O Japão Antigo

O Japão é um arquipélago – um grande conjunto de ilhas. Suas quatro maiores ilhas são Hokkaido, Honshu, Shikoko e Kyushu, mas o país é composto por milhares de outras pequenas ilhas.

Aproximadamente 85% do território japonês é coberto por montanhas, e o país tem um histórico de vulcões ativos. Seu clima é geralmente ameno e úmido; nas ilhas ao norte, os invernos são moderadamente frios e os verões frescos. Por causa da existência de tantas montanhas no país, apenas pequenas partes de terras japonesas são cultiváveis. As principais áreas de cultivo se localizam em pequenos vales de rios; a abundância de chuvas pelo país ajuda no cultivo de arroz, que é a principal safra japonesa.

japonesa

A geografia japonesa exerceu uma importante influência na história do país: as montanhas dificultaram a unificação política da nação; o mar servia como fonte de alimento e transporte e também como uma proteção contra invasões de forças estrangeiras.

O Japão Antigo

No segundo e terceiro séculos a.C., o povo japonês cultivava arroz em campos irrigados e trabalhava com bronze e ferro. Acredita-se que seus métodos de cultivo e sua tecnologia antiga são originários da China e Coreia.

Os antigos japoneses viviam em centenas de clãs – pequenas comunidades tribais – que frequentemente guerreavam entre si. Os governantes dos clãs eram também os líderes religiosos das comunidades tribais. A antiga crença japonesa era baseada no respeito às forças da natureza, que eram consideradas espíritas e chamadas de “kami”. De tal crença foi desenvolvida uma antiga religião japonesa chamada de xinto, que significa “o modo dos deuses”. Esta religião, desprovida de filosofia e de rituais complexos, era baseada na apreciação das maravilhas e belezas da natureza.

De acordo com as crenças xintoístas, o principal deus era Amaterasu – a deusa do sol. Os santuários construídos em homenagem a Amaterasu se localizavam onde pudessem captar os primeiros raios do nascer do sol. Acreditava-se que a deusa do sol era a protetora da nação japonesa. Até hoje, o Japão é conhecido como a Terra do Sol Nascente e sua bandeira, um círculo vermelho num fundo branco, representa esta imagem.

Os primeiros imperadores japoneses foram os reis Yamato que ascenderam ao poder no quinto século d.C. Afirmando serem descendentes da deusa do sol, eles adquiriram privilégios especiais na nação. Mesmo que muitos de seus sucessores não exerceram o poder de fato, a família imperial japonesa nunca foi deposta e vem reinando, sem interrupções, até os dias de hoje.

A Influência Chinesa no Japão

No quinto século d.C., os japoneses começaram a absorver influências coreanas e chinesas. No ano 592, o príncipe Shotoku, um grande admirador da civilização chinesa, tornou-se o líder de fato do Japão. Ele tomou uma série de medidas para fortalecer o governo central japonês e enfraquecer os clãs. No ano 604, Shotoku oficializou suas ideias na Constituição de Dezessete Artigos, que afirmava a supremacia do imperador e enfraquecia os poderes dos líderes dos clãs. O Japão também adotou o sistema chinês para eleger oficiais públicos. Novas reformas no país, denominadas de Taika, resultaram em grandes mudanças na nação japonesa: todas as terras foram declaradas propriedade do império e um novo sistema de impostos foi implementado. Com o dinheiro arrecadado dos impostos, uma rede de estradas foi construída e o Japão foi organizado em províncias onde os governantes eram nomeados pelo imperador.

Príncipe Shotoku
Príncipe Shotoku

Como parte de seus esforços de estabelecer um governo central forte, os japoneses, no ano 710, construíram uma capital em Nara. Os japoneses usaram a capital chinesa de Chang’an, como modelo para construir a sua própria capital. Nara foi a única verdadeira cidade do Japão na época.

Em meados do século VI, a corte imperial japonesa introduziu o budismo no Japão. Inicialmente, os clãs poderosos, que eram, em sua grande maioria, xintoístas, resistiram à influência budista. Porém, a popularidade do budismo logo cresceu no país e o clero budista começou a interferir nos assuntos da corte imperial japonesa. Principalmente para escapar das influências dos mosteiros budistas, o governo imperial mudou-se para uma nova capital no ano 784.

