China Antiga

A China, país do Extremo Oriente asiático, é hoje o terceiro maior do mundo em superfície (9.571.300 km2) e o maior em população. Mais de um quinto da população mundial vive dentro de suas fronteiras.

A China foi uma das primeiras civilizações da humanidade. De acordo com algumas lendas e tradições, o povo chinês originou-se no vale do Huang He ou rio Amarelo. Segundo rio mais extenso do país, com 4.667 km de comprimento, o rio Amarelo nasce nas montanhas no norte da China e atravessa a Planície do Norte da China. Esta planície, fertilizada pelo rio, possui uma das mais ricas terras para cultivo, no país.

Segundo a tradição, os Hsia (1994-1766 a.C.) foram a primeira dinastia chinesa hereditária, embora a primeira de que se tem evidências históricas e arqueológicas seja a dinastia Chang ou Shang. Segundo a lenda, a dinastia Hsia foi fundada por um príncipe, Yu, que, tendo dominado as águas do rio Amarelo, permitiu aos fazendeiros da região viver no vale, sem o perigo das enchentes. Mas, ainda segundo antigas tradições, os líderes Hsia eram cruéis e foram derrubados, por volta de 1.600-1.500 a.C., por uma família nobre, os Shang.

A Dinastia Shang ou Chang

Por vários anos, historiadores duvidavam da existência da dinastia Shang. Contudo, na década de 1920, arqueólogos descobriram as ruínas de uma grande cidade Shang em Anyang. As escavações trouxeram valiosas informações sobre a cultura Shang.

A dinastia Shang (séculos 17 a 11 a.C.) controlou a maior parte do centro e do norte da atual China e instituiu uma sociedade aristocrática e um poderoso regime político. Os reis Shang mudaram a capital seis vezes. Duas das capitais - Cheng-Chu e An-yang - já foram escavadas. Os Shang mantinham relações comerciais com quase todo o norte e centro da China e com as estepes ao norte e oeste.

À frente da sociedade sobressaía o rei que não era guerreiro, mas sim um pastor. Os nobres, que compunham a classe alta, eram pastores ou guerreiros. Os nobres pastores ajudavam o rei nos rituais religiosos, que cultuavam seus antepassados e uma profusão de deuses. A nobreza militar – ou os nobres guerreiros - lideravam umpoderoso exército e protegiam os direitos da dinastia. Os governantes Shang precisavam manter um exército poderoso já que, além de estar frequentemente em guerra para defender suas terras, exigiam tributos de seus vizinhos. A classe baixa, constituída por fazendeiros, artesãos e escravos, formava o restante da população.

A agricultura era a principal atividade econômica. Além da colheita, os agricultores criavam o bicho da seda, usado na fabricação de roupas finas. Os Shang eram um povo da Idade do Bronze. Mas por ser escasso, o bronze era usado principalmente pelas classes mais altas para fazer armas ou artefatos religiosos. A maioria da população usava pedra, ossos e madeira para fazer suas ferramentas e armas.

Foi durante a dinastia Shang que se desenvolveu, na China, o primeiro sistema de escrita. É provável que tivesse fins religiosos e de registro histórico das guerras e dos vários reis que se sucederam no poder.

O último monarca Shang foi expulso por um governante Chou, de um estado do vale do rio Wei.

A dinastia Chou ou Zhou

Por volta do século 11 a.C., a dinastia Shang foi conquistada pelos Chou, povo provavelmente de etnia diferente que vivia num pequeno reino no vale do rio Wei, na fronteira noroeste do império Chang. Cansada de pagar tributos aos Chang, a família real Chou decidiu conquistar-lhes o império, alegando que haviam recebido a aprovação dos deuses para governar e que os Shang haviam perdido o “Mandato dos Céus” por causa do seu governo. A dinastia Chou, também chamada dinastia Zhouou Tcheu, durou aproximadamente 900 anos, mais que qualquer outra na história da China. Apesar de acabarem perdendo o poder, os governantes Chou introduziram grandes mudanças na China.

Durante a dinastia Chou (1122-256 a.C.), a civilização chinesa se estendeu gradualmente em direção ao norte. Num primeiro momento, os dirigentes governaram o novo império a partir de seu reino, no vale do rio Wei, mas logo concluíram que o território que haviam conquistado era muito extenso para ser comandado diretamente pela família real. Para resolver o problema, instituíram um sistema feudal, ou seja, era concedido aos nobres o uso de terras que legalmente pertenciam ao rei. Em troca, os nobres juravam lealdade e apoio militar ao rei, comprometendo-se a proteger as pessoas que viviam em suas terras.

