Pele

Revestimento

Nos animais, reconhecem-se quatro tecidos fundamentais, divididos em vários subtipos: tecido epitelial, conjuntivo, muscular e nervoso. Os diferentes tipos de tecido são distinguíveis ao microscópio óptico, tratando-se o material com líquidos (fixadores) que coagulam as proteínas, mantendo-as no lugar.

Encontra-se epitélio (tecido epitelial) no corpo onde exista uma superfície a proteger (epitélio de revestimento) ou substância a secretar (epitélio glandular). As células epiteliais ficam intimamente unidas, deixando entre elas um mínimo de substância intercelular. Isso contrasta com o que se vê nos tecidos conjuntivos, em que as células ficam separadas por uma substância intercelular proteica secretada por elas.

A pele faz a cobertura completa do corpo. Com suas estruturas acessórias ou anexas executa múltiplas funções. Um tegumento resistente representa enorme proteção contra lesões e ataques de outros animais.

A pele é uma linha de defesa ininterrupta contra a invasão de microrganismos, além de proteger também contra agentes físicos e químicos deletérios. Pode desempenhar diversas funções reguladoras: quantidade de água e sais, absorção de oxigênio e eliminação de resíduos metabólicos.

Por estar em contato direto com o meio externo, a pele contém os órgãos dos sentidos mais importantes, ligados ao sistema nervoso, o qual tem a mesma origem da epiderme (ectoderme embrionária).

A pele não é homogênea, sendo composta por duas partes: epiderme e derme, intimamente unidas, porém de natureza e origem distintas. A epiderme é mais superficial e é formada por tecido epitelial; a derme, mais profunda, é formada basicamente por tecido conjuntivo.

A epiderme dá origem a várias estruturas, como pelos, penas e diferentes glândulas anexas. A derme contém músculos lisos, que se contraem, arrepiando nossos pelos. É também a contração desses músculos que faz sair o suor, produzido pelas glândulas sudoríparas, e a substância gordurosa, produzida pelas glândulas sebáceas. Os dois tipos de glândulas umedecem e lubrificam a pele.

Corte da pele
Corte da pele

As glândulas sudoríparas também desempenham importante papel na regulação da temperatura do corpo. O suor, ao evaporar-se, tira calor da pele e do sangue que passa por ela.

Os pelos exercem um sistema de isolamento exclusivo dos mamíferos, que é análogo às penas das aves. Os pelos sãos constituídos por células epidérmicas queratinizadas, mortas e compactadas. O pelo nasce dentro de uma pequena depressão da pele, o folículo piloso. No fundo do folículo, células em contínua multiplicação fabricam queratina, morrem e se compactam, originando o pelo.

As células que originam o pelo são nutridas e oxigenadas por capilares sanguíneos presentes junto ao folículo. Cada pelo está ligado a um pequeno músculo eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se encarregam de sua lubrificação.

Cada pelo está ligado a um pequeno músculo eretor, que permite sua movimentação, e a uma ou mais glândulas sebáceas, que se encarregam de sua lubrificação

Nos mamíferos ocorrem diversos tipos de glândulas:

  • Sebáceas de secreção gordurosa, localizadas na superfície interna dos pelos, que lubrifica os pelos e a pele.
  • Sudoríparas, que produzem uma secreção aquosa contendo sais, ureia e outros produtos de excreção; a eliminação desta secreção pela pele, ajuda a regular a temperatura. As glândulas sudoríparas estão presentes em poucos mamíferos, entre os quais, o cavalo e o homem; cães e gatos "não têm" glândulas sudoríparas.
  • As glândulas mamárias produzem o alimento indispensável para a amamentação do filhote, garantindo seu sustento, até que possa conseguir alimento por recursos próprios.

Todas as glândulas derivam, no embrião, de algum epitélio de revestimento que forma um broto para dentro do tecido conjuntivo subjacente. Nas glândulas de secreção externa (glândulas exócrinas), forma-se um canal nesse broto, que se abre para o exterior, para a saída das substâncias produzidas. As glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias são glândulas exócrinas, que se abrem na pele. As salivares, o pâncreas e o fígado são glândulas exócrinas pertencentes ao sistema digestório.

