A Revolução Russa e o governo de Stalin
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A Rússia pré-revolucionária: características principais
- Economia fundamentada em um sistema de agricultura semifeudal, com predomínio dos grandes proprietários de terras que exploravam a população camponesa (cerca de 80% dos russos) por meio da cobrança de obrigações. Na Rússia, havia baixa produtividade agrícola e tecnologia estagnada.
- Industrialização tardia, concentrada e dependente: o processo de industrialização se iniciou tardiamente e apenas graças a investimentos estrangeiros, sobretudo franceses e ingleses. Havia dois centros urbanos onde se concentravam as indústrias: Moscou e São Petersburgo, onde o operariado, apesar de pouco numeroso, era muito combativo e comprometido ideologicamente com o socialismo científico de Marx e Engels.
- Preponderância do absolutismo político (czarismo): o monarca, Nicolau II, monopolizava o poder, marginalizando imensos setores da população russa. Ao mesmo tempo, seu governo foi marcado pela corrupção administrativa.
Grupos de oposição ao czarismo
Socialdemocratas: adeptos do socialismo científico, defendiam a substituição do governo absolutista do czar por outro, popular e socialista, por meio de uma revolução. Achavam-se, no entanto, subdivididos. Os mencheviques (moderados) defendiam uma revolução moderada, que permitisse o surgimento da democracia e o pleno desenvolvimento do capitalismo, para, posteriormente, ocorrer a instalação do socialismo. Os bolcheviques (radicais) defendiam uma imediata revolução que levasse à substituição do regime capitalista pelo socialista, tendo à frente operários e camponeses.
Os social-revolucionários, grupo de profundo radicalismo, defendia uma revolução camponesa que pusesse fim ao capitalismo no país; seu principal líder era Bakunin. Os constitucional-democratas, representavam a burguesia e almejavam o fim do autoritarismo político na Rússia e a consequente implantação de um regime liberal nos moldes da maioria das nações europeias.
A Revolução de 1905
Em 1905, houve uma espécie de “ensaio” para o movimento socialista de 1917. Trata-se de uma revolução de caráter liberal que, temporariamente, conseguiu abolir o absolutismo czarista do país.
Em 1904, Rússia e Japão entraram em guerra, disputando a supremacia no Extremo Oriente. As surpreendentes vitórias japonesas desgastaram a figura do czar e levaram a população de São Petersburgo, em um domingo de maio, a protestar contra a guerra diante do palácio de Nicolau II. A manifestação pacífica acabou sendo dissolvida à bala, resultando na morte de centenas de pessoas.
Diante da violenta reação do governo russo, a população como um todo e até mesmo membros do exército – insatisfeitos com as derrotas frente ao Japão – obrigaram o czar a reconhecer a existência da Duma Legislativa (Parlamento) e dos Soviets (conselhos municipais de soldados, operários e camponeses) que a comporiam. Estabeleceu-se, portanto, uma espécie de Monarquia Parlamentar na Rússia, nos moldes dos governos liberais-burgueses existentes na maioria do continente europeu nessa época.
O fim da guerra e a derrota diante do Japão, porém, propiciou uma reação por parte do czar: contando com reforços militares, Nicolau II conseguiu esvaziar os poderes da Duma e reinstituir sua autoridade absoluta na política russa. Contudo, o germe da luta anti-czarista permaneceu vivo entre as camadas mais exploradas da população russa.
As Revoluções de Fevereiro e Outubro de 1917
A Rússia participou ativamente da Primeira Guerra Mundial, mas seu desempenho frente ao exército alemão foi medíocre, sofrendo terríveis derrotas. Apesar de numeroso, o exército russo era mal equipado e despreparado para enfrentar o eficiente e disciplinado exército alemão e as derrotas foram consequência desse desequilíbrio de forças. Aos poucos, os soldados russos, humilhados com as derrotas, começam a abandonar o front, revelando descaso pelas autoridades militares e pelo próprio governo de seu país.
Também a população russa, sobretudo os setores mais pobres, questionavam a presença russa na guerra: a fome, o desabastecimento, a carestia eram problemas cotidianos para os russos.
Diante de tantas pressões, o czar relutava em assinar a paz com a Alemanha. Sua intransigência resultou em sua deposição em fevereiro de 1917, por meio de um movimento liderado pelos mencheviques. Em lugar de Nicolau II, assumiu o líder desse partido, Alexander Kerensky.
A moderação dos mencheviques, no entanto, não correspondia aos anseios dos grupos russos mais radicais. Sua recusa em retirar a Rússia da guerra serviu para aguçar os descontentamentos e para mobilizar forças mais radicais, dispostas a promover uma luta revolucionária que resultassem em transformações mais profundas na ordem socioeconômica do país. A organização para a revolução do proletariado coube aos bolcheviques que, de acordo com seu principal líder – Lênin -, garantiria “paz, terra e pão” à população russa.