As terras conquistadas foram divididas entre os membros da família real Chou e líderes militares de sua confiança. Cada senhor feudal passou a governar uma cidade murada e seus arredores. A sociedade era organizada em torno da produção agrícola.

A princípio, os senhores feudais dependiam do exército real para defender-se. Com o tempo, esses povoados ou cidades dependentes foram aumentando, cada vez mais, sua autonomia. Os nobres passaram a não depender mais do rei para obter proteção e a lutar entre si e com governantes fora do império para expandir seus territórios. Mas, à medida que crescia o poder dos senhores feudais, declinava o poder dos reis Chou.

Os reis Chou mantiveram um controle efetivo sobre seus domínios até que, em 771 a.C., os senhores feudais se rebelaram e, junto com invasores nômades do norte, expulsaram os soberanos Chou de sua capital. A família real conseguiu fugir, em direção ao leste, e fundar uma nova capital em Luoyang. No entanto, perdera de fato o poder, que passou para as mãos da grande nobreza local.

Do século VIII ao III a.C., ocorreram um rápido crescimento econômico e uma profunda mudança social, num contexto de extrema instabilidade política e um estado de guerra quase incessante.Os estados situados nas fronteiras da área cultural chinesa expandiram-se à custa de seus vizinhos não chineses, menos avançados. Durante os séculos VII e VI a.C., houve breves períodos de estabilidade, decorrentes da organização de alianças entre os poderosos estados periféricos, sob a hegemonia do membro mais forte. No entanto, por volta do século V a.C., o sistema de alianças tornou-se insustentável e a China dos Chou caminhou para o chamado período dos Reinos Combatentes (481-221 a.C.), caracterizado pela anarquia.

A dinastia Chou terminou em 256 a.C., quando dirigentes do poderoso estado de Qin depuseram os últimos líderes da dinastia Chou. Em 221 a.C. o soberano Quin (ou Tsin), Che Huang-ti conseguiu submeter os príncipes rivais pela força, proclamando-se imperador da China e unificando o país.

Apesar da dinastia Chou ter sido marcada por desunião e guerra, foi um período de grandes avanços, em todas as áreas. Desde 700 a.C., artesãos chineses dominavam a arte de fundir o ferro para fabricar armas e ferramentas. Eles faziam também vasos e objetos de marfim, jade e porcelana.

Os chineses também aprenderam a andar a cavalo e organizaram mensageiros que levavam mais rapidamente as notícias, melhorando assim a comunicação. As inovações permitiram aos dirigentes dominar os mais distantes territórios.

Foram desenvolvidos sistemas de irrigação e canais para transportar grãos. Foi criada a moeda para substituir o sistema de troca, o escambo. Com o surgimento de vários centros comerciais, muitas pessoas viraram comerciantes e apesar de pertencerem à classe social mais baixa, tornaram-se ricos e proeminentes.

Novos estados cresceram ao redor dos velhos estados da Planície Norte da China. A cultura chinesa logo se espalhou por uma área do sul da Mongólia, pelo Rio Yangtze, chamado de Chang pelos chineses. A nobreza local logo percebeu que era necessário criar governos eficientes e centralizados para defender o território e organizar o controle das enchentes. Cada um dos estados instituiu a cobrança de impostos e um sistema de leis, criando também organizações militares para a defesa.

Uma das consequências desta época, de extrema instabilidade e insegurança política, foi o surgimento de fórmulas filosóficas que moldaram o crescimento do estado e da civilização chineses durante os dois milênios seguintes. Surgiu uma nova classe de oficiais públicos treinados e administradores, chamados de burocratas. Esta nova classe não era composta de nobres, mas sim de eruditos e professores, que viajavam pelos vários estados para aconselhar os diversos governantes sobre como se portar corretamente dentro de maneiras políticas adequadas à sua posição.

Alguns destes burocratas fundaram escolas que atraíam muitos alunos. Suas obras e ensinamentos se tornaram os pilares da futura sociedade chinesa.

O mais antigo e influente filósofo do período foi Confúcio.A partir de seus ensinamentos surgiu na China Imperial uma elite de administradores altamente letrados: os mandarins (que significa “conselheiro”).

As doutrinas da segunda grande escola filosófica existente nesse período, o taoismo, são atribuídas à lendária figura de Lao-Tsé e aos trabalhos de Tchuang-Tsé.