As glândulas de secreção interna (endócrinas) não têm canal de saída e seus produtos (hormônios) passam diretamente para o sangue dos capilares sanguíneos.

Regulação da temperatura

O organismo do vertebrado só pode funcionar bem dentro de certos limites de temperatura. Nos vertebrados inferiores a temperatura interna tende a seguir a do meio, e a regulação é muito difícil. Porém, nos mamíferos e nas aves, a temperatura corporal se encontra sob o controle de um "termostato" nervoso na região hipotalâmica do cérebro. Desta maneira, a temperatura interna varia ao redor de 37oC. Quase toda a perda de calor tem lugar pela pele, que é de grande importância para esta regulação.

Sistema nervoso central
Sistema nervoso central

Temos sensores de temperatura, na pele e em outras partes do corpo, que "sentem" quando o calor ou o frio aumentam. Os sensores são ligados, por nervos, ao centro cerebral de temperatura, que fica no hipotálamo. Esse centro faz os músculos e as glândulas sudoríparas atuarem.

Homeotermia
Homeotermia

O tecido conjuntivo da derme e especialmente seu tecido adiposo, são de natureza isolante, assim como os pelos e as penas. Portanto, a pele desempenha um papel ativo na regulação da temperatura. Os pelos e as penas são reguladores ajustáveis, e a perda do suor é a que produz o esfriamento.

Tem grande importância o sistema vascular da pele, que se encontra sob o controle do sistema nervoso autônomo. Em uma pele "congestionada", cujas arteríolas e capilares se encontram dilatados, se perde calor rapidamente; quando as arteríolas se contraem (por exemplo, quando a pele empalidece), se conserva o calor.

Quando faz frio, os músculos lisos dos capilares sanguíneos da pele se contraem, diminuindo a perda de calor. Se isso não bastar, contrações involuntárias dos músculos esqueléticos (calafrios) produzirão calor. Ao contrário, se está quente, o centro cerebral determina que os vasos sanguíneos da pele se dilatem, perdendo calor para o ar. Ao mesmo tempo, as glândulas sudoríparas trabalham mais e a evaporação do suor resfria a pele.

Esse tipo de mecanismo se chama retroalimentação negativa (feedback -), porque as ordens, nesse caso dadas pelo hipotálamo, sempre se opõem (sentido inverso!) ao que está acontecendo. Contra o calor, fazem o corpo esfriar; contra o frio, conservam e produzem calor.

No organismo, o calor é produzido pelo exercício muscular, pela assimilação dos alimentos e por todos os processos vitais que contribuem para a intensidade do metabolismo basal e é perdido por irradiação, condução e evaporação da água nas vias respiratórias e na pele. Pequenas quantidades de calor são também retiradas pela urina e fezes.

O equilíbrio entre a produção e a eliminação de calor determina a temperatura corporal. Devido ao fato de a velocidade das reações químicas variar com a temperatura e dos sistemas enzimáticos do organismo terem margens estreitas de temperatura, dentro das quais sua função é ótima, a função normal do organismo depende de uma temperatura corporal relativamente constante.

Os animais inferiores não podem regular suas temperaturas corporais com muita eficiência e, portanto, estão à mercê do ambiente. Nos vertebrados, desenvolveram-se mecanismos para manter a temperatura corporal por ajuste da produção e da perda de calor. Nos répteis, anfíbios e peixes os mecanismos de ajuste são rudimentares e estas espécies são chamadas "animais de sangue frio" ou poiquilotérmicos (heterotérmicos ou pecilotérmicos), porque sua temperatura corporal varia dentro de um limite considerável. Nas aves e nos mamíferos, os "animais de sangue quente" ou homeotérmicos (endotérmicos), um grupo de respostas reflexas, integradas no hipotálamo, atua para manter a temperatura corporal dentro de um estreito limite, a despeito das amplas flutuações da temperatura ambiente. Os mamíferos hibernantes constituem uma exceção parcial: quando estão acordados são homeotérmicos, mas durante a hibernação sua temperatura corporal cai.

