Rússia e a Região do Cáucaso

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RÚSSIA: Conflito na Região do Cáucaso

Cáucaso é a área geográfica que divide a Europa Oriental e a Ásia Ocidental. No Cáucaso vivem aproximadamente 21 milhões de pessoas. Os conflitos no Cáucaso são uma série de guerras e conflitos separatistas e étnicos que ocorreram nessa área geográfica desde a época da União Soviética até o fim da Guerra Fria.

REGIÃO DO CÁUCASO

A região do Cáucaso marca uma das fronteiras entre a Europa e a Ásia, localizada entre os mares Negro e Cáspio. Há uma grande bacia petrolífera no Mar Cáspio, cujos oleodutos atravessam a região caucasiana.

Após 1989, com o desaparecimento da URSS, ocorreu a criação de três novos Estados na região (Armênia, Geórgia e Azerbaijão), enquanto seis repúblicas da região permaneceram na Confederação Russa, entre elas a Chechênia.

CONFLITO NA CHECHÊNIA

Vemos na Europa mais um conflito de nação-estado: a Rússia e a Chechênia. A Chechênia é uma região separatista em relação à Federação Russa, devido a diferenças étnico-religiosas. Os chechênios praticam o islamismo. O conflito é visto pelos chechênios como uma batalha pela sobrevivência e independência nacional, enquanto, para a Rússia, é uma luta por interesses políticos e econômicos e contra o terrorismo. O resultado tem sido uma guerra sangrenta com alto número de vítimas em ambos os lados. Os chechênios vêm resistindo ao domínio russo por séculos, e não parece haver uma possibilidade de rendição. Não há sinais de que o conflito esteja chegando a uma solução.

Mapa - Rússia e a Chechênia

Chechênia

A Chechênia está localizada nas montanhas do norte do Cáucaso.

A localização da Chechênia é estratégica para o governo russo. A região possui reservas petrolíferas e é uma área de passagem de oleodutos que ligam Moscou e a Europa aos poços de petróleo da região do Cáspio. A Rússia luta para evitar a independência de repúblicas separatistas, com fortes represálias a qualquer tentativa.

Além do interesse do petróleo, Moscou não quer uma maior fragmentação do país, como ocorreu na Iugoslávia.

Veremos um histórico do conflito e a atual situação dos chechênios.

A História do Conflito

A origem do conflito ocorreu no ano de 1859. Após décadas de guerra, os chechênios foram conquistados pelo exército do czar russo e, desde o início da ocupação, não aceitaram o domínio da Rússia.

Durante a década de 1930, os chechênios foram forçados a obedecer aos soviéticos, sendo obrigados a trabalhar nos campos e tendo suas práticas religiosas restringidas. Em 1934, os chechênios e os inguches foram unificados sob a Rússia Soviética e, em 1936, foram elevados ao status de república autônoma. Em fevereiro de 1944, durante a Segunda Guerra Mundial, o líder soviético da época, Joseph Stalin, acusou os chechênios e os inguches de colaborar com os nazistas. A república unificada foi abolida, e Stalin os deportou para o Cazaquistão. Os chechênios somente voltaram ao seu território em 1953, após a morte de Stalin, o déspota soviético.

A república Chechênia-Inguche foi restaurada em janeiro de 1957 e, até 1991, foi uma das 21 repúblicas que constituíam a União Soviética. Essas repúblicas eram as unidades administrativas com maior autonomia dentro da Federação Soviética.

Em 1991, com a desintegração da União Soviética, a Chechênia separou-se da Inguchétia e formou a República de Ichkeria; os inguches formaram sua própria república. O governo russo e outras nações se recusaram a aceitar a independência da região. A Chechênia não conseguiu convencer os estrangeiros a investir em sua economia.

Em dezembro de 1994, as tropas russas invadiram a Chechênia para esmagar o movimento de independência da república, tomando controle de diversas áreas da Chechênia. Em maio de 1996, o presidente russo Boris Yeltsin e o presidente chechêno, Zelimkhan Yandarbiyev, assinaram um cessar-fogo; porém a luta continuou em ambos os lados. O governo russo ofereceu aos chechênios autonomia quase total dentro da Federação Russa, mas se recusou a permitir que a república se tornasse completamente independente. Enquanto alguns chechênios estavam dispostos a apoiar um acordo de paz para encerrar a guerra, os rebeldes continuaram a lutar, alegando que não fariam acordo por nada menos que uma independência total.

Cidade Chechênia
Cidade Chechênia

A primeira guerra entre russos e chechenos terminou em agosto de 1996. A Rússia havia perdido a guerra. Houve um acordo para adiar a decisão sobre o status oficial da Chechênia até 2001. Os russos retiraram-se, admitindo a derrota, seguido de um cessar-fogo que deu à Chechênia sua autonomia. A guerra resultou em mais de 40 mil mortes e deixou centenas de milhares de pessoas desabrigadas.

Em maio de 1997, foi assinado um tratado de paz para oficializar os termos do acordo anterior. Ambos os lados prometeram não utilizar força militar e a Rússia prometeu apoio econômico à Chechênia, já que a região havia sido destruída pela guerra. Porém, a paz não durou muito e, em agosto de 1999, a luta recomeçou quando militantes islâmicos (rebeldes chechênios) invadiram a república russa vizinha de Dagestan, ocupando diversas vilas, perpetrando atentados à bomba a apartamentos em várias cidades russas e matando cerca de 300 pessoas. Os líderes russos creditaram a autoria aos rebeldes chechênios. Em resposta, as tropas russas bombardearam e invadiram a Chechênia, capturando a capital Grozny, e forçando a retirada dos rebeldes para as montanhas, onde continuaram a planejar ataques de guerrilha contra as tropas russas.

