Colonização dos Estados Unidos

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A colonização dos Estados Unidos foi realizada pela Inglaterra, no que ficou conhecido como as Treze Colônias. Os Estados Unidos conquistaram sua independência em 1776 e se tornaram a maior potência econômica e militar do mundo. A colonização dos Estados Unidos pela Inglaterra foi menos controladora do que a colonização das terras conquistadas por Espanha e Portugal.

A emancipação política das Treze Colônias inglesas na América do Norte faz parte do quadro de desestruturação do Antigo Regime, na medida em que questionou e aboliu, pela primeira vez na Época Moderna, os laços coloniais. O nascimento de um país livre e independente na América - os Estados Unidos - serviu de exemplo às demais regiões do continente que iniciaram também a luta anticolonial, utilizando como fundamento ideológico o pensamento iluminista.

13 colônias americanas
As 13 colônias na época da independência

No entanto, os processos de independência das várias áreas americanas foram diferentes, dependendo da especificidade da colonização assumida em cada uma delas. É certo que o exemplo norte-americano influenciou poderosamente a luta emancipacionista das demais nações americanas, mesmo que não a tenha orientado em todos os aspectos.

Além disso, o exemplo norte-americano influenciou a luta anti-absolutista na Europa: pela primeira vez, os ideais liberais propagados pelos pensadores iluministas estavam sendo aplicados.

A COLONIZAÇÃO INGLESA NA AMÉRICA DO NORTE

A colonização europeia nas Américas seguiu diferentes padrões. Nas regiões tropicais – onde abundavam produtos de fácil comercialização no mercado europeu – ou em áreas ricas em jazidas de metais preciosos, os princípios mercantilistas levaram ao estabelecimento de uma colonização de exploração, fundamentada, em geral, na plantation escravista agroexportadora. Já nas áreas temperadas do continente, principalmente no norte da América do Norte, não existiam as condições necessárias para a implantação do regime de exploração. Consequentemente, surgiram as colônias de povoamento.

É importante notar que no atual território dos Estados Unidos conviveram dois tipos de colonização: a de povoamento no norte temperado e a de exploração no sul.

Os primeiros povoadores ingleses que desembarcaram na América do Norte eram, em sua grande maioria, calvinistas puritanos que fugiam das perseguições político-religiosas que ocorriam na Inglaterra no início do século XVII. Junto com a bagagem, esses indivíduos traziam suas famílias, capitais acumulados e, sobretudo, ideais e valores. Procuravam reconstituir na América a sociedade em que viviam na Europa. Não tinham o sonho da riqueza fácil e não eram aventureiros. Vinham para trabalhar duro e refazer suas vidas, sem pensar em retornar à Europa.

Os ingleses fundaram, no litoral atlântico da América do Norte, Treze Colônias: as do Norte assumiram o regime de povoamento – baseado no minifúndio, na policultura voltada para o abastecimento do mercado interno e na mão de obra livre, familiar e assalariada. Desenvolveram-se, nessa região, o comércio e a manufatura. A inexistência da grande propriedade e da escravidão negra fez surgir uma sociedade mais igualitária e participativa, em que as diferenças sociais e a exclusão política eram menos acentuadas do que nas colônias do Sul.

Já as colônias do Sul se organizaram a partir do regime de plantation, graças à facilidade do cultivo de determinados gêneros tropicais de fácil comercialização na Europa - sobretudo o tabaco e o algodão. Surgiram grandes propriedades de terra (latifúndios), dedicados ao cultivo de um único gênero agrícola – a monocultura, visando à exportação. A mão de obra utilizada era a escrava africana, originando uma sociedade aristocrática, fundada na exclusão social e política.

Ao contrário do que ocorreu nas colônias ibéricas da América, a administração inglesa sobre seus territórios foi menos rigorosa, permitindo um certo grau de autonomia aos colonos. A imposição do pacto colonial foi branda, a participação dos colonos na vida administrativa dos territórios era possível e as leis inglesas eram facilmente burladas.

Essa situação, no entanto, começou a mudar quando as colônias passaram a concorrer comercialmente com a metrópole e a afetar as necessidades econômicas inglesas. Em meados do século XVIII, eclodiu a Revolução Industrial na Inglaterra, exigindo a abertura de mercados consumidores de gêneros industrializados. Os ingleses passaram a considerar as colônias não apenas um fornecedor de matérias-primas, mas também, um mercado consumidor para os artigos produzidos em larga escala nas fábricas inglesas.

A relação entre a Inglaterra e as colônias se agravou devido à Guerra dos Sete Anos (1756-1763), que foi financeiramente prejudicial para os ingleses. Tal conflito, ocorrido em território americano, envolveu ingleses e franceses em uma disputa por terras. Os colonos ingleses participaram ativamente da luta ao lado dos soldados ingleses. Já os indígenas da região se aliaram aos franceses para lutar contra a dominação inglesa.

