Linguagem Literária
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Linguagem Literária
A linguagem literária é conotativa – utiliza palavras de sentido figurado. Na linguagem literária, as palavras adquirem sentidos mais amplos do que possuem. A linguagem literária dá beleza e mais vida a um texto.
Definição de Linguagem
Para que o ser humano consiga viver em sociedade, é necessário que ele estabeleça relações de comunicação com as demais pessoas. O mecanismo que permite a comunicação humana é denominado linguagem.
Linguagem é, portanto, qualquer meio sistemático de comunicar ideias ou sentimentos por meio de signos convencionais.
A linguagem humana pode ou não empregar palavras. Se a linguagem utiliza apenas imagens, ela é não verbal. Se ela utiliza apenas palavras, é verbal. Se ela utiliza tanto aspectos verbais como não verbais, é denominada híbrida.
A linguagem é a faculdade humana que permite a comunicação de pensamentos. Para isso, utilizam-se diferentes linguagens: gestos, símbolos, palavras, cores, sons, etc.
Por meio da linguagem, o ser humano transmite experiências. Assim, asseguram-se a continuidade do aprendizado e a manutenção da cultura.
Entre os vários tipos de linguagem, a que mais se destaca é a verbal: a capacidade de o homem se comunicar por meio de um sistema de signos vocais – a língua.
A linguagem verbal permite uma participação social interativa. A linguagem é, portanto, um elemento formador de uma comunidade.
Língua padrão
A linguagem verbal se realiza sob a forma de uma determinada língua. A língua apresenta variações significativas em função dos valores de uma sociedade. A língua se integra na cultura. Por ser um elemento fundamental para a comunicação dos integrantes de uma sociedade, a língua depende da cultura e, ao mesmo tempo, expressa manifestações culturais.
Figuras de Linguagem
O uso da linguagem figurada está presente nos romances, na poesia, nas propagandas e onde houver a intenção de dar à linguagem um efeito de sentido. Para criar sentidos conotativos, são utilizadas as figuras de linguagem – recursos do campo artístico que permitem criatividade e originalidade.
Denotação
Sentido denotativo: o sentido original, automático, restrito do termo.
A denotação (do latim denotatione – indicação) ocorre no texto se o enunciador utiliza as palavras em sentido literal. Uma palavra em sentido denotativo terá sempre o mesmo significado. Por exemplo, a palavra banana, em sentido denotativo, terá sempre o mesmo significado: o fruto de qualquer espécie do gênero Musa. (Já em sentido conotativo, banana significa uma pessoa frouxa, sem energia).
A denotação é frequentemente utilizada no discurso científico, em que é necessário que haja univocidade das palavras. Em tal tipo de texto, a enunciação utiliza as palavras em sentido literal – em conformidade com o dicionário. Os textos de caráter informativo que apresentam linguagem objetiva – livros didáticos, manuais, bulas, etc. – fazem uso da denotação. Quando há denotação, o significado das palavras deriva não do contexto, e sim, da convenção.
Conotação
Sentido conotativo: sentido criativo e não convencional que o vocábulo pode assumir em certos contextos.
A conotação (do latim cum + notatione – notação, marca) é empregada no texto quando uma palavra ou expressão tem seu sentido literal alterado. A poesia é geralmente conotativa. A prosa narrativa típica – um romance, por exemplo – emprega tanto a conotação como a denotação.
Exemplificando a diferença entre o sentido conotativo e denotativo de uma palavra:
Comi uma banana. (Denotação).
Esse técnico é um banana. (Conotação).
Principais figuras de linguagem
1. Metáfora: O pressuposto básico da metáfora é a possibilidade de associação entre dois elementos que não possuem relação objetiva de sentido entre si. A metáfora é, portanto, uma relação de comparação implícita entre dois elementos ou duas ideias.
A metáfora pode se apresentar de forma direta – metáfora impura – ou de forma indireta – metáfora pura.
Exemplo de metáfora impura:
A guerra é o inferno.
(Os dois seres em confronto – guerra e inferno – aparecem de forma explícita na frase).
Exemplo de metáfora pura:
Voltei do inferno (guerra).
(Um dos seres em confronto – guerra – está implícito).
Outros exemplos de metáforas:
O leão é um animal forte. (Fato)
Meu irmão é um leão. (Metáfora)
O gato é um belo animal. (Fato)
Priscila é uma gata. (Metáfora).
2. Símile ou Comparação: O símile tem essencialmente o mesmo pressuposto que a metáfora. A diferença entre essas duas figuras de linguagem se encontra no nível estrutural. Em um símile, há algum conectivo que, de forma explícita, estabelece a comparação. É importante ressaltar que para que o símile seja uma figura, é necessário que a comparação seja feita entre dois elementos que não possuam relação objetiva de sentido entre si.
Exemplos de símile ou comparação:
Henrique é tão vaidoso quanto um pavão.
Essa moça é delicada como uma flor.
3. Metonímia: A metonímia é a substituição de um termo por outro com o qual ele estabeleça uma relação objetiva de sentido.