Confúcio e seus ensinamentos

K'ung Ch'iu ou Kung Fu-tzu (Mestre Kong), conhecido no ocidente como Confúcio (551-479 a. C.) é considerado o maior filosofo chinês de todos os tempos. Sua filosofia e seu ensinamento - o confucionismo -são o principal sistema de pensamento da China. Sem ser religião oficial ou fé exclusiva, o confucionismo tem sido, durante séculos o principal guia espiritual da China. Confúcio não deixou escritas suas ideias, mas a obra Lunyu (Analetas) redigida por seus discípulos é considerada a fonte de informação mais fidedigna.

Sua vida

Confúcio nasceu em Tsou, uma pequena cidade no estado de Lu, hoje Shantung possivelmente no seio de uma família aristocrática empobrecida, numa época que a China, dividida em Estados feudais que lutavam pela supremacia, atravessava um período de grande violência. Estas guerras eram seguidas de execuções em massa. Soldados eram pagos para trazer as cabeças de seus inimigos. Populações inteiras eram disseminadas através da decapitação de mulheres, crianças e velhos. Estes números chegavam a 60.000, 80.000, 82.000, e até 400.000. A desordem e a ambição dominavam a classe dirigente e o povo vivia em extrema pobreza.

Confúcio foi um dos burocratas que percorria o país instruindo discípulos sobre os princípios e preceitos dos sábios da Antiguidade, clássicos da literatura chinesa e valores da música.

Diferentemente de muitos pensadores, Confúcio não tinha especial interesse em assuntos religiosos ou metafísicos. A vida após a morte ou a alma humana não faziam parte de suas preocupações filosóficas, mas apesar de estar voltado para este mundo, acreditava no Céu e na sua influência sobre a terra e sobre os homens. O princípio básico do Confucionismo é a busca do Caminho (Tao), que garante o equilíbrio entre as vontades da terra e as do céu.

Confúcio queria ensinar as pessoas a viverem com sabedoria, definir a forma pela qual os seres humanos deviam proceder em sua vida diária. Seus ensinamentos tratam de questões morais e éticas: a prática do bem, da sabedoria empírica e das relações sociais. Sua doutrina estabelecia rígido código de princípios e atitudes através de crenças e ideais no plano social, moral, político e econômico. Seus ensinamentos influenciaram a atitude chinesa diante da existência, fixando os modelos de vida e os princípios relativos aos valores sociais.

Segundo a história, Confúcio morreu, em 479 a.C., desapontado, apesar da escola por ele fundada chegar a ter 3.000 alunos. Ele era recebido por governantes como um erudito, mas nenhum governante pensou em colocar suas ideias em prática . A renascença social e moral advogada por Confúcio não tinha aprovação universal, principalmente nos círculos de poder. Segundo a tradição, as ultimas palavras de Confúcio foram :

“O homem sábio murcha como a planta! Não existe ninguém no império que me queira como mestre! Meu tempo de morrer chegou.” (Anacletos, 56)

Os ensinamentos de Confúcio

Uma das ideias fundamentais de Confúcio era que a natureza e o universo estão em harmonia e isso devia ser aplicado também aos homens. Ensinava que a harmonia e a ordem iriam prevalecer se as pessoas respeitassem as leis, dessem bons exemplos e tentassem viver em harmonia uns com os outros. Defendia que os atos externos, baseados nas cinco virtudes — bondade, honradez, decoro, sabedoria e fidelidade — encerram o conjunto do dever humano.

Confúcio acreditava que a virtude era o remédio para todos os males. Esta se consubstanciava individualmente na figura do cavalheiro (junzi). O Confucionismo considera o homem bom e possuidor do livre arbítrio, sendo a virtude sua recompensa. A virtude perfeita (jen) significava controle sobre si mesmo, ou seja, ter autodomínio, nunca cedendo a inclinações não éticas, amorais, nem a rancores. O Confucionismo considera o homem bom e possuidor do livre arbítrio, sendo a virtude sua recompensa. A bondade indispensável e intrínseca à virtude só era completa quando a serviço da sociedade. Praticar o jen era praticar a benevolência, ou seja, "não fazer a outros o que você não gostaria para você", isto é, amar os outros como a si próprio, amor este que devia ser extensivo à família, à aldeia e ao estado.