Em animais homeotérmicos, a temperatura normal na qual o corpo é mantido, varia de espécie a espécie e, em menor grau, de indivíduo a indivíduo. No homem, o valor normal da temperatura bucal é de 37oC. Várias partes do corpo estão a temperaturas diferentes e a grandeza da diferença de temperaturas entre as partes, varia com a temperatura ambiente. Geralmente, as extremidades estão mais frias do que o resto do corpo.

A temperatura normal do interior do organismo humano, sofre uma flutuação diurna regular de 0,5 a 0,7oC. A temperatura é mais baixa durante o sono, ligeiramente mais elevada no estado de vigília, porém tranquilo, e eleva-se com a atividade. Nas mulheres, há um adicional ciclo mensal de variação de temperatura, caracterizado por uma mudança da temperatura basal na época da ovulação. Nas crianças de tenra idade, normalmente, podem estar com a temperatura 0,5oC acima da norma estabelecida para o adulto.

Uma variedade de reações químicas contribui constantemente para a produção calórica corporal. A principal fonte de calor é a contração dos músculos esqueléticos. Hormônios como a epinefrina (adrenalina) e a norepinefrina (noradrenalina) produzem um aumento rápido, mas fugaz, da produção calórica e a tiroxina causa um aumento prolongado que se desenvolve lentamente.

Uma fonte de considerável calor em crianças é um tipo especial de gordura - gordura castanha - que está localizada entre e à volta das espáduas. Esta gordura tem elevada intensidade de metabolismo e sua função tem sido comparada à de um cobertor elétrico. A gordura castanha também é encontrada em vários animais, porém, ao contrário da gordura branca comum, não é encontrada nos adultos humanos.

A quantidade de calor que atinge a pele, vindo dos tecidos profundos, pode variar pela mudança do fluxo sanguíneo cutâneo. Quando os vasos da pele estão dilatados, o sangue quente flui para a pele, enquanto no estado de máxima vasoconstrição o calor é mantido centralmente no corpo.

As aves têm uma camada de penas junto à pele e a maioria dos mamíferos tem uma significativa camada de pelos ou pelagem. O calor é conduzido da pele para o ar aprisionado nessa camada e desse ar para o exterior. Quando a espessura da camada aprisionada aumenta pelo arrepiar das penas ou ereção dos pelos (horripilação), a transferência de calor através da camada é diminuída e as perdas calóricas (ou, em um ambiente quente, o ganho calórico) são reduzidas.

Outro importante processo que transfere o calor do corpo no homem e nos animais que transpiram, é a evaporação da água na pele e nas membranas mucosas da boca e das vias respiratórias. A evaporação de 1 grama de água retira cerca de 0,6 kcal de calor.

Alguns mamíferos perdem calor pelo ofegar. Esta respiração rápida e superficial eleva grandemente a quantidade de água evaporada na boca e nas vias respiratórias e, portanto, a quantidade de calor perdido.

Mecanismos reguladores da temperatura

Mecanismos ativados pelo frio:

Tiritar

aumentam a produção calórica

Fome

Aumento da atividade voluntária

Aumento da secreção da epinefrina e da norepinefrina

Vasoconstrição cutânea

diminuem a perda calórica

Enrolamento

Horripilação

Mecanismos ativados pelo calor:

Vasodilatação cutânea

aumentam a perda calórica

Sudação

Aumento da respiração

Anorexia

diminuem a produção calórica

Apatia e inércia

Enrolar "como uma bola", é uma reação comum ao frio, em animais, e é a posição correspondente que algumas pessoas assumem ao deitarem-se em uma cama fria. Enrolar-se diminui a superfície corporal exposta ao ambiente.