Os atentados terroristas à Moscou e outras cidades russas foram retomados. Os insurgentes e defensores chechênios levaram a batalha para além da Rússia, participando de atos terroristas como sequestros de aviões em países como a Turquia.

A guerra praticamente destruiu Grozny e deixou milhares de mortos em ambos os lados. Cerca de 3.800 soldados russos morreram e 14 mil foram feridos. Os números de rebeldes mortos e feridos são ainda maiores. Ambos os lados cometeram atrocidades. De acordo com as Nações Unidas, atualmente mais de 150 mil chechênios estão refugiados, e há um número semelhante de desabrigados no território. A quantidade de civis mortos é desconhecida.

Ao longo dos anos, os rebeldes chechênios vêm realizando vários atos terroristas, tomando cidadãos como reféns. O presidente russo, Vladimir Putin, tem sido forte na luta contra a separação da Chechênia e firme na sua posição de não negociar com terroristas.

Vladimir Putin
Vladimir Putin

Entre vários dos ataques terroristas perpetuados por rebeldes chechênios estão:

Em junho de 1995, os chechênios se rebelaram na cidade de Budyonnovsk, ao sul, e tomaram mais de mil reféns em um hospital. As tropas russas não conseguiram controlar a situação, resultando na morte de 166 reféns, além de policiais e soldados.

Em 24 de outubro de 2002, um teatro em Moscou tornou-se o novo palco para o terrorismo na Rússia. Cerca de 50 rebeldes chechênios, fortemente armados, tomaram o edifício enquanto um público de mais de 700 pessoas assistia à apresentação. Centenas de reféns morreram na operação de resgate.

terroristas chechênios invadiram uma escola na república russa da Ossétia do Norte

No dia 1 de setembro de 2004, terroristas chechênios invadiram uma escola na república russa da Ossétia do Norte. Os militantes fizeram cerca de 350 crianças, pais e professores reféns e se recusaram a negociar enquanto as tropas russas não se retirassem da Chechênia. Os terroristas ameaçaram explodir a escola caso as autoridades russas lançassem uma operação de resgate. Mais de 400 pessoas foram mortas entre bombas, tiroteios, falta de água e de comida.

Relações entre a Geórgia e a Rússia

A Geórgia, que fazia parte da União Soviética, declarou sua independência em 1991, após o colapso do império soviético. Desde então, as relações entre a Geórgia e a Rússia tem sido tensas. A Geórgia acusa a Rússia de imperialismo e o governo russo critica a Geórgia por ter adotado uma política externa anti-Rússia.  Isso porque a Geórgia escolheu não aderir à Comunidade dos Estados Independentes (CEI) – organização composta por países que pertenciam à União Soviética. Em vez disso, escolheu adotar uma posição pró-OTAN e pró-Estados Unidos.

Do ponto de vista da geopolítica mundial, a estabilidade na Geórgia é fundamental, pois esse país é um importante corredor para o transporte de gás e petróleo do Mar Cáspio para o Ocidente. A Geórgia não produz petróleo e as companhias de energia ocidentais contam com esse país pró-ocidental que está localizado entre o Irã e o monopólio dos oleodutos e gasodutos russos, para ajudar nas exportações de hidrocarbonetos extraídos do Azerbaijão, à beira do Mar Cáspio.

Apenas um ano após obter a sua independência, a Geórgia já sofria conflitos internos: a Ossétia do Sul reivindica a anexação à Ossétia do Norte, que pertence à Federação Russa, e a Abecásia, uma república autônoma no norte da Geórgia, pleiteia sua independência desde 1992.

A Ossétia do Sul – que compreende um território de aproximadamente quatro mil quilômetros quadrados – está localizada a cerca de 100 quilômetros ao norte da capital da Geórgia, Tbilisi, na encosta sul das montanhas do Cáucaso. 

O colapso da União Soviética gerou o nascimento de um movimento separatista na Ossétia do Sul, que sempre se sentiu mais próxima à Rússia do que à Geórgia. A maioria dos seus habitantes, quase 70 mil, é etnicamente diferente dos georgianos. Falam sua própria língua, que é parecida com a persa. Os habitantes da Ossétia do Sul afirmam que foram conquistados pela Geórgia durante o regime soviético e que desejam exercer seu direito à autodeterminação. 

Em março de 2008, a Ossétia do Sul pediu ao mundo que reconhecesse sua independência. Em abril do mesmo ano, a Ossétia do Sul rejeitou um acordo georgiano de divisão de poder, insistindo que desejava a sua independência.

No dia 8 de agosto de 2008, forças da Geórgia invadiram a Ossétia do Sul. A Rússia retaliou ao invadir o território georgiano. O conflito, que durou apenas cinco dias, deixou mais de mil mortos.

Em 26 de agosto de 2008, a Rússia reconheceu a independência das regiões separatistas georgianas da Ossétia do Sul e da Abecásia. Tal decisão foi duramente criticada pelos Estados Unidos e pela OTAN.

A Geórgia, que acredita que a Moscou deseja preservar a sua influência na região, acusa a Rússia de enviar tropas russas para ajudar os separatistas. Já a Abecásia e a Ossétia do Sul veem o apoio russo como uma garantia contra as agressões da Geórgia.

A Rússia também acusa a Geórgia de apoiar os rebeldes chechenos.

Atualmente, a Geórgia permanece um ponto de tensão na comunidade internacional.

Sumário

- Região do Cáucaso
- Conflito na Chechênia
- Relações entre a Geórgia e a Rússia

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