Segundo seus ensinamentos, havia cinco relacionamentos sociais básicos: entre governante e súdito, pai e filho, marido e mulher, irmãos mais novos e mais velhos e membros de uma comunidade. Nos quatro primeiros, uma pessoa era considerada superior a outra, e assim, merecedora de respeito e obediência. Em troca, a pessoa considerada superior devia servir de exemplo, agindo sempre com moral e ética. Confúcio recomendava aos senhores feudais viver segundo elevados valores éticos e moraisservindo de exemplo para a população. De acordo com Confúcio, os governantes malvados eram responsáveis pelas más ações dos seus oficiais e súditos. Da mesma forma, um pai era responsável pelo comportamento do filho. Seus ensinamentos, de caráter ético, exerceram uma poderosa influência na filosofia chinesa e na história do país.

Uma das grandes preocupações de Confúcio era com o governo. Acreditava que os governantes eram escolhidos pelos Céus para governar e manter a ordem entre o povo. Procurava ensinar a seus discípulos como desenvolver virtudes e qualidades necessárias para se tornarem oficiais públicos. As principais virtudes eram a lealdade, a integridade e a educação. Seus ideais e ensinamentos se tornaram parte da cultura chinesa e durante 600 anos serviram de base de estudo para todos que queriam ingressar na carreira pública.

No confucionismo a família ocupa lugar de destaque por constituir o berço do treinamento moral e o elo entre o indivíduo e a sociedade. Confúcio acreditava que uma família bem estruturada era a chave para uma sociedade pacífica. A veneração aos pais, vivos e mortos, foi um de seus principais conceitos. De fato, a família considerada suprema era o pilar da sociedade chinesa, mais importante que o indivíduo ou o estado.

Os chineses sempre tiveram um grande respeito pelos mais velhos e pela sabedoria que vem com a idade. Esta tradição milenar é respeitada, até hoje, na China. Todas as crianças chinesas aprendem a mostrar respeito por seus pais e ancestrais. Era obrigação do filho mais velho proporcionar a seus pais uma vida boa. Poucos pecados eram considerados mais graves do que o desrespeito aos pais. Por isso, na China, tanto mulheres quanto homens esperavam envelhecer rapidamente, para logo usufruir do respeito e tempo livre que essa idade lhes traria.

Na tradição chinesa, o homem era considerado superior à mulher, por isso o nascimento de um menino era um evento que trazia grande honra à família. Uma filha, por outro lado, não era levada em grande consideração já que acabavam por se casar e viver fora de sua família de origem. As filhas deviam obedecer ao pai até o dia de seu casamento; depois disso, deviam obediência ao marido.

Uma mulher não podia possuir nada além do que trouxesse consigo ao se casar. Não obstante, muitos maridos chineses honravam suas esposas e procuravam seus conselhos em assuntos de família e também de negócios.

Taoismo

Os ensinamentos de Confúcio se tornaram um núcleo da cultura chinesa durante a última dinastia Zhou. Contudo, Confúcio não foi o único mestre chinês a introduzir uma filosofia de vida na nação.

Confúcio
Confúcio

Um dos filósofos mais famosos da China é conhecido como Mêncio. Ele viveu por volta de 200 anos após Confúcio, de 372 a 289 a .C. Mêncio ensinava que as pessoas são boas por natureza e que essa bondade poderia ser convertida nas virtudes ensinadas por Confúcio. Mêncio também ensinou que a principal preocupação de um líder deveria ser o bem estar de seu povo. Um líder que não protegesse e ajudasse seu povo teria perdido o Mandato Celestial para governar e deveria ser deposto.

Confúcio estabeleceu regras de comportamento humano, mas outros pensadores chineses não compartilhavam de uma filosofia com normas tão rígidas e definidas. Durante os anos 300-200 a.C., esses pensadores desenvolveram uma filosofia chamada de Taoismo, cujo objetivo era descobrir o "Tao", ou "caminho" do universo, e viver de forma simples e harmônica com a natureza. O primeiro grande mestre do taoismo foi Lao-Tsé, que revelou suas ideias aos 80 anos de idade. (Existe a possibilidade que Lao-Tsé nunca existiu, e foi apenas uma figura mítica).

Durante o terceiro século a.C., os ensinamentos do taoismo foram transcritos num livro chamado "Tao Te Ching", que significa "O Livro do Caminho e da Virtude". Os pensadores do taoismo afirmavam que o "Tao" não poderia ser explicado com palavras; ele precisava ser sentido, e isto só poderia acontecer quando uma pessoa esvaziasse a sua mente de todos os outros pensamentos e sentimentos.