O tremor é uma resposta involuntária dos músculos esqueléticos, mas o frio também causa um aumento geral semiconsciente da atividade motora, por exemplo, bater os pés, agitar os braços e andar agilmente de um lado para outro, em um dia frio.

As respostas reflexas, ativadas pelo frio ou pelo calor, são regidas pelo hipotálamo. Lesões em diferentes regiões do hipotálamo podem levar tanto à hipertermia, quanto à queda drástica da temperatura corporal.

Febre

A febre é, talvez, o mais antigo e o mais universalmente conhecido sinal da doença. Quando um indivíduo está febril, os seus mecanismos termorreguladores se comportam como se estivessem ajustados para manter sua temperatura corporal a um nível mais elevado do que o normal, isto é, "como se o seu termostato tivesse sido reajustado" para um novo ponto de ajuste acima de 37oC. Os seus receptores de temperatura, então sinalizam que a sua real temperatura está abaixo do novo ponto de ajuste. Os mecanismos de elevação da temperatura são ativados, produzindo sensações de frio devido à vasoconstrição cutânea e, ocasionalmente, tremor para produzir um calafrio. Os salicilatos, presentes em analgésicos como a aspirina, parecem aliviar a febre baixando o ponto de ajuste dos mecanismos termorreguladores para o normal.

Pele Humana

A pele recobre a superfície do corpo e apresenta-se constituída por uma porção epitelial de origem ectodérmica, a epiderme, e uma porção conjuntiva de origem mesodérmica, a derme. Abaixo e em continuidade com a derme está a hipoderme, que embora tenha a mesma origem da derme, não faz parte da pele, apenas lhe serve de suporte e união com os órgãos adjacentes.

Pele Humana

A pele é um dos maiores órgãos, atingindo 16% do peso corporal. Apresenta múltiplas funções, entre as quais:

  • proteger o organismo contra a perda de água por evaporação - dessecação - e contra o atrito, graças à camada córnea que reveste a epiderme.
  • através de suas terminações nervosas está em comunicação constante com o ambiente.
  • por meio de seus vasos, glândulas e tecido adiposo, colabora na termorregulação do corpo.
  • suas glândulas sudoríparas participam da termorregulação e da excreção de várias substâncias.
  • a melanina, pigmento produzido e acumulado na epiderme, tem função protetora contra os raios ultravioleta.
  • na pele se forma vitamina D3 pela ação da radiação ultravioleta do sol sobre precursores sintetizados pelo organismo.
  • possuindo linfócitos na derme e células apresentadoras de antígenos na epiderme, a pele tem importante papel nas respostas imunitárias do organismo aos alérgenos que entram em contato com ela.

O limite entre a epiderme e a derme não é regular, apresentando saliências e reentrâncias das duas camadas, que se imbricam e se ajustam entre si, aumentando a coesão entre a epiderme e a derme - trazem maior resistência à pele. Essas projeções da derme recebem o nome de papilas dérmicas, sendo mais frequentes nas zonas sujeitas a pressões ou atritos.

Tegumento é revestimento externo, sendo constituído principalmente pela pele, onde são observadas várias estruturas anexas, que são os pelos, unhas e glândulas sudoríparas e sebáceas.

A presença de vasos sanguíneos na derme é revelada quando "sai sangue" de um ferimento da pele. Ficam mergulhados na derme - embora sendo de origem epitelial - as glândulas sudoríparas e sebáceas, que se abrem para o exterior, e os bulbos dos pelos.

glândulas sudoríparas e sebáceas

A derme contém músculos lisos, que ao se contraírem, arrepiam os pelos. É pela contração desses músculos que sai o suor, produzido pelas glândulas sudoríparas, e a substância gordurosa, produzida pelas glândulas sebáceas. Os dois tipos de glândulas umedecem e lubrificam a pele.

As glândulas sudoríparas também desempenham importante papel na regulação da temperatura do corpo. O suor, ao evaporar-se, retira calor da pele e do sangue que passa por ela. As glândulas sudoríparas, sebáceas e mamárias são glândulas exócrinas, que se abrem para o exterior - na pele - para a saída das substâncias produzidas.

