Os Curdos

OS CURDOS

Os curdos são uma etnia originária do Oriente Médio. Há aproximadamente 30 milhões de curdos no mundo. Cerca de 14 milhões de curdos vivem no leste da Turquia, em uma região denominada Curdistão turco. Cerca de 16 milhões de curdos vivem no Iraque, Síria e Irã. Os curdos faziam parte do Império Turco-Otomano e não receberam território para constituir um país independente após a Primeira Guerra Mundial.

Em 1918, quando foi desmembrado o Império turco-otomano, formaram-se novos países, como a República da Turquia, o Iraque e o Irã. A partir de então, a etnia curda passou a ser reprimida, sem direito a constituir um país independente. Os curdos habitavam uma região rica em petróleo e, por esse motivo, bastante disputada. Desde essa época, o povo curdo vive sob ocupação estrangeira.

A questão curda é um dos maiores problemas humanos e geopolíticos do Oriente Médio. Os curdos, constituindo uma população de 30 milhões de pessoas, são a maior nação do mundo sem um Estado nacional próprio. A maioria dos curdos são muçulmanos sunitas.

O Curdistão, a região habitada pelos curdos, abrange partes do leste da Turquia, do nordeste do Iraque, do noroeste do Irã, e, em menor escala, de partes do nordeste da Síria e da Armênia. A nação curda está dispersa por vários países, sendo que nenhum desses está disposto a ceder territórios para a criação de um Estado curdo independente. Os curdos têm sido perseguidos nos países em que vivem; porém, a nação curda tem um histórico de lutar contra nações que tentam subjugá-la.

Após o estabelecimento da República Islâmica do Irã. (1979), o governo iraniano iniciou uma campanha sangrenta contra seus habitantes curdos e passou a assassinar líderes curdos.

No Iraque, os curdos constituem a minoria mais numerosa dentro do país, representando cerca de 20% da população. A maior parte habita o norte do Iraque, onde são maioria nessa região iraquiana. Durante a Guerra Irã-Iraque (1980-88) os iraquianos atacaram os curdos, chegando até a usar armas químicas, em 1988, contra a população civil curda. Os ataques eram em represália à resistência curda. As forças iraquianas executavam o maior número de homens curdos possível. Num único ano, 1988, tropas iraquianas mataram 200.000 curdos.

Hoje há aproximadamente 30 milhões de curdos. Metade vive na Turquia representando 20% da população turca. Na Turquia foi organizado um movimento separatista sob a liderança do Partido Trabalhista do Curdistão (PKK). O PKK organizou ataques terroristas em Istambul e em outras cidades do país, o que provocou uma forte retaliação do exército turco.

Na Turquia, quase 14 milhões de curdos estão proibidos, sob pena de prisão, de falar a língua curda ou de se descrever como curdos. Os curdos são oficialmente chamados de "Turcos das Montanhas".

As forças curdas ajudaram a coalizão internacional, liderada pelos Estados Unidos, que invadiu o Iraque em 2003. Os curdos se juntaram às tropas norte-americanas e britânicas para capturar as cidades de Kirkuk e Mosul, tradicionalmente habitadas pela população curda do Iraque. Após o ditador iraquiano, Saddam Hussein, ter sido deposto, foi dado aos curdos iraquianos um poder limitado de veto sobre mudanças na nova Constituição iraquiana de 2004; isto foi considerado inaceitável pelos xiitas iraquianos.

As dificuldades para a criação de um Estado nacional curdo são tantas que a tendência é que o "status quo" seja mantido. Resta saber se os curdos iraquianos vão se conformar em renunciar à independência agora que o regime de Saddam Hussein, que os perseguiu implacavelmente, caiu.

Os curdos atualmente se fazem representar no novo parlamento iraquiano, juntamente com os sunitas e xiitas.

A comunidade internacional reluta em apoiar a fundação de um Estado nacional independente curdo, pois isto poderia causar instabilidade numa região do mundo já turbulenta. Sem dúvida, a emergência de um país curdo afetaria outros países do Oriente Médio, entre eles, a Turquia, que é considerada um importante aliado dos Estados Unidos e do Ocidente.

Os Curdos contra o Estado Islâmico

Os curdos exercem um papel fundamental na luta contra o Estado Islâmico (EI ou ISIS) no Iraque e na Síria.

No decorrer da guerra, o Estados Islâmico atacou regiões curdas. O governo da região semiautônoma enviou seus soldados, conhecidos como os peshmerga (guerrilheiros curdos), para proteger suas cidades. Com o apoio das forças aliadas, os peshmergas conseguiram conter o avanço do Estado Islâmico em seu território e retomar várias cidades.

Soldado curdo (peshmerga) permanece em guarda em Arbil, Iraque, Curdistão
Soldado curdo (peshmerga) permanece em guarda em Arbil, Iraque, Curdistão

Parte do exército dos peshmerga é composto por mulheres. As tropas femininas, que lutam na frente de batalha, aterrorizam o Estado Islâmico, pois os integrantes desse grupo extremista acreditam que se um soldado for morto por uma mulher, não poderá adentrar o “paraíso”.

Vale ressaltar que as mulheres sofreram terríveis atrocidades perpetradas pelo Estado Islâmico. Foram sujeitas à tortura e a estupros e são tratadas pelos integrantes da organização como escravas sexuais.

Os curdos têm sido um grande aliado na luta contra o EI. Os Estados Unidos os consideram um dos poucos parceiros eficazes na guerra civil que ocorre presentemente na Síria.

Os Curdos na Síria

Os curdos representam cerca de 10% da população da Síria. Há décadas que os curdos sírios têm seus direitos negados e centenas de milhares deles tiveram a cidadania negada.

Antes da Guerra Civil na Síria, a maioria dos curdos sírios vivia em cidades como Damasco e Alepo ou em três enclaves ao norte do país.

No início do conflito, os partidos políticos curdos evitaram se posicionar. Em 2012, as forças do governo deixaram o norte da Síria para se concentrar na luta contra rebeldes em outras partes do país. Os grupos curdos tomaram o controle de seus três enclaves ao norte do país e passaram a combater o Estado Islâmico.

Em janeiro de 2014, os partidos curdos se reuniram para declarar a criação de um governo democrático autônomo. A liderança curda declarou que não está buscando independência da Síria, mas sim, uma administração local dentro da federação.

O líder curdo, Salih Muslim, reitera que qualquer acordo de paz na Síria deve incluir a garantia de direitos e de autonomia dos curdos sírios.

Curdos no Iraque

Os curdos no Iraque representam cerca de 20% da população. Historicamente, os curdos no Iraque sofreram abusos terríveis, tendo sido perseguidos pelo governo de Saddam Hussein.

Depois que o Estado Islâmico capturou uma grande parte do norte do Iraque em 2014, a liderança curda enviou os peshmergas para lutar e libertar as áreas curdas.

Vista de Alqosh, Curdistão iraquiano
Vista de Alqosh, Curdistão iraquiano

Os Curdos na Turquia

O governo turco lançou uma “guerra ao terrorismo” simultaneamente contra o Partido Trabalhista do Curdistão (PKK) – grupo insurgente curdo – e contra o Estado Islâmico. Contudo, o PKK constitui uma força curda que tem sido muito eficaz e de importância fundamental na luta contra o Estado Islâmico.

O exército turco bombardeou milhares de pessoas no sudeste da Turquia e em campos do PKK no norte do Iraque e no norte da Síria.

O PKK é o maior aliado do Ocidente na luta contra o Estado Islâmico. As Nações Unidas, os Estados Unidos e a União Europeia têm pedido para a Turquia cessar os bombardeios contra os curdos.

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