O taoismo atribui grande significância às pessoas e objetos em seu estado natural: um bebê recém-nascido, um pedaço de madeira, etc. Muitos pensadores do taoismo tornaram-se eremitas e sua filosofia mística serviu como uma alternativa aos pensamentos práticos do dia a dia de Confúcio. É importante ressaltar que ambos o taoismo e o confucionismo permanecem como filosofias de vida praticadas até hoje na China.

Além do confucionismo e do taoismo, outra filosofia chinesa foi originada, chamada de Legalismo. Desenvolvida no século III a.C., o Legalismo ensinava que as pessoas são basicamente más e egoístas e só poderiam viver em harmonia sob regras rígidas de comportamento. Os legalistas afirmavam que um estado só poderia se tornar próspero e poderoso se os seus líderes governassem com um autoritarismo absoluto.

A filosofia legalista era severa, não contendo qualquer elemento moral ou espiritual do confucionismo e taoismo. Porém, o Legalismo foi muito utilizado por líderes chineses da dinastia Qin, durante o terceiro século a.C.

A Dinastia Qin

No ano 256 a.C., os governantes do poderoso estado Qin depuseram os últimos líderes da dinastia Zhou. Em 221 a.C., foi estabelecida a dinastia Qin. Apesar de ter durado apenas 15 anos, ela serviu como base para um império que durou até o século 20.

O líder Qin se nomeou Shihuangdi, que significa "Primeiro Imperador". O seu mais importante conselheiro foi Li Si, um dos fundados do Legalismo. Juntos, eles adotaram os ensinamentos do Legalismo para reinar na China.

Um dos maiores feitos da dinastia Qin foi a construção da Grande Muralha da China. Líderes chineses haviam, no passado, erguido muros enormes para defender o norte da China. Shihangdi ordenou que esses muros fossem unificados para formar uma Grande Muralha. Quase um milhão de pessoas foram forçadas a trabalhar na construção. Quando completada, ela se estendia do Mar Amarelo à fronteira ocidental chinesa, percorrendo uma área acima de 3000 quilômetros. Soldados chineses permaneciam no topo da Grande Muralha, protegendo as fronteiras do país.

Muralha da China
Muralha da China

O governo Qin também construiu estradas e canais para unificar o país e assim tornar os meios de comunicação mais rápidos e acessíveis. Li Si também simplificou a língua escrita chinesa para que as pessoas pudessem ser alfabetizadas. Além disso, o exército Qin conquistou o sul da China, que passou a ser governado por seu imperador.

Contudo, apesar de suas grandes conquistas, a dinastia Qin adotou uma política de censura. Os legalistas acreditavam que outras formas de pensamento eram uma ameaça para o estado e, portanto, no ano 213 a.C., Li Si iniciou uma queima pública de livros que retratassem períodos anteriores da China, que criticassem o governo, ou que se opusessem à censura. Estudiosos que escrevessem tais livros eram executados ou banidos da China.

Essa política de censura acabou por enfraquecer a dinastia Qin. Muitos mestres de confucionismo, vários deles tendo sido os mais competentes oficiais públicos, foram banidos da China. Sem eles, o governo chinês passou a ser mal administrado. Além disso, muitos chineses começaram a se opor às políticas rígidas do Legalismo. Soldados e camponeses iniciaram revoltas e a dinastia chegou ao fim poucos anos após a morte de seu primeiro imperador.

A queda da dinastia Qin simbolizou os problemas que atingiam a China. O país enfrentava várias dificuldades: rebeliões, invasões de bárbaros e desastres naturais. Todos estes fatores causaram a ascensão e queda de dinastias - o que historiadores denominam de ciclo de dinastias. O ciclo de dinastias chinesas começava com o surgimento de uma nova dinastia e um período de paz e prosperidade. As pessoas então acreditavam que o novo imperador possuía o Mandato Celestial e eram leais a ele. A população crescia e o governo investia em infraestrutura. Porém, com o passar do tempo, novos imperadores menos qualificados chegaram ao poder, muitos deles corruptos e incompetentes. Os camponeses pagavam impostos cada vez mais altos, mas o governo falhava ao tentar trabalhar para o bem-estar de seu povo. Rebeliões de camponeses eclodiam com pessoas reclamando que o imperador havia perdido o Mandato Celestial. Os nobres locais começaram a tomar o poder e o povo a pagar menos impostos. Eventualmente, a dinastia caía e era substituída por uma nova, que inicialmente reinstituía um período de paz e tranquilidade. Mas, em seguida, o mesmo ciclo se repetia.