As escamas dos peixes e répteis, as penas e bicos das aves e os dentes resultam de alterações do tegumento.

As células epiteliais - epitélio de revestimento - ficam intimamente unidas, deixando entre elas um mínimo de substância intercelular. Isso contrasta com o que se vê nos tecidos conjuntivos, em que as células ficam separadas por uma substância intercelular proteica secretada por elas.

células epiteliais

A epiderme é formada por várias camadas de células. As mais profundas, em multiplicação constante, fornecem células para substituir as que morrem e se desprendem da superfície. Assim, a epiderme sempre se renova.

As células das camadas superiores se fundem, acumulam uma substância córnea chamada queratina e acabam morrendo. Mesmo assim, as camadas queratinizadas retêm os micróbios, impedindo sua entrada e evitando infecções. Nos locais de maior atrito, como os calcanhares, a camada de células queratinizadas é mais espessa. Com o tempo, são eliminadas e substituídas por novas células queratinizadas.

substância córnea chamada queratina

A epiderme, além de ser um epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, apresenta ainda três tipos de células: os melanócitos e as células de Langerhans (sistema imunitário) e de Merkel (mecano-receptoras). Os melanócitos são células originadas das cristas neurais do embrião e que invadem a pele entre a 12a e a 14a semanas da vida intrauterina. A espessura e a estrutura da epiderme variam com o local estudado, sendo mais espessa e complexa na palma da mão e planta do pé.

melanócitos e as células de Langerhans (sistema imunitário) e de Merkel (mecano-receptoras)

Dentre os vários estratos epidérmicos, a camada basal é constituída por células prismáticas ou cuboides repousando sobre membrana basal que separa a epiderme da derme. Essa camada, que contém as células fonte da epiderme, é também chamada de germinativa. Apresenta intensa atividade mitótica, sendo responsável pela constante renovação da epiderme.

Calcula-se que a epiderme humana se renova cada 20 a 30 dias. As células da camada basal contêm filamentos intermediários constituídos de queratinas. À medida que a célula se diferencia e avança para a superfície, o número destes filamentos aumenta, e na camada córnea as queratinas constituem a metade das proteínas totais desta camada. Sob um tecido epitelial há sempre uma espécie de tapete de moléculas de proteínas ao qual as células se ligam: a lâmina basal.

epiderme humana

Acima da camada basal encontra-se a camada espinhosa, cujas células apresentam pequenas expansões citoplasmáticas que contêm tonofibrilas partindo de cada uma das células adjacentes. Essas expansões citoplasmáticas se aproximam e se mantêm unidas através dos desmossomos, o que dá à célula um aspecto espinhoso. O microscópio eletrônico mostrou que as tonofibrilas são feixes de filamentos intermediários de queratina que terminam inserindo-se em desmossomos, estruturas estas frequentes e bem desenvolvidas nessas células. As tonofibrilas e desmossomos têm importante função na manutenção da coesão das células da epiderme e na sua resistência ao atrito.

É na camada espinhosa que aparecem, com mais frequência, as células de Langerhans. Estas são apresentadoras de antígenos e fazem parte do sistema imunitário, podendo processar e acumular na sua superfície os antígenos cutâneos, apresentando-os aos linfócitos. Originam-se de células precursoras trazidas da medula óssea, pelo sangue.

Mais externamente aparece a camada granulosa com grânulos de querato-hialina, os quais vão contribuir para a constituição do material citoplasmático interfilamentoso da camada córnea, que é o estrato mais externo. A camada córnea está constituída por células achatadas, mortas e sem núcleo; o citoplasma desses células apresenta-se repleto de uma escleroproteína filamentosa, a queratina, rica em ligações dissulfeto (S-S).

epiderme, derme, tecido subcutâneo

Essa descrição anterior corresponde à epiderme na sua maior complexidade, que é encontrada na planta do pé e palma da mão. Nas outras regiões do corpo, a epiderme é mais fina e mais simples, faltando a camada granulosa, e apresentando uma camada córnea muito reduzida.