Os principais casos de metonímia são:
i. O nome do autor pela obra:
Adoro ler Machado de Assis.
ii. O continente pelo conteúdo (e vice-versa):
Bebeu uma lata de refrigerante. (continente pelo conteúdo)
As ondas beijavam a areia. (areia = praia.) (conteúdo pelo continente)
iii. A causa pela consequência:
Estão destruindo o verde do país.
iv. A consequência pela causa:
O trabalhador vai suar sua camisa (suar = consequência, causa = trabalho).
v. O lugar pela coisa ou pelo produto:
Adoro tomar champanhe nas festas. (produto originário da região francesa de Champagne).
vi. A marca pelo produto:
Comprei um danone no supermercado.
vii. O inventor pelo invento:
Comprou um Ford.
viii. O “possuidor” pelo “possuído”:
Vou ao cabeleireiro todo mês.
ix. O determinado pelo indeterminado:
Fazer mil perguntas.
4. Sinédoque: Um tipo de metonímia em que o termo é substituído por outro de extensão maior ou menor.
Casos de sinédoque:
i. O todo pela parte e vice-versa.
As rodas levam progresso ao país inteiro. (Os caminhões)
ii. O singular pelo plural e vice-versa.
O brasileiro é romântico. (Os brasileiros).
iii. A matéria pelo instrumento.
O auditório aguardava ansiosamente a chegada da hora das cordas (instrumentos de corda).
iv. O abstrato pelo concreto
O esforço sempre prevalecerá. (Pessoas esforçadas).
5. Ironia: como figura de linguagem, é a expressão do contrário do que se fala ou pensa. Pode ser inferida pelo próprio contexto. (Vale ressaltar que os vestibulares costumam utilizar o termo ironia de forma mais ampla, associando-o a manifestações de deboche.)
Ele é fino como um hipopótamo.
6. Eufemismo: É uma forma linguística de atenuar uma ideia desagradável. Isto é, consiste na utilização de formas mais suaves para amenizar expressões que possam chocar ou ofender o interlocutor.
Vende-se produto para homens calvos. (calvos = carecas).
Ele foi à toalete (mictório).
7. Antítese: Consiste no emprego de palavras que se opõem quanto ao sentido.
Toda luz nasce na escuridão.
8. Pleonasmo: Consiste na repetição de uma ideia, com repetição ou não das mesmas palavras.
Resta-me a mim somente um caminho.
9. Personificação (Prosopopeia): Consiste em atribuir características animadas ou humanas a seres inanimados ou irracionais.
Ontem, as estrelas contavam histórias.
10. Hipérbole: Consiste em uma expressão intencionalmente exagerada, com o objetivo de impressionar o interlocutor.
Quase morri de susto!
11. Inversão: Consiste na inversão da ordem natural da oração – sujeito, verbo, complementos – com a finalidade de enfatizar certas palavras ou expressões. Dependendo do tipo de inversão, há denominações específicas.
i. Hipérbato: é uma simples inversão dos termos da frase, sem grandes dificuldades de entendimento do sentido.
Morreu o presidente. (O presidente morreu).
ii. Anástrofe: é a colocação do determinante, formado por uma preposição + um substantivo, antes do determinado.
Da morte o manto lutuoso vos cobre a todos. (O manto lutuoso da morte vos cobre a todos).
12. Paradoxo: Pode ser considerada uma antítese levada ao extremo, em que há quebra da lógica, chegando a atingir o absurdo.
Amor é fogo que arde sem se ver / É ferido que dói e não se sente / É um contentamento descontente / É dor que desatina sem doer. (Camões)
13. Parábola: é um tipo de comparação, construído em forma de narrativa. Conta-se uma história, para que se extraiam dela ensinamentos que possam ilustrar outra situação ou resolver seus problemas. É uma figura utilizada largamente no estilo barroco.
14. Elipse: consiste na omissão de um termo, facilmente subentendido.
Sairemos mais cedo hoje. (Nós)
Tomara você me entenda. (Tomara que você me entenda).
15. Zeugma: Consiste na omissão de um termo que já apareceu anteriormente.
Eles seguem para direita, nós, para a esquerda.
16. Polissíndeto: Consiste na repetição de uma conjunção, com a finalidade de intensificar o conteúdo.
E o menino resmunga, e chora, e esperneia, e grita, e maltrata, e abusa de toda a nossa paciência!
17. Assíndeto: Consiste na ausência do elemento conectivo.
Traçou os cabelos, colocou o xale, saiu apressada.
18. Anacoluto: Consiste na interrupção do esquema sintático inicial da frase, que termina por outro esquema sintático.
Os jornais, entendo que não devem ser censurados...
Eu parece que estou ficando zonzo.
19. Silepse: Consiste na concordância que se faz com a ideia e não com a estrutura linguística. Pode ser de gênero, de número e de pessoa.
De gênero:
São Paulo está poluída. (São Paulo = a cidade de São Paulo)
De número:
Estamos muito contente com você. (= Estou muito contente).
De pessoa:
Os brasileiros somos otimistas. (Os brasileiros = terceira pessoa, mas quem fala ou escreve também participa do processo verbal).
20. Antonomásia: Consiste na substituição de um nome próprio por um nome comum, por um apelido ou por um título que tornou a pessoa conhecida.
O Poeta dos Escravos (Castro Alves).
O rei das selvas (leão).
21. Apóstrofe: Consiste em uma invocação, em um chamado.
Moça, que fazes aí parada?
22. Gradação: Consiste na disposição das ideias, em uma ordem sequente para maior ou menor intensidade.
“Vive só para mim, só para a minha vida, só para meu amor”. (Olavo Bilac).
Sumário
- Definição de Linguagem- Língua padrão
- Figuras de Linguagem
- Denotação
- Conotação
- Principais figuras de linguagem