A Dinastia Han

Durante vários anos após a queda da dinastia Qin, líderes locais chineses guerrearam por poder. Em 202 a.C., um líder militar se declarou imperador e estabeleceu a dinastia Han na China. Este líder adotou o nome de Gao Zu, que significa "Grande Pai Ancestral".

Gao Zu e seus sucessores governaram a China de uma forma similar, mas menos rígida que imperadores da dinastia Qin. Isso permitiu que a dinastia Han durasse até o ano 220 d.C. Estes 400 anos de domínio foram tão importantes para a China que chineses, até hoje, se chamam de "o povo Han".

O maior crescimento da dinastia Han, em termos de poder e crescimento geográfico, ocorreu durante o reinado de Wu Ti, que liderou a nação durante os anos 141-87 a.C. Os exércitos Han conquistaram outros povos ao longo da costa sul da China. O império também se estendeu além das fronteiras da Grande Muralha da China, chegando a incluir grande parte da atual Coreia e Manchúria. Durante o primeiro século a.C., as fronteiras da China chegaram até o norte da índia.

Os líderes Han logo perceberam que para administrar seu vasto império, eles necessitariam de oficiais qualificados. Os Hans então instituíram um serviço de concursos públicos baseados em exames escritos. Qualquer pessoa que almejasse um cargo governamental seria testada sobre as leis do governo chinês que eram baseadas nos pensamentos de Confúcio. Logo, os estudiosos se tornaram a classe alta chinesa. A maioria deles era proprietário de terras. Fazendeiros e camponeses poderiam, teoricamente, se tornar oficiais do governo, mas isso raramente ocorria, porque a maioria deles não tinha os recursos financeiros para poder se dedicar aos estudos necessários para passar nos concursos.

A dinastia Han também produziu grandes cientistas. Os chineses eram astrônomos proficientes. Cientistas chineses descobriram a bússola magnética e desenvolveram um instrumento para medir terremotos. Outros estudiosos chineses fizeram grandes descobertas no campo da medicina.

Durante o primeiro século d.C., os chineses aprenderam a fabricar papel. Uma das grandes invenções da dinastia Han foi também a fabricação de porcelana fina.

Desde tempos antigos, os chineses sabiam cultivar o bicho da seda e fabricar roupas de seda. Nenhum outro povo tinha esse conhecimento e, portanto, a seda chinesa se tornou uma grande preciosidade comercial. Comerciantes de outras nações viajavam para a China pelo caminho chamado de a "Rota da Seda". Além de ganhos financeiros, o comércio internacional permitiu a troca de ideias entre culturas: os chineses conheceram Roma e encontraram nela uma civilização que eles consideraram tão grandiosa quanto a sua. Eles chamavam o Império Romano de "Grande Qin"; os Romanos chamavam a China de Serica, ou "país da seda".

Bicho da seda

Bicho da seda

Todavia, nos primeiros anos do segundo século d.C., a dinastia Han entrou em declínio. Rebeliões de camponeses e rivalidades na corte chinesa contribuíram para a queda. Nem mesmo o sistema de concursos públicos funcionava de uma maneira correta e honesta: oficiais chineses começaram a serem escolhidos para cargos públicos por causa de sua influência pessoal e não pelo seu conhecimento e intelecto.

No ano de 220 d.C., o império Han foi fragmentado em três reinos. Guerrilhas constantes causaram graves problemas para a China. Este período da história chinesa é denominado da Era da Desunião, que durou até 589 d.C.

Apesar da queda da dinastia Han, os progressos alcançados durante esse período da história continuaram a beneficiar a China até os dias de hoje.

As Dinastias Sui e Tang

Durante o fim da Era de Desunião chinesa, um líder militar do norte da China conquistou a região sul do país e se autoproclamou primeiro imperador da Dinastia Sui. No entanto, ele teve apenas um sucessor, e a breve Dinastia Sui durou apenas de 589 a 618 d.C.

Os dois imperadores Sui reconquistaram parte da Ásia Central e do sudeste do continente. Eles também reconstruíram a Grande Muralha da China e iniciaram um projeto de construção de canais. Contudo, cansados de guerras e de trabalho forçado nas obras do governo, o povo chinês se rebelou contra os imperadores Sui. Uma luta pelo poder da China foi travada e no ano 618, um ex-oficial da dinastia Sui e seu filho assumiram o trono chinês. Eles iniciaram uma nova dinastia, chamada de Tang, que durou até o ano 907 e que foi marcada por grandes conquistas.