Em um determinado instante durante a queratinização ocorre liberação das enzimas líticas dos lisossomos, com digestão de vários orgânulos citoplasmáticos: mitocôndrias, aparelho de Golgi e núcleo. Este fenômeno explica o aspecto hialino e a perda da estrutura celular da camada córnea.

A epiderme é responsável pela impermeabilidade da pele, o que dificulta a evaporação de água pela superfície corporal.

Sendo a função dos tecidos epiteliais revestir e secretar, é adequado que suas células fiquem bem encostadas umas às outras. Os tecidos conjuntivos, ao contrário, atuam, em grande parte, por intermédio de fibras de proteína que suas células sintetizam e lançam nos amplos espaços que deixam entre si. As fibras de colágeno - uma proteína - são muito resistentes à tração e as fibras elásticas - formadas pela proteína elastina - tendem a voltar ao comprimento anterior, quando distendidas.

fibras

Os dois tipos de fibras combinam-se em diversas proporções nos tecidos conjuntivos, dando-lhes propriedades adequadas para as funções que desempenham. O tecido conjuntivo frouxo é mais próprio para acolchoar outros tecidos. Ele faz a ligação entre a pele e os músculos que ficam por baixo dela e contém capilares sanguíneos e linfáticos.

Melanina

A cor da pele resulta de uma série de fatores, entre os quais os de maior importância são: seu conteúdo em melanina e caroteno, a quantidade de capilares na derme e a cor do sangue que corre nesses capilares.

A melanina é um pigmento de cor marrom escura, produzido pelo melanócito, que se encontra geralmente nas camadas basal e espinhosa da epiderme. Trata-se de uma célula de citoplasma globoso, de onde partem prolongamentos que se dirigem em direção à superfície da epiderme, e com núcleo de forma irregular e central. Os prolongamentos dos melanócitos penetram em reentrâncias das células das camadas basal e espinhosa e transferem os grânulos de melanina para as células dessas camadas.

A síntese de melanina ocorre no interior dos melanócitos e a enzima tirosinase tem importante participação nesse processo. Devido à ação dessa enzima, o aminoácido tirosina é transformado primeiro em 3,4-diidroxifenilalanina - DOPA. Essa enzima também age sobre a DOPA, produzindo a DOPA-quinona, que, após uma série de transformações dá a melanina. Sabe-se que a tirosinase é sintetizada ao nível do retículo endoplasmático rugoso e acumulada em vesículas formadas no aparelho de Golgi.

A síntese de melanina ocorre no interior dos melanócitos

Quando não existe atividade tirosinásica no melanócito ou essa atividade está muito reduzida, não há produção de melanina. É o que ocorre nos casos de albinismo.

Uma vez formados, os grânulos de melanina migram pelos prolongamentos do melanócito e são injetados no interior das células epiteliais, que funcionam como depósitos de melanina e contêm, geralmente, maior quantidade desse pigmento do que os melanócitos. Nas células epiteliais os grânulos de melanina localizam-se em posição supranuclear (capuz), onde oferecem máxima proteção do DNA, contra a radiação ultravioleta.

O escurecimento da pele por exposição à luz solar ocorre inicialmente devido ao escurecimento de parte da melanina preexistente e, numa segunda etapa, pela aceleração da síntese da melanina.

O limiar de queimaduras pelo sol - radiação ultravioleta - é muito mais elevado em negros do que em brancos. Isso não é meramente uma questão de maior espessamento de camada córnea; as camadas do estrato córneo, obtidas de negros, eram ligeiramente mais espessas do que as de europeus. Pode ser mostrada a maior opacidade da camada córnea dos negros, com seu pigmento de melanina de colorido mais escuro, em relação a uma fonte de ultravioleta.