A guerra foi vencida pelos ingleses, mas os gastos dela decorrentes e a necessidade de ampliar o controle administrativo sobre as colônias levaram a Inglaterra a uma crise econômica que forçou o país a alterar sua postura em relação à tradicional autonomia concedida aos colonos. A metrópole impôs medidas restritivas à economia colonial por meio do estabelecimento de novos tributos, do aumento dos já existentes e da repressão ao contrabando e às atividades comerciais e manufatureiras desenvolvidas nas colônias. Essa política controladora chocava-se com a difusão dos ideais iluministas de liberdade e de autonomia, levando os colonos à revolta.

Um exemplo da política monopolista inglesa em relação às colônias se manifestou em 1765 com a decretação do Stamp Act, Lei do Selo: todos os documentos, livros e jornais publicados na colônia teriam de receber um selo da metrópole. Invocando uma lei inglesa - a de que nenhum imposto poderia ser aumentado ou instituído sem a aprovação do Parlamento, conforme ditava a Magna Carta -, os colonos se recusaram a obedecer à ordem e decidiram paralisar o comércio com a Inglaterra. As autoridades metropolitanas optaram, então, pela revogação do ato.

Em 1773, um novo episódio pôs em evidência os interesses opostos da Metrópole inglesa e dos colonos americanos. A Coroa instituiu o monopólio do comércio do chá, favorecendo a Companhia das Índias Ocidentais – visando, com essa medida, a combater o contrabando de chá holandês – e excluindo os norte-americanos do comércio do chá britânico. Tal medida desagradou profundamente os comerciantes locais, que reagiram à medida. No porto de Boston, a reação foi pública: colonos, disfarçados de índios, atacaram os navios da Companhia e despejaram no mar todo o carregamento de chá. Tal episódio ficou conhecido como o Boston Tea Party (Festa do Chá de Boston).

A resposta inglesa à Festa do Chá de Boston foi a imposição das chamadas Leis Intoleráveis (1774), que determinavam, entre outras coisas, o fechamento do porto de Boston até que os prejuízos causados aos navios britânicos fossem pagos, a ocupação militar de Massachusetts – onde se localiza a cidade de Boston – e o julgamento dos acusados de liderar o motim em outra colônia ou na Inglaterra.

O PROCESSO DE INDEPENDÊNCIA

Diante das represálias do governo britânico, depois do episódio de Boston, representantes das Treze Colônias realizaram, em 1774, na cidade de Filadélfia, o Primeiro Congresso Continental, no qual se determinou o boicote total ao comércio com a Inglaterra. O endurecimento das autoridades britânicas era esperado e os ataques do exército a certas cidades não tardou.

Em 1776, representantes das colônias novamente se reuniram em Filadélfia, no Segundo Congresso Continental, no qual se decidiu pelo rompimento definitivo das relações com a Inglaterra. No dia 4 de julho, publicou-se a Declaração de Independência, elaborada por Thomas Jefferson e inspirada nos ideais iluministas europeus.

Thomas Jefferson
Thomas Jefferson

As autoridades britânicas obviamente não aceitaram pacificamente o rompimento declarado pelos colonos e partiram para a guerra a fim de manter o território. Os colonos, porém, estavam pouco preparados e contavam com escassos recursos para o conflito contra o exército inglês. As derrotas dos rebeldes se sucederam durante um ano de luta.

Em 1777, porém, os rumos da guerra se inverteram:  em uma importante batalha em Saratoga, os colonos conseguiram derrotar os “jaquetas vermelhas” e, graças a isso, obtiveram o apoio militar e financeiro de dois países europeus: França e Espanha. Esse apoio foi decisivo para a vitória final, em 1781, na batalha de Yorktown, quando os rebeldes venceram definitivamente as tropas inglesas. Em 1783, por meio do Tratado de Paris, o governo da Inglaterra reconheceu oficialmente a independência dos Estados Unidos da América.

A ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA

Após adquirir independência, os norte-americanos precisavam organizar o novo Estado – tarefa difícil, pois não havia exemplo a seguir. A inspiração para a elaboração da Constituição dos Estados Unidos foi buscada junto aos preceitos iluministas, defensores da liberdade e igualdade. Todavia, o texto constitucional só foi aprovado depois de intensos debates. Vale lembrar a heterogeneidade da organização socioeconômica e política do território norte-americano às vésperas da independência.

Assim, a Constituição dos Estados Unidos da América foi instituída em 1787. Previa, entre outras coisas, que os Estados Unidos teriam um governo republicano, federalista e presidencialista: o poder seria exercido por um presidente, assessorado por um Congresso que representaria as várias unidades administrativas da União (Estados). Cada Estado teria seu próprio governador e uma certa autonomia em relação ao governo central. Além disso, cada Estado elaboraria a sua própria Constituição, estabelecendo regras específicas para o funcionamento da vida estadual. O poder estatal, nos três níveis administrativos - municipal, estadual e federal -, seria dividido em três, segundo a proposta de Montesquieu: Executivo, Legislativo e Judiciário – cada um se encarregando de fiscalizar e limitar a autoridade do outro. A escravidão seria mantida nos Estados que assim decidissem.

O primeiro presidente norte-americano eleito foi o chefe do exército rebelde durante a guerra pela independência: George Washington.

George Washington
George Washington

Sumário

- A Colonização Inglesa na América do Norte
- O Processo de Independência
- A Organização dos Estados Unidos da América

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