Os primeiros governantes Tang, almejando expandir o império chinês, conquistaram terras na Ásia Central e no Tibet. No ano 668, a China, liderada pela imperatriz Wu Hou, conquistou a Coreia. Desde 660, Wu Hou havia sido a verdadeira cabeça do império chinês, pois os imperadores de sua época eram líderes fracos. Finalmente, em 690, ela assumiu a liderança suprema da China – a única mulher na história da nação a ocupar tal posição. Wu Hou era brilhante e impiedosa, e permaneceu no poder durante 45 anos.

Chang’an
Chang’an

A capital da dinastia Tang, situada em Chang’an, era o centro do maior império mundial, atraindo visitantes chineses e estrangeiros que admiravam suas ruas largas e arquitetura sofisticada. A posição central da China no continente asiático incentivava o comércio e a maior comunicação com outros países da Ásia. Havia grande procura, na Europa e na Ásia, pela seda e porcelana chinesas. Através do comércio exterior, a cultura Tang se espalhou para outros países asiáticos, como o Japão, a Coreia e o Tibet. Ao mesmo tempo, produtos e também novas ideias e culturas foram introduzidas na China. O chá foi importado do sudeste asiático, e novos conceitos de matemática e astronomia foram desenvolvidos a partir do contato chinês com a Índia. Religiões de outras nações, como o budismo, o islamismo, e algumas facções do cristianismo, foram disseminadas na China, ganhando muitos adeptos.

O budismo chegou à China no primeiro século d.C. Comerciantes, missionários e chineses que haviam se convertido ao budismo, espalharam os ideais budistas pela Índia, China e Coreia. Assim como na Índia, os mosteiros budistas tornaram-se centros de estudo e passaram a exercer poder político no país. O budismo foi incentivado e protegido pelos primeiros governantes Tang, especialmente pela imperatriz Wu Hou.

Templo budista
Templo budista

Todavia, os ideais budistas frequentemente conflitavam com os ensinamentos do grande filósofo chinês, Confúcio. Os governantes Tang e os mestres do confucionismo passaram a temer a influência dos mosteiros budistas. Em meados do século XIX, um governante Tang ordenou a destruição de milhares de mosteiros e templos budistas, encerrando assim o período de grande influência do budismo na China.

A partir do século VIII, a dinastia Tang começou a decair. Ataques de inimigos externos frequentemente ocorriam nas fronteiras chinesas. Finalmente, no ano 907, líderes militares das províncias chinesas se rebelaram e depuseram o imperador Tang. Seguiram-se, então, 50 anos de desordem no país, até que uma nova dinastia, denominada de Song, reunificou a China novamente sob um único líder.

A Dinastia Song

Na época em que a dinastia Song foi estabelecida, no ano 960, povos nômades controlavam a maioria da região norte da China. Frequentes invasões fizeram com que os líderes Song deixassem o norte do país em 1126. A dinastia seguinte, denominada de Song do Sul (1127-1279) trouxe grande crescimento e prosperidade para a nação.

Os habitantes do sul da China comercializavam com os chineses no norte do país, com os nômades da Ásia central, e com outros povos da Ásia e da Europa. O comércio marítimo tornou-se importante para a China, e os chineses aprenderam a usar o compasso e a construir grandes navios.

Durante as várias dinastias da China, a vida cotidiana da maioria do povo pouco mudou: camponeses sempre trabalharam nos campos. Durante a dinastia Song, porém, muitos camponeses chineses migraram para as cidades e passaram a trabalhar no comércio, vendendo comida, roupas, joias e outros bens.

A cultura chinesa floresceu durante as dinastias Song e Tang. A pintura e a poesia eram os passatempos preferidos da alta classe chinesa. Artesãos produziam belas porcelanas e sedas; os chineses também se tornaram mestres de caligrafia – a arte da fina escrita manual.

Porcelanas chinesas
Porcelanas chinesas

A China, comparada com o resto do mundo, era um país tecnologicamente avançado. Os chineses inventaram o papel moeda, o carrinho de mão e a pólvora. Desenvolveram também um método de impressão, que foi muito utilizado no século XI para imprimir grandes clássicos literários do taoismo, budismo e confucionismo.

O Domínio Mongol na China

No início do século XIII, o notório líder mongol Gengis Khan iniciou a sua conquista da Ásia ao invadir o norte da China. No ano 1215, os exércitos mongóis derrotaram os governantes da região e procederam para conquistar a China Central. Após a morte de Gengis Khan, em 1227, seu neto Kublai Khan capturou o sul da China, que era governado pelos líderes da dinastia Song.

