Fim do Regime Militar e a eleição de Tancredo Neves
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Fim do Regime Militar e a eleicão de Tancredo Neves
Em maio de 1978, o movimento sindical iniciado no ABC ganhou mais força. As greves envolviam quase todas as classes de profissionais, incluindo professores, médicos, bancários, motoristas de táxi, etc.
Entre os dias 21 a 23 de agosto de 1981, as lideranças sindicais reuniram-se no município de Praia Grande, no litoral de São Paulo, na primeira Conferência Nacional das Classes Trabalhadoras (Conclat). Estavam presentes mais de 5 mil delegados de 1091 entidades de trabalhadores rurais e urbanos. A Conclat, que passou a ser a central de trabalhadores do Brasil, aprovou resoluções que exigiam uma mudança drástica nas políticas econômicas do governo federal.
Em 1983, as divisões no movimento sindical levaram à formação de outra central de trabalhadores: a Central Única dos Trabalhadores (CUT).
O governo federal não reconheceu oficialmente nenhuma das duas organizações, porém as tolerava. Entretanto, as exigências dos trabalhadores gradualmente tornaram-se de natureza política, e eles passaram a pedir eleições diretas no Brasil.
Os prefeitos e vereadores eleitos em 1982 descobriram que seus municípios tinham poucos recursos financeiros, muita dívida pública e que, ao mesmo tempo, o povo exigia serviços melhores e obras locais. Esta situação foi uma consequência da política iniciada em 1964, na qual o governo federal controlava as finanças dos municípios para que pudesse controlá-los politicamente. Poucos meses depois, em 1982, foi criada a Frente Municipalista Nacional.
No dia 27 de setembro de 1983, 3000 prefeitos e vereadores receberam do Congresso Nacional uma emenda à Constituição, que redistribuiu recursos para os municípios. Desta forma, o controle da União sobre os governos locais diminuiu consideravelmente.
Vinte anos após o golpe de 1964, o presidente foi escolhido novamente por um colégio eleitoral que iria referendar o nome que fosse indicado pelo governo. A sociedade brasileira mobilizou o país inteiro para protestar contra isso, e para exigir eleições diretas para Presidente da República. O país todo se envolvia na campanha das Diretas Já! Centenas de milhares de pessoas foram às praças públicas, numa das maiores campanhas cívicas na história do Brasil, exigindo que o Congresso aprovasse a emenda do deputado Dante de Oliveira, que alterava o texto da Constituição, instituindo a eleição direta para a presidência da República.
No dia 27 de novembro de 1983, o Partido dos Trabalhadores (PT) liderou a primeira manifestação a favor das eleições diretas, na qual 10 mil pessoas uniram-se em frente ao Estádio do Pacaembu, na cidade de São Paulo. Esta campanha cresceu durante os meses seguintes e, em 25 de janeiro de 1984, aproximadamente 300 mil pessoas reuniram-se na Praça da Sé em São Paulo.
Em 10 de abril de 1984, por volta de 1 milhão de pessoas compareceram no centro da cidade do Rio de Janeiro. Menos de uma semana depois, 1,7 milhões reuniram-se em São Paulo. O recenseamento feito pela mídia indicou que aproximadamente 6 milhões de pessoas manifestaram-se nas ruas do país no dia 25 de abril, o dia da votação da emenda constitucional quanto a eleições diretas.
Mas no mês de abril essa expectativa foi frustrada, pois o presidente Figueiredo, com o apoio do alto comando do Exército e da ala conservadora de seu partido, o Partido Democrático Social (PDS), pressionou o Congresso para votar a emenda constitucional que instituía eleições diretas para a presidência da República.
O Congresso Nacional votou a emenda enquanto Brasília, Goiânia e mais nove municípios permaneciam sob estado de emergência. O resultado da votação foi o seguinte: 298 deputados a favor, 65 contra, 3 abstenções e 112 que não compareceram. A emenda não foi aprovada, pois faltaram 22 votos favoráveis para completar os dois terços necessários para a aprovação de uma emenda à Constituição.
O fim da República Militar
Com a derrota da emenda, os partidos de oposição tentaram derrubar o regime no próprio colégio eleitoral. Os partidos de oposição – PMDB, PDT e PTB – tentaram aumentar sua base de apoio atraindo membros do PDS que não estavam satisfeitos com a situação. Entretanto, o PT foi contra a votação no colégio eleitoral.
Em junho de 1984, o senador José Sarney deixou a presidência do PDS. Os dissidentes do partido formaram o Partido da Frente Liberal (PFL). Em julho, o PFL e o PMDB concordaram em apoiar a candidatura de Tancredo Neves (PMDB) para presidente, e José Sarney para vice-presidente.
Pela primeira vez durante todo o regime militar, o presidente da República não conseguiu impor o nome de um candidato militar como seu sucessor. Em agosto, a convenção do PDS escolheu como candidato Paulo Salim Maluf, derrotando o ex-ministro dos Transportes Mário Andreazza, preferido pelo presidente Figueiredo. A derrota de Andreazza levou mais dissidentes do PDS a apoiarem a oposição. O próprio Figueiredo e a maioria dos militares permaneceram neutros nas eleições.
A campanha de Tancredo Neves conquistou a população, como se a eleição fosse direta. O povo foi às ruas em demonstração de apoio ao candidato de oposição ao regime militar. Com a mobilização popular, Paulo Maluf foi perdendo o apoio dos eleitores que compunham o Colégio Eleitoral.
Presidente Tancredo Neves
Em 15 de janeiro de 1985, Tancredo Neves derrotou Paulo Maluf no colégio eleitoral por 480 votos contra 180. 17 delegados se abstiveram e 9 não compareceram. Tancredo Neves, cuja eleição marcou o fim dos 21 anos de regime militar no país, declarou: “Fomos ao colégio eleitoral para que ele nunca mais seja utilizado”. Na expressão do próprio Tancredo Neves, iniciava-se a Nova República.
Mas um dia antes de tomar posse, que deveria ocorrer no dia 15 de março de 1985, Tancredo Neves foi hospitalizado. A população inicialmente achou que o problema era simples e passageiro. Mas logo surgiram notícias sobre a gravidade do estado de saúde do presidente eleito. Depois de ser submetido a seis cirurgias, Tancredo Neves faleceu no dia 21 de abril, antes de tomar posse. Sua doença abalou e comoveu a população brasileira.
O vice-presidente José Sarney tomou posse e iniciou o período conhecido como a Nova República.