A Corte Heian

A nova capital japonesa foi chamada de Heian, que significa “capital da paz e tranquilidade”. Heian foi posteriormente renomeada de Kyoto e permaneceu como capital do Japão até o século XIX.

A China desenvolveu uma língua escrita antes de o Japão fazer o mesmo. Muitos japoneses aprenderam a escrever em chinês e continuaram a usar este idioma mesmo após a escrita japonesa ter sido desenvolvida.

Curiosidade: As mulheres da corte Heian escreviam apenas na língua japonesa. Elas compunham diários, poemas, cartas e romances, em que descreviam a luxuosa vida na corte japonesa. O conto imperial mais famoso é “O Conto de Genji”, um romance sobre o príncipe Genji, um herói que personifica o perfeito cavalheiro da corte japonesa. O conto foi escrito em 1000 d.C. pela Senhora Murasaki Shikibu e é considerado por muitos como o primeiro romance literário da história.

O Feudalismo Japonês

Durante a maior parte do período Heian, uma família muito rica chamada de Fujiwara governava o Japão. Porém, em meados do século XI, o poder do governo central japonês e, consequentemente, dos Fujiwara, entrou em declínio. Isto ocorreu porque as famílias imperiais estavam mais interessadas em obter riquezas do que em governar o país.

Com o declínio do governo central japonês, proprietários de terras que viviam longe da capital japonesa estabeleceram seus próprios exércitos. As áreas rurais japonesas tornavam-se perigosas. Fazendeiros e pequenos proprietários japoneses cediam parte de suas terras a lordes que, em troca, garantiam a sua segurança. Tendo obtido muita terra, estes lordes ganharam muito poder; como na Europa medieval, o sistema feudalista estava se desenvolvendo no Japão.

Durante aproximadamente 30 anos, duas poderosas famílias japonesas lutaram pelo poder. No ano 1180, uma guerra eclodiu entre elas. Cinco anos depois, a marinha da família Minamoto triunfou numa grande batalha naval. O líder da família vitoriosa, Yoritomo, estabeleceu um governo, independente da corte imperial, na cidade de Kamakura. Yoritomo recebeu o título de shogun, que significa “general que derrota os bárbaros”. Teoricamente, o shogun japonês seria um representante do imperador japonês em assuntos militares. Na prática, porém, o shogun era o verdadeiro governante do Japão e seu título era hereditário.

Yoritomo
Yoritomo

Com o estabelecimento do governo shogun em Kamakura, o Japão passou a ser governado por uma ditadura militar. Apesar dos imperadores japoneses ainda sentarem no trono, eram os líderes militares que realmente exerciam o poder.

Os samurais – uma classe de guerreiros e cavaleiros – dominavam a sociedade feudal japonesa. Um samurai dedicava a sua vida ao aperfeiçoamento de suas habilidades militares. Para um samurai, bravura e fidelidade ao seu senhor eram considerados mais importantes do que lealdade a seus amigos, familiares, e até mesmo ao imperador. Os samurais seguiam um código de honra chamado de Bushido, que significa “o modo do guerreiro”. Este código exigia uma vida de disciplina, obrigações e autocontrole, tanto fora como dentro do campo de batalha. Para um samurai, sua honra era suprema. Se ele fosse desonrado de alguma forma, ele deveria cometer seppuku, que era um suicídio ritualístico. Isto também se aplicava às mulheres samurais. O seppuku é popularmente conhecido como hara-kiri, que significa “cortar a barriga”.

Samurai
Samurai

Curiosidade: Os samurais viviam uma vida muito parecida com a dos cavaleiros da Europa medieval. O samurai guerreava pelo shogun japonês da mesma forma como um cavaleiro europeu defendia seu senhor feudal. Os samurais e os cavaleiros europeus andavam a cavalo, usavam armaduras e lutavam com espadas. Ambos também seguiram um código de bravura e lealdade.