O câncer de pele é muito raro em negros dos EUA e os sul-africanos. Quando ocorrer câncer de pele, nos negros, ele se localiza tanto na região exposta como na não exposta, o contrário dos verificado em europeus. A incidência de epitelioma entre os indivíduos negros da Cidade do Cabo - híbridos de hotentotes e brancos - é muito menor do que nos europeus. Na Argentina, a maioria dos casos de câncer da pele ocorre entre os imigrantes, e muito raramente em índios ou negros. Os melanomas são também mais raros em negros do que nos europeus.

Quando você "toma banho de sol", você recebe e absorve raios ultravioleta e infravermelho, que, em pequenas quantidades, fazem bem à pele. Porém, é absolutamente necessário o uso do filtro solar, especialmente nos dias de hoje em que a camada de ozônio sofreu danos. A camada de ozônio filtra os raios ultravioleta; sem essa filtração, ficamos expostos a uma quantidade maior de raios nocivos, que podem causar envelhecimento precoce da pele  e câncer de pele.

Assim, a relação geográfica entre luz ultravioleta e cor da pele parece ser determinada pelo efeito protetor da pigmentação escura; as variedades de pele mais escura, no conjunto, são encontradas em regiões de maior intensidade de luz ultravioleta. Se europeus despidos forem expostos a uma forte radiação ultravioleta, é provável que a seleção favoreça intensamente os indivíduos mais escuros devido sua menor suscetibilidade ao câncer de pele; os melanomas são muito mais fatais, e uma elevada proporção ocorre no período reprodutivo. Também se deve considerar os efeitos imediatos de queimaduras por radiação solar; em condições naturais fortes queimaduras pelo sol são extremamente prejudiciais.

Hipoderme

É formada por tecido conjuntivo frouxo, que une de maneira pouco firme a derme aos órgãos adjacentes. É a camada responsável pelo deslizamento da pele sobre as estruturas na qual se apoia. Dependendo da região em estudo e do grau de nutrição do organismo, a hipoderme poderá ter uma camada variável de tecido adiposo que, quando desenvolvida, constitui o panículo adiposo. Como a gordura é bom isolante térmico, o panículo adiposo proporciona proteção contra o frio.

Pelos

Os pelos apresentam-se como delgadas estruturas queratinizadas, que se desenvolvem a partir de uma invaginação de epiderme. Sua cor, tamanho e disposição variam de acordo com a raça e a região do corpo. Estão presentes praticamente em toda a superfície do corpo, com exceção de algumas regiões bem delimitadas.

Os pelos são estruturas que crescem sem descontinuar, intercalando fases de repouso com fases de crescimento. No couro cabeludo humano, por exemplo, a fase de crescimento é muito longa, durando vários anos, enquanto a fase de repouso é da ordem de três meses. As características dos pelos de certas regiões do corpo - face e região pubiana - são influenciadas pelos hormônios sexuais.

Cada pelo se origina de uma invaginação da epiderme, o folículo piloso, que, no pelo em fase de crescimento, se apresenta com uma dilatação terminal, o bulbo piloso, em cujo centro se observa uma papila dérmica. As células que recobrem esta papila dérmica formam a raiz do pelo, de onde emerge o eixo do pelo. Na fase de crescimento, as células da raiz multiplicam-se e diferenciam-se em vários tipos celulares.

Observam-se na derme feixes de músculo liso dispostos obliquamente, que se inserem de um lado na bainha conjuntiva do folículo e de outro na camada papilar da derme. A contração desses músculos promove o eriçamento do pelo, advindo deste fato o seu nome de músculo eretor do pelo.

músculo eretor do pelo

A pigmentação do pelo processa-se graças à presença de melanócitos, que se dispõem entre a papila e o epitélio da raiz do pelo e fornecem melanina às células da raiz e córtex do pelo, de maneira análoga à que ocorre na epiderme. Enquanto a epiderme produz uma substância córnea - queratina - relativamente mole, com pouca adesividade e que descama sob a forma de partículas diminutas, as células do pelo formam uma massa compacta e coesa de substância córnea dura, que não se descama.

