricos; além disso, os lucros dos capitalistas proporcionaram excedentes de capital que precisavam ser aplicados nas nações situadas fora do continente europeu. Também as nações hegemônicas se viam diante do desafio da explosão demográfica e necessitavam de áreas externas para a fixação de contingentes populacionais e, por fim, a indústria dos países centrais ainda precisava de matérias primas produzidas pelas áreas periféricas. Isso provocou uma corrida em busca de colônias na Ásia e na África: fase imperialista do capitalismo.
A partilha da Ásia e da África

O CAPITALISMO DO SÉCULO XX

Após a Primeira Guerra Mundial (1914 -1918), Os Estados Unidos da América se tornaram a maior nação capitalista do mundo. Nos anos 20, a prosperidade americana foi extraordinária. Razões dessa prosperidade:

  • Os Estados Unidos vendiam produtos para uma Europa destruída pela guerra;
  • As indústrias americanas eram novas e não tinham sido destruídas pela guerra;
  • Os Estados Unidos tinham tecnologia avançada para a época.

O automóvel foi um dos símbolos da prosperidade americana nos anos 20.

O automóvel foi um dos símbolos da prosperidade americana nos anos 20.

Ao longo da década de 1920, a Europa se reconstruiu e passou a não mais comprar produtos americanos. Isto deu origem à grande crise americana: a Grande Depressão dos anos 30, ainda iniciada em 1929, com a "quebra" da bolsa de Nova York: as indústrias pararam e o desemprego foi enorme. Em 1933, foi eleito presidente dos Estados Unidos Franklin Delano Roosevelt, que criou a política do "New Deal".

O "New Deal" foi a intervenção do Estado (governo) na economia. Essa intervenção se deu:

  • pela compra, por parte do Estado, dos excedentes agrícolas e industriais, visando manter preços;
  • pela fixação de cotas decrescentes de produção;
  • pelas encomendas de produtos, por parte do Estado (governo), com o objetivo de recuperar as empresas em crise; pela criação de um Estado previdenciário.

A partir da Segunda Guerra Mundial (1939 - 1945), a situação política do mundo era:

      • Estados Unidos da América - a maior potência do planeta.
      • Inglaterra - enfraquecida e perdendo suas áreas coloniais.
      • A União Soviética - país socialista bastante destruído pela invasão nazista.
      • Alemanha e Japão - arrasadas pelas nações aliadas durante a Segunda Guerra Mundial.
      • França - conhecia o colapso econômico.

Quanto ao aspecto econômico

A ECONOMIA MUNDIAL PÓS-SEGUNDA GUERRA

DOMÍNIO AMERICANO- em 1944, na Conferência de Bretton Woods foram tomadas as seguintes decisões: o dólar seria a moeda-padrão da economia mundial e foram criados o Banco Mundial e o Fundo Monetário Internacional (FMI), organismos encarregados de organizar a economia e as finanças mundiais;

MUDANÇA NO IMPERIALISMO- até a Segunda Guerra Mundial, os países ricos investiam nas nações somente no setor de serviços (bancos, comércio, transporte, comunicações, etc.); agora, as aplicações de capital passaram a ser feitas em indústrias instaladas nos países menos desenvolvidos;

NOVA "DIVISÃO MUNDIAL DO TRABALHO"

"PRIMEIRO MUNDO"- as potências capitalistas do Hemisfério Norte (Estados Unidos, Europa Ocidental e Canadá) vendem tecnologia avançada, investem capitais em serviços e indústrias nos países subdesenvolvidos de onde importam matérias-primas, gêneros agrícolas e alguns poucos bens manufaturados.

"SEGUNDO MUNDO"- a União Soviética e os demais países socialistas.

OS "TIGRES ASIÁTICOS"- o Japão, recuperando-se da derrota, acompanhado por outras nações da Ásia (Coreia, Taiwan, Malásia e Indonésia), desenvolveu seu modelo de capitalismo: produção de bens a preços baixos e destinados à exportação.

GLOBALIZAÇÃO- outro aspecto importante do capitalismo contemporâneo é a crescente internacionalização da produção industrial, dos serviços, das redes de comunicação e do sistema financeiro. Essa mundialização econômica gerou: padronização da tecnologia e dos métodos administrativos.

CRESCIMENTO DO SETOR SERVIÇOS- hoje, a prestação de serviços (empresas de turismo, bancos, consultorias, etc.) vem suplantando o setor industrial produtivo.

AS VANTAGENS DA GLOBALIZAÇÃO

      • permitir a livre circulação de capitais e bens;
      • permitir a livre circulação de ideias, enriquecendo as diversas culturas do planeta;
      • proporcionar mais informações, por meio das redes mundiais de televisão.
      • aproximar os povos.

AS DESVANTAGENS DA GLOBALIZAÇÃO

    • aumentar as diferenças entre as nações desenvolvidas (dotadas de tecnologia avançada) e as subdesenvolvidas (desprovidas de tecnologia). Atualmente, os países pobres pagam alto preço pela importação de métodos administrativos e técnicos sofisticados;
    • provocar o desemprego estrutural -as pessoas sem estudo e sem qualificação técnica estão perdendo seus empregos pois não sabem operar as novas tecnologias;
    • por aumentar as diferenças entre as classes sociais, pois as pessoas estudadas e qualificadas recebem altos salários e as não qualificadas, mesmo quando empregadas, têm seus salários desvalorizados.

Sumário

- Primeira Revolução Industrial
- Segunda Revolução Industrial
- O Capitalismo do Século XX
i. A Economia Mundial Pós-Segunda Guerra
ii. Nova "Divisão Mundial do Trabalho"
iii. As Vantagens da Globalização
iv. As Desvantagens da Globalização