Em 1260, o imperador Kublai foi nomeado de “Grande Khan” do Império Mongol, no leste da Ásia. Permaneceu no poder durante 34 anos, governando o império de sua capital em Beijing, a atual capital da China. Os mongóis gradualmente derrotaram a marinha e o exército da dinastia Song, e a China logo se tornou parte do mais extenso império mundial. Foi a primeira vez que o país foi submetido ao reino de estrangeiros bárbaros. Os mongóis viviam separadamente do povo que haviam conquistado, seguindo leis diferentes e restringindo os chineses a baixos cargos governamentais.

Imperador Kublai
Imperador Kublai

Apesar de sua autocracia e crueldade, o controle mongol de vastos territórios na Ásia e na Europa Oriental teve um aspecto positivo: facilitou as viagens terrestres entre a Europa e a China. Muitos comerciantes e missionários europeus vieram à China, resultando numa grande troca de ideias e de bens de consumo. Algumas das maiores invenções chinesas, como a impressão e a pólvora, foram importadas à Europa e posteriormente usadas por viajantes e exploradores.

Um europeu que se tornou famoso por suas grandes viagens foi um jovem comerciante da cidade italiana de Veneza, chamado de Marco Polo. Ele havia aprendido várias línguas asiáticas em suas viagens e, portanto, o Khan lhe enviou a várias cidades chinesas, em missões governamentais. Acompanhado de seu pai e de seu tio, Marco Polo viajou de caravana na Rota da Seda pela Ásia Central, chegando à China em 1275. Na China, ele encontrou palácios esplêndidos, belíssimos carpetes e sedas, especiarias, e algo que nunca tinha visto antes – o carvão.

Marco Polo
Marco Polo

A família Polo retornou à Veneza em 1292 com uma grande fortuna. Histórias fascinantes a respeito da viagem de Marco Polo à China foram escritas e contadas na Europa medieval. Os europeus ocidentais ficaram fascinados com a riqueza e a tecnologia chinesa da época.

A Dinastia Ming

Após a morte de Kublai Khan, em 1294, o governo mongol passou a se enfraquecer. Rebeliões constantes ocorriam em várias regiões da China. Em 1368, um monge budista liderou uma bem sucedida batalha contra os mongóis. Após sua vitória, se autodeclarou imperador e fundador de uma nova dinastia – a Ming.

Depois de anos sob o domínio mongol, o imperador Ming desejava que a China voltasse a ser o estado tradicional, livre de influências estrangeiras. O imperador reintroduziu o sistema de exames para eleger governantes capazes. Fomentando ideais tradicionais chinesas, os exames somente testavam conhecimentos da filosofia de Confúcio. Os eruditos chineses restauraram os grandes clássicos literários do país e compilaram elementos do conhecimento chinês numa enciclopédia.

O comércio marítimo chinês havia crescido durante o domínio mongol, tendo se desenvolvido ainda mais durante a dinastia Ming. Em 1405, os governantes Ming enviaram um almirante chamado Zheng He, na primeira de sete expedições navais para a Índia, Arábia e costa leste da África. Em sua primeira viagem, Zheng He liderou mais de 300 navios e quase 28.000 tripulantes. Suas grandes viagens impressionavam outros povos. Para honrar a superioridade chinesa, estes povos passaram a enviar tributos ao imperador chinês.

Contudo, em 1433, os governantes Ming repentinamente pararam de incentivar o comércio e as expedições chinesas. Talvez esta decisão decorreu dos altos custos das expedições, ou então do receio dos efeitos de influências estrangeiras na China. Os líderes Ming passaram a adotar uma política de isolamento, separando a China do resto do mundo. Em 1590, o império Ming guerreou contra o Japão para tentar impedir que o país conquistasse a Coreia. Este guerra prejudicou o governo; pouco depois, desordem e constantes rebeliões resultaram na queda da dinastia Ming, em 1644.

Dinastia Ming
Dinastia Ming

Apesar da queda da dinastia Ming, a cultura chinesa foi muito solidificada, sobrevivendo ao reinado de outra dinastia estrangeira: a Manchu (1644-1912). A sobrevivência da cultura chinesa dependia da capacidade da nação de manter seus valores tradicionais e permanecer indiferente às mudanças que estavam ocorrendo no resto do mundo.

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