Unhas

São placas córneas - de queratina - que se dispõem na superfície dorsal das falanges terminais dos dedos e artelhos. A superfície da falange, que é recoberta pela unha, recebe o nome de leito ungueal. A porção proximal da unha é chamada de raiz da unha ou matriz. É na raiz da unha que se observa a sua formação, graças a um processo de proliferação e diferenciação das células epiteliais aí colocadas, que gradualmente se queratinizam, formando uma placa córnea.

A unha é constituída essencialmente por escamas córneas compactas, fortemente aderidas umas às outras. Elas crescem no sentido distal dos membros, deslizando sobre o leito ungueal, que tem estrutura típica de pele e não participa da firmação da unha.

raiz da unha ou matriz

Glândulas sebáceas

Situam-se na derme e os seus dutos geralmente desembocam na porção terminal dos folículos pilosos. Em certas regiões, porém (lábio, glande e pequenos lábios da vagina), os dutos abrem-se diretamente na superfície da pele. A pele glabra da palma das mãos e da sola dos pés não tem glândulas sebáceas.

As glândulas sebáceas são alveolares. Esses alvéolos apresentam-se formados por uma camada externa de células epiteliais achatadas, que se proliferam e diferenciam-se em células arredondadas, cheias de gotículas de lipídios, que enchem a luz dos alvéolos.

Como na glândula sebácea a formação da secreção resulta na morte das células que a elaboram, diz-se que é uma glândula do tipo holócrino. A secreção sebácea é uma mistura complexa de lipídios que contêm triglicerídeos, ácidos graxos livres, colesterol e seus esteres. A atividades dessas glândulas é influenciada por hormônios sexuais.

Glândulas sudoríparas

São encontradas em toda a pele, excetuando-se certas regiões, como a glande. São glândulas tubulosas simples, enoveladas. A maior parte da porção secretora encontra-se na derme. O duto da glândula abre-se na superfície da pele e apresenta-se constituído por epitélio que repousa sobre a membrana basal. As células da camada mais profunda apresentam invaginações da membrana plasmática e citoplasma rico em mitocôndrias, que são características de células que transportam íons e água.

O suor secretado por essas glândulas é uma solução extremamente diluída, que contém pouquíssima proteína, além de sódio, potássio, cloreto, ureia, amônia e ácido úrico. Ao atingir a superfície da pele o suor evapora, fazendo baixar a temperatura corporal. A presença de catabólitos no suor sugere que as glândulas sudoríparas têm também a função excretora.

Superfície da pele

Os vasos arteriais que suprem a pele formam dois plexos: um que se situa no limite entre a derme e a hipoderme e o outro entre as camadas papilar e reticular. Deste último plexo partem finos ramos para as papilas dérmicas. Cada papila tem uma única alça capilar, com um ramo arterial ascendente e um venoso descendente. Encontram-se frequentemente, na pele, anastomoses arteriovenosas que têm papel importante nos mecanismos de termorregulação do organismo.

O sistema de vasos linfáticos inicia-se nas papilas dérmicas como tubos de fundo cego, que convergem para um plexo entre as camadas papilar e reticular. Daí partem ramos para outro plexo localizado no limite da derme com a hipoderme.

A pele tem como uma das suas funções mais importantes receber sensações do ambiente, e, em consequência, apresenta-se ricamente inervada. Além disso, contém nervos aferentes para as glândulas e músculos eretores dos pelos. As terminações nervosas sensitivas encontram-se na hipoderme e na derme; nesta última se localizam principalmente nas papilas dérmicas.

Os folículos pilosos são envoltos por uma abundante rede de terminações nervosas livres, que têm uma função tátil importante. A epiderme também apresenta muitas fibras nervosas livres, de natureza sensitiva.

Sumário

- Revestimento
- Regulação da temperatura
i. Febre
- Pele Humana
- Melanina
- Hipoderme
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