Lenin
Em outubro de 1917, os bolcheviques assumiram o poder na Rússia e imediatamente assinaram um armistício com a Alemanha, retirando-se da guerra. Além disso, o novo governo, chefiado por Lênin, decretou a criação do Conselho dos Comissários do Povo – órgão que governaria o país e que seria formado pelos sovietes. O novo governo também promoveu a reforma agrária e a estatização da economia nacional (bancos, fábricas e comércio).
A oposição ao regime socialista imposto pela Revolução Bolchevique se manifestou imediatamente. A burguesia russa, aliada aos estrangeiros, cujos interesses econômicos ou políticos foram prejudicados, iniciaram uma luta contra o governo de Lênin. Tal conflito resultou na morte de cerca de 10 milhões de pessoas (Guerra Civil, 1917-1921).
Desfile logo após a vitória Bolchevique
Para fazer frente às despesas geradas pela guerra civil, o novo governo adotou uma série de medidas, entre elas, a completa estatização da economia, o trabalho obrigatório, a igualdade de salários e a requisição compulsória de parte da produção agrícola.
A vitória coube aos “Vermelhos”, comandados por Trotsky, e isso contribuiu para a consolidação do socialismo no país, apesar de o país ter sido desgastado pela guerra.
A NEP
A devastação obrigou os dirigentes russos a adotarem uma política econômica que garantisse a reconstrução da economia do país. Foi, portanto, instituída a NEP, cujo principal objetivo era dinamizar a vida econômica da Rússia para implementar simultaneamente projetos sociais que beneficiassem a maioria da população. De acordo com as palavras de Lênin, com a NEP, “dar-se-ia um passo atrás para avançar dois”, ou seja, algumas regras do capitalismo seriam restauradas na Rússia para revigorar sua economia e, daí, contribuir para consolidar o socialismo no país.
Dessa forma, foram suprimidas as requisições compulsórias de gêneros agrícolas. Fábricas com menos de 20 operários e o pequeno comércio interno foram desestatizados. A escala de salários foi restabelecida e a entrada de capitais estrangeiros foi liberada. A NEP acabou cumprindo seu objetivo e, em alguns anos, a economia russa havia se recuperado, com considerável crescimento agrícola e industrial e sensível melhoria das condições de vida de boa parte da população do país.
Stalin e os Planos Quinquenais
Em 1924, com a morte de Lênin, iniciou-se na Rússia uma disputa pelo poder entre dois indivíduos que representavam dois projetos políticos para o país: de um lado, encontrava-se o destacado chefe do Exército Vermelho e importante líder da Revolução Bolchevique, Leon Trotsky; de outro, um indivíduo menos comprometido com a história revolucionária russa, mas que almejava o poder, Josef Stalin.
Leon Trótski
Trotsky defendia a ideia da “revolução permanente”, que consistia em exportar a revolução socialista para o restante do mundo com o objetivo de neutralizar as oposições ao projeto socialista. Já Stalin afirmava que era necessário consolidar o socialismo dentro do país para depois exportá-lo (“socialismo em um só país”). A disputa foi vencida por Stalin, que se tornou o chefe supremo da Rússia. Além de expulsar Trotsky do país, Stalin destruiu tudo o que o lembrasse.
Durante seu longo governo (1924-1953), Stalin planificou a economia, adotando os chamados Planos Quinquenais. A indústria de base foi muito estimulada e se desenvolveu rapidamente e a agricultura foi coletivizada, surgindo os kolkhozes e os sovkhozes. A qualidade de vida da maioria dos russos melhorou consideravelmente.
Joseph Stalin
Outro aspecto a ser destacado no governo de Stalin foi seu caráter autoritário: as oposições foram neutralizadas e o Partido Comunista se tornou a única força política dentro do país. Muitos russos foram perseguidos e assassinados pelo regime stalinista; outros foram deslocados para campos de trabalho forçado na Sibéria; alguns poucos conseguiram deixar o país, exilando-se na Europa e nos Estados Unidos.
O sucesso econômico dos Planos Quinquenais fez da Rússia uma potência econômica, política e, sobretudo, bélica, disputando com os Estados Unidos, durante quase 50 anos, a hegemonia sobre o planeta.
Sumário
- A Rússia pré-revolucionária: características principais- Grupos de oposição ao czarismo
- A Revolução de 1905
- As Revoluções de Fevereiro e Outubro de 1917
- A NEP
- Stalin e os Planos Quinquenais