A Invasão Mongol

No final do século XIII, a China, país vizinho do Japão, tornou-se parte do Império Mongol. O líder mongol, Kublai Khan, exigiu que o Japão também aceitasse o seu domínio. Quando os japoneses se recusaram, Kublai Khan enviou uma frota para invadir o país em 1274. Os samurais lutaram contra os cavaleiros mongóis; o Japão também foi ajudado por uma tempestade arrebatadora que forçou os navios mongóis a se retirarem.

Sete anos depois, um exército mongol de aproximadamente 140.000 homens atacou o Japão. Mais uma vez, uma tempestade, vinda do Oceano Pacífico, atingiu a marinha mongol. Acreditando que o tufão havia sido enviado pelo kami para protegê-los, os japoneses nomearam-no kamikaze, que significa “vento divino”.

Apesar da vitória japonesa, a guerra contra os mongóis provou-se extremamente cara para o governo Kamakura. Historicamente, o shogun mantinha a lealdade de seus soldados, dando a eles territórios e riquezas capturadas em guerras. Contudo, os japoneses haviam conquistado poucos bens em sua vitória contra os mongóis, e não tinham como recompensar os samurais. Descontentes com isto, muitos nobres e samurais ofereceram sua lealdade a lideres ambiciosos que desejavam retirar os shoguns do poder. Uma guerra civil eclodiu no Japão e o governo de Kamakura chegou ao fim em 1333 com o suicídio do último shogun.

Uma Era de Mudanças

Os séculos XV e XVI no Japão são denominados da Era do País em Guerra. O governo central estava em colapso; nem o shogun, nem o imperador tinham o controle do país. Os senhores locais, chamados de daimyo, mantinham a lealdade dos samurais e exerciam controle absoluto sobre a população que vivia em seus territórios. Os samurais, leais a diferentes senhores locais, constantemente guerreavam entre si.

A guerra pôs um fim às distinções de classes no Japão. A classe baixa japonesa cresceu em importância porque o daimyo frequentemente recrutava camponeses para servir em seus exércitos. Por outro lado, muitas famílias nobres japonesas perderam suas posses territoriais e riquezas para o daimyo. Durante o início do século XVI, um imperador não podia ser oficialmente coroado porque a corte japonesa era pobre demais para arcar com os custos da cerimônia.

Durante a era feudal japonesa, novas seitas budistas ganharam adeptos. A mais importante destas seitas foi o budismo zen, trazido da China por monges budistas no ano 1200. O budismo zen, que inclui ensinamentos do taoismo, enfatizava o iluminismo pessoal através da meditação. O budismo zen, que destacava a simplicidade e a disciplina, tornou-se muito popular entre os shoguns e os samurais, auxiliando no desenvolvimento de qualidades necessárias para o acompanhamento de seu código de bravura e lealdade. Os mosteiros de budismo zen influenciaram a política, comércio e artes do Japão.

Apesar da desordem e de constantes guerras, as mudanças que ocorreram na sociedade japonesa durante os séculos XV e XVI contribuíram para o desenvolvimento do comércio. Alguns mercadores prosperaram, fornecendo comida e equipamentos para os exércitos. Até os camponeses cresceram economicamente, devido às novas técnicas de cultivo.

Assim como na Europa medieval, o crescimento do comércio e o surgimento de novos mercados no Japão resultaram no desenvolvimento de cidades japonesas. Apesar do declínio do sistema feudal no país, a economia e as artes do Japão continuaram a crescer.

A Unificação do Japão

Durante o final do século XVI, um líder militar chamado Hideyoshi unificou o Japão. Ele atacou os exércitos de daimyo e destruiu suas fortalezas. Quando Hideyoshi faleceu em 1598, ele foi sucedido por seu leal seguidor, Tokugawa Ieyasu, que estabeleceu o shogunato de Tokugawa – o último shogunato a governar o Japão. O shogunato de Tokugawa proporcionou ao Japão um período de paz e ordem que durou 250 anos.

Tokugawa Ieyasu
Tokugawa Ieyasu

Os shoguns Tokugawa não destruíram o sistema feudal japonês, mas tomaram medidas governamentais para proteger o seu poder. Quando firmavam acordos com os daiymo, os shoguns seguiam uma política de “divida e impera”, prevenindo os daimyo quanto à formação de alianças. Se julgassem necessário, os shoguns se apropriariam de terras dos daimyo. Casamentos entre famílias daimyo, e visitas e contratos entre os líderes daimyo precisavam ser aprovados pelo shogun. Além disso, os daimyo eram obrigados a viver um de cada dois anos em Edo, a capital shogun. Já o imperador japonês nunca saia da capital de Kyoto.

Os shoguns Tokugawa protegiam o seu poder ao limitar a influência estrangeira no Japão. Durante anos, o Japão havia mantido laços comerciais com a China, Coreia e sudeste asiático. Em meados do século XVI, o país também estabeleceu contato com o Oeste. Em 1542, um navio japonês desembarcou próximo a Kyushu, e logo, muitos comerciantes japoneses passaram a visitar o Japão regularmente. Em 1549, um líder jesuíta chamado Francisco Xavier iniciou uma campanha missionária no Japão. Outros jesuítas o seguiram e, por volta do ano 1600, aproximadamente 300.000 japoneses haviam se convertido ao cristianismo.

Inicialmente, os governantes Tokugawa demonstravam admiração pela disciplina e escolaridade dos missionários jesuítas. Porém, eles logo ficaram preocupados que os japoneses se tornassem mais leais ao Papa do que ao shogun. Os Tokugawa também temiam que contatos de japoneses com o Oeste – via os missionários – pudessem atrair invasões europeias.

Para evitar esses possíveis problemas futuros, os shoguns Tokugawa começaram a limitar todos os contatos do Japão com o exterior. Leis implementadas em 1630 proibiam os japoneses de viajar para o exterior; aqueles que tivessem deixado o país não podiam mais retornar. Missionários cristãos e muitos japoneses convertidos foram expulsos do país, e os remanescentes foram tratados com hostilidade. Apenas comerciantes dinamarqueses – os únicos europeus que nunca haviam enviado missionários ao Japão – eram permitidos no Japão, mas eram restringidos às áreas próximas ao porto de Nagasaki.

Porto de Nagasaki
Porto de Nagasaki

A Sociedade Tokugawa

A política Tokugawa de unificação nacional contribuiu para a expansão da economia japonesa. Edo (atual Tóquio, capital do Japão), a cidade dos shoguns e dos daimyo, tornou-se um importante centro de negócios. Grandes estradas ligavam as terras daimyo a Edo, e as cidades vizinhas, estalagens e mercados serviam aos viajantes. O comércio floresceu e os negócios de família tornaram-se grandes empresas. Mercantes e banqueiros passaram a controlar a maior parte da riqueza japonesa. Mesmo os camponeses, que eram obrigados a pagar altos impostos, obtiveram um melhor padrão de vida, pois vendiam as suas safras às populações das cidades. Edo logo se tornou a maior e mais próspera cidade japonesa; no ano 1800, ela já abrigava um milhão de pessoas.

Apesar de muitos camponeses e comerciantes terem prosperado durante o governo Tokugawa, os samurais e os daimyo passaram a enfrentar dificuldades financeiras. Sua renda, que provinha da agricultura, era muito taxada pelo governo. Os samurais e os daimyo não se beneficiaram com o crescimento do comércio e com o desenvolvimento das cidades. Como eles haviam sido treinados apenas como soldados profissionais, os samurais viram-se sem emprego durante o período de paz do reino Tokugawa. Muitos deles abandonaram sua classe e se tornaram comerciantes ou fazendeiros. Porém, a maioria dos samurais preferiu continuar orgulhosa, pobre e endividada, como os daimyo.

A política de isolamento do governo Tokugawa isolou o Japão do Oeste por quase 200 anos. Contudo, a sociedade japonesa não permaneceu estática durante este período, e importantes mudanças sociais ocorreram no país. Comerciantes e camponeses obtiveram educação, liberdade e respeito – privilégios que no passado apenas os samurais haviam recebido. Diferentemente da China, o Japão progrediu apesar de seu